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janeiro 21, 2019
Daniela Antonelli na Mul.ti.plo, Rio de Janeiro
Daniela Antonelli volta à Mul.ti.plo a partir de 22 de janeiro explorando diferentes elementos em sua pesquisa
Recorrendo à figuração e à mistura de cores, Daniela Antonelli exibe na Mul.ti.plo Espaço Arte, no Leblon, sua individual Las equivocaciones se págan, de 22 de janeiro a 9 de março. Casas, bonecos, árvores, pirâmides, peixes e frases surgem sobre papel e telas aguadas de nanquim criando composições que geram certo estranhamento e curiosidade. Nesta exposição, sua visão de mundo e referências aparecem de forma mais direta, em um universo que reúne cerca de 25 desenhos em pequenos formatos feitos com nanquim e pigmentos sobre papel algodão, juntos a duas telas em maior formato e alguns objetos. Os trabalhos foram selecionados dentre uma centena deles, realizados ao longo de 2018, num contexto pessoal e sócio-político de alguma luz, muitas sombras e incertezas.
Esperamos você no dia 19 de fevereiro, terça-feira, às 19h, para uma Conversa entre a artista Daniela Antonelli e o curador Felipe Scovino. Não deixe de confirmar a sua presença por email. Lugares limitados.
Foi do filme “Los Olvidados” (Os Esquecidos, 1950), do diretor Luiz Buñuel - cineasta de fundamental posição no movimento surrealista, que a artista retirou o título “Las equivocaciones se págan”, ou simplesmente “Os erros se pagam”. Trata-se aqui de uma frase dita no filme, aludindo a violenta rotina de meninos de rua na Cidade do México..
Daniela conta que nestes últimos 10 anos convergiu sua pesquisa e trabalho na busca do essencial na sua composição, explorando os limites das cores primárias, grids, pontos, traços e linhas criando composições abstratas.
“Demorei muito tempo para misturar as cores, pois não queria usá-las de maneira gratuita. Assim trabalhei durante anos com azul, vermelho, preto e amarelo separadamente. Em determinado momento percebi que era hora de experimentar as cores em conjunto. Também comecei a utilizar elementos figurativos para expressar ideias. Meu trabalho, que sempre foi abstrato, ganhou uma nova camada.
Para o curador Felipe Scovino, que assina o texto crítico da exposição, a obra de Daniela tem uma delicadeza do traço, mas ao mesmo tempo é forte, já que cai no terreno da morte, da angústia, de escolhas de vida. Ele ressalta que a exposição vai abranger as três técnicas que a artista trabalha porque existe uma relação em comum entre as obras:
“Os trabalhos conversam com questões como corpo, carnalidade, matéria e esses campos estão presentes nestes três suportes. Além do fato de que é um trabalho muito onírico, tem a ver com sonhos, experiências, questões existenciais. É uma artista muito autoral”.
Maneco Müller, sócio da Mul.ti.plo, ressalta que “o espetáculo não interessa à Daniela”:
“Daniela escolheu ser uma caminhante. No processo, ela vai criando sem ver o que há depois da curva. É uma trajetória muito singular e corajosa. Ela não está preocupada em ‘construir catedrais’, mas com o caminho e as encruzilhadas que se apresentam. Quando você acha que ela vai dobrar à direita, ela vai para a esquerda. Sempre uma surpresa, mesmo que você seja um conhecedor de suas obras. É um trabalho que leva o espectador, desde o mais culto ao mais ingênuo, a indagações. Como uma pergunta, que nos faz pensar”.
Sobre Daniela Antonelli
Rio de Janeiro. 1981. Formada em design gráfico, Daniela Antonelli desenvolve sua pesquisa no campo do desenho e da escultura. Participou de exposições coletivas, dentre as mais recentes “Elas por elas”, na galeria Mercedes Viegas, Rio de Janeiro (2018), “Molde, conversas em torno da escultura e do corpo feminino” na galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro (2017) e “Mues”, na Galerie 24b, Paris (2016). Participou também de salões como o Novíssimos, na Galeria de Arte Ibeu, e Abre Alas, na galeria A Gentil Carioca (2011. Realizou sua mais recente exposição individual intitulada “Telúrica” na galeria Cândido Portinari - UERJ (2016) além de ter realizado mostras individuais nas Galerias Mul.ti.plo (RJ), Mercedes Viegas (RJ) e Oscar Cruz (SP). No ano de 2013, participou da residência Residency Unlimited, em Nova York, através do Programa de intercâmbio e Difusão Cultural, com patrocínio do Ministério da Cultura. Também em 2013 foi contemplada com uma bolsa-residência na Fundação West Dean, na Inglaterra.