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fevereiro 12, 2019
Marcelo Amorim no MARP, Ribeirão Preto
Em exposição individual no MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi, o artista Marcelo Amorim explora a normatividade em imagens e textos de cartilhas e livros didáticos brasileiros utilizados em todo o Brasil na primeira metade do século XX
O que aprendemos sobre as normas, estruturas e relações que organizam a sociedade durante todo o nosso processo de alfabetização na escola? Que visões de mundo estão presentes nos textos e imagens dos livros didáticos que nos ensinam a ler?
Esta é uma das muitas questões que atravessam a produção do artista goiano Marcelo Amorim em sua exposição individual Escola Normal, com abertura no dia 15 de fevereiro, às 20h30, no MARP e reúne a produção do artista em forma de desenhos, vídeos e um livro de artista.
Para fazer os desenhos e o livro de artista que integram a exposição Escola Normal, o artista Marcelo Amorim tomou como ponto de partida a série Proença de livros didáticos publicados entre as décadas de 1920 e 1950 pela editora Melhoramentos. Este material, utilizado por gerações de professores de alfabetização de escolas em todo o Brasil, apresentou a professores e estudantes não apenas o “be-a-bá” do funcionamento da Língua Portuguesa, mas também consolidou valores e visões de mundo por meio de textos, historietas, personagens, exercícios e ilustrações.
Nas cartilhas e livros de leitura e interpretação de texto, Marcelo Amorim garimpou vestígios da história da educação nacional e reconstruiu aspectos de um processo histórico complexo, considerando permanências, fragilidades, condicionamentos sociais e culturais ao redor da educação escolar e dos elementos curriculares de quem os livros didáticos são veículo. Apropriando-se de imagens, trechos de textos e frases, Amorim, que tem formação como editor e designer, explora em suas obras alguns procedimentos de edição que aliam estratégias de justaposição, síntese e colagem, dando origem a sequências narrativas surpreendentes.
Para o artista: "É importante ler essas imagens diacronicamente. Não se trata apenas de constatar o passado mas de percebê-lo em sua evolução no tempo. Rever estas imagens deixa claro que a função social da escola e do livro didático pode ser considerada como um poderoso instrumento pela manutenção de regras, comportamentos, padrões sociais até os dias de hoje".
A mostra e a programação têm a curadoria da educadora e escritora Valquíria Prates e do diretor do MARP Nilton Campos e reúne um recorte de trabalhos de diversas épocas, entre desenhos, pinturas e vídeos que têm em comum a educação formal, tema que o artista Marcelo Amorim vem investigando em sua produção desde 2009.
Durante os dois meses de duração da exposição Escola Normal, o artista seguirá periodicamente editando novas publicações a partir de uma seleção de cópias de páginas de materiais didáticos antigos e raros de sua coleção, em um ateliê instalado dentro da mostra. Esta ação faz parte da investigação e criação de um novo trabalho do artista, em processo durante a exposição.
Neste mesmo espaço de ateliê, serão realizados encontros de formação de professores, conversas, debates e outras proposições em torno dos assuntos suscitados pela mostra. Um grupo de educadores do MARP receberá escolas, grupos e outros visitantes para conversas diariamente.
Para maiores informações e agendamentos de grupos, entrar em contato com o MARP.
Bate-papo no MARP
Tradicionalmente o MARP faz um bate-papo na manhã seguinte à abertura de exposição. No sábado, 16 de fevereiro, às 10h, com a presença do artista Marcelo Amorim, da curadora Valquíria Prates e do curador e diretor do MARP Nilton Campos, além da participação especial do artista Nino Cais (São Paulo-SP).