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fevereiro 12, 2019
Quatro novas aquisições na Pinacoteca, São Paulo
Obras dos brasileiros Marcius Galan, Regina Parra, Débora Bolsoni e Matheus Rocha Pitta poderão ser vistas em diálogo com a exposição de longa duração do acervo do museu
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado, exibe ao público do museu, de 16 de fevereiro a 17 de junho de 2019, pela primeira vez, quatro obras incorporadas recentemente à sua coleção. Com patrocínio da Água Ama, as obras de Marcius Galan, Débora Bolsoni, Regina Parra e Matheus Rocha Pitta ocupam quatro salas (A, B, C e D) contíguas à exposição de longa duração no 2º andar da Pina Luz. Com curadoria do Núcleo de Pesquisa e Curadoria da Pinacoteca, o conjunto propõe um contraponto entre o histórico e o contemporâneo a partir do próprio acervo da instituição.
Na sala A, será apresentada Seção diagonal (prisma fumê), 2012, de autoria de Marcius Galan, que integra uma série de trabalhos nos quais o artista cria ilusões óticas a partir de intervenções em ambientes com linhas traçadas no espaço, combinadas a um jogo cromático e ao uso da luz como elemento pictórico. A obra, que foi adquirida pelo programa de Patronos da Arte Contemporânea do museu, dispõe de certa complexidade visual e estabelece um espaço ambíguo e instável, demandando uma inspeção cuidadosa por parte do espectador. Nascido em 1972, nos Estados Unidos, e radicado no Brasil, Galan transita por diversos suportes, incluindo esculturas, instalações, fotografias, colagens e desenhos. Tem participado de grandes exposições nacionais e internacionais como a Bienal de Vancouver (Canadá) e a 30ª Bienal de São Paulo, além de ter recebido, em 2011, o Cisneros Fontanals comission Prize, e em 2012, o Prêmio PIPA, que o levou a uma residência artística na prestigiada Gasworks, em Londres.
Na sala B, será exposta Lição de mímese (2004-2006), de autoria da carioca Débora Bolsoni, doada ao museu pelo Iguatemi no contexto da SP-Arte 2017. Considerado um trabalho crucial na trajetória da artista, é composto de várias lousas recortadas em diferentes formatos e emolduradas em madeira, à semelhança de espelhos. Esses espelhos que nada refletem, podem, no entanto, receber desenhos riscados com giz, o que traz à discussão o efeito mimético da arte e sua capacidade de duplicar a realidade. Nascida em 1975, no Rio de Janeiro, Bolsoni é Mestre em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicações e Artes – USP (2014), estudou na EAV Parque Lage no Rio de Janeiro (1991 a 1993) e na Saint Martin School of Art, em Londres (1993).
Já Chance (2015-2017), da paulista Regina Parra, adquirida também por meio do programa de Patronos da Arte Contemporânea, chegou a ser instalada em meio à Mata Atlântica do Parque Laje e no Parque do Ibirapuera, e agora é exibida na sala C. O trabalho, o primeiro que o museu adquire da artista, traz a frase “A grande chance” em neon vermelho, e apresenta-se como um portal ambíguo podendo tanto ser interpretado como uma promessa quanto uma ameaça. Nascida em São Paulo em 1981, Parra é Mestre em Teoria e Crítica de Arte pela Faculdade Santa Marcelina e bacharel em Artes Plásticas pela FAAP. A artista participou de dezenas de mostras incluindo Sights and Sounds, no The Jewish Museum, Nova York; cães sem plumas, no Museu de Arte Moderna de Recife e a 17º Festival Internacional SESC Videobrasil.
E, por fim, na sala D, o mineiro Matheus Rocha Pitta apresenta a instalação interativa composta de cubos de concreto Primeira pedra (2015-2016), doada ao museu pelo próprio artista e pela galeria que o representa. Com tamanho ideal para acomodar-se em uma mão e dispostos no chão do espaço sobre folhas de jornal do dia anterior, os cubos são oferecidos ao público não por dinheiro, mas por uma outra pedra: para possui-los, o visitante deve sair do museu e trazer a primeira pedra que encontrar.
A obra radicaliza o conceito de múltiplo no qual cada peça poderá ser levada pelo visitante como obra para casa, afirmando-se, dessa forma, um vínculo entre o museu e a cidade por meio do gesto de cada indivíduo. Também serão exibidas quatro obras da série Acordo, que é constituída de lajes que trazem um arquivo de fotografias recortadas de jornais, retratando pessoas performando acordos – gestos como apertos de mão, abraços, beijos.
Ao longo de sua trajetória artística, Rocha Pitta (Tiradentes, 1980), sedimentou interesses e estratégias que permitem identificar, em uma prática que se adensa a cada nova apresentação, um enunciado crítico sobre os mecanismos de troca que regem a vida comum. Em 2014, o artista participou da Bienal de Taipei e da coletiva Blind Field no Kunst IM Tunnel de Dusseldorf e em 2013 realizou a individual Acordo, Fondazione Morra Greco, Napoli, Itália.