|
fevereiro 8, 2019
Claudio Edinger na Lume, São Paulo
Em Machina Mundi NYC, fotógrafo convida o público a olhar Nova York sob um ângulo raro; artista também apresenta obras de série clicada nos anos 1990
O caos e a beleza de Nova York revelados por uma nova perspectiva sob as lentes do fotógrafo Claudio Edinger. Imagens que parecem ter sido capturadas pelo próprio olho: um objeto central nítido e seu entorno desfocado. O todo, por vezes, aludindo a uma cena onírica. Edinger olha o mundo de perto, de forma intensa, e convida o público a fazer o mesmo. É o que ele propõe em Machina Mundi NYC, exposição que apresenta entre 12 de fevereiro e 23 de março, na Galeria Lume em São Paulo.
As vistas aéreas de Claudio Edinger descortinam uma harmonia por vezes inacessível a olhos apressados. Ao desviar a visão do plano próximo ao chão às alturas, o fotógrafo oferece ao espectador uma experiência etérea do mundo que, pouco a pouco, traz à tona os signos cotidianos. "Ele aproxima a visão da imagem captada daquela de nossos olhos, como se olhássemos com mais atenção", afirma Paulo Kassab Jr., curador responsável para mostra.
Machina Mundi NYC é parte de uma série homônima, iniciada em 2009, na qual Edinger busca enquadramentos jamais vistos de diversas cidades do mundo, entre as quais São Paulo, Rio de Janeiro, Lisboa e Veneza. A escolha por Nova York não foi ao acaso. A cidade foi sua casa por 20 anos, de 1976 a 1996, período que lhe propiciou uma vivência fundamental para sua formação pessoal e fotográfica.
A exposição reúne um conjunto de 14 obras. Destas, 12 são inéditas, registros de uma Nova York ínfima, clicados de um helicóptero e com a utilização de uma técnica precisa que Edinger desenvolve há cerca de 19 anos – o foco seletivo, recurso que desfoca o fundo da imagem e destaca um ponto escolhido.
Somadas a esses trabalhos, quatro imagens de New York 1994, série produzida na época em Claudio residia na cidade. "É o contraste entre a visão pés no chão de um fotógrafo que, cada vez mais, consolida sua carreira e a visão de cima, dos sonhos e das distantes lembranças", pontua o curador.
Sobre o artista
Claudio Edinger é filho de pai alemão e mãe russa, nasceu no Rio de Janeiro e hoje vive em São Paulo. Tem graduação em Economia, mas seu espírito irrequieto o levou para a fotografia. Começou a fotografar no início dos anos 1970, enquanto estudava na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
Em 1975, teve sua primeira exposição individual no MASP, com fotografias do prédio Martinelli. No ano seguinte se mudou a Nova York, onde morou até 1996. Durante os anos nos Estados Unidos, deu aulas de fotografia na Parson's School of Design e no International Center of Photography. Ainda em terras americanas, publicou 11 livros, como Chelsea Hotel (1983) e Venice Beach (1985), ambos reconhecidos com o prêmio Leica Medal Of Excellence. Recebeu importantes premiações, como Hasselblad, Prêmio Abril de Fotografia, One of The Year's Best Books (revista American Photo por Old Havana) e Prêmio Ernst Haas.
Suas obras foram exibidas no ICP, em Nova Iorque; no Pompidou, em Paris; na Photographer's Gallery, em Londres; no Perpignan Photo Fest, na França; no Higashikawa Photo Fest, no Japão; no Museu de Arte de São Paulo (MASP), Museu da Imagem e do Som (MIS), Instituto Cultural Itaú, Casa da Cultura Judaica e Centro Cultural Banco do Brasil, todos em São Paulo. Seu trabalho integra diversas coleções particulares e públicas.
A obra de Claudio Edinger já foi publicada em renomados veículos do mundo, como Stern, The New York Times, London Sunday Times, Vanity Fair, Frankfurter Allgemeine, El País, Time, Paris Match, Newsweek, entre outras. É autor de 14 livros fotográficos e um romance.