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janeiro 20, 2019
Antonio Dias na Nara Roesler NY, EUA
Galeria Nara Roesler | New York tem o prazer de apresentar, pela primeira vez nos Estados Unidos, Ta Tze Bao (1972), obra seminal de Antonio Dias. De uma série que remete ao Watergate, a instalação composta de 14 partes empresta seu título dos jornais murais chineses, que cobriam paredes das cidades na China com slogans, denúncias e sátiras durante a Revolução Cultural Chinesa. Em Ta Tze Bao, o artista se apropria da forma como uma lente para examinar a política e o papel da mídia no Ocidente. A obra foi exibida, pela primeira vez em 33 anos, em setembro de 2018 na Galeria Nara Roesler | São Paulo, como parte do que se tornou uma exposição em memória do artistas, falecido semanas antes.
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SOBRE ANTONIO DIAS
Antonio Dias (1944– 2018) é um dos nomes mais importantes da arte brasileira no século XX, tendo conquistado reconhecimento internacional logo no começo da carreira, em meados dos anos 1960. Iniciou sua produção artística produzindo obras marcadas pelo conteúdo de crítica política na forma de desenhos, pinturas e assemblages permeados por elementos do Neofigurativismo e da Pop Art brasileiros, o que lhe rendeu o rótulo de representante da Nova Figuração brasileira e o conduziu à IV Bienal de Paris (1965), na qual recebeu o prêmo de pintura. Sua prática, no entanto, estabelece um diálogo com o legado dos movimentos concreto e neoconcreto e o impluso revolucionário da Tropicália.
A premiação da Bienal de Paris possibilitou ao artista seguir para a Europa, onde, depois de um período em Paris, acabou se estabelecendo em Milão. Ali, adotou uma abordagem conceitual, criando pinturas, filmes, vídeos, registros e livros de artista, utilizando cada uma dessas mídias para questionar o sentido da arte. Ao abordar o erotismo, o sexo e a opressão política de forma lúdica e subversiva, construiu uma obra ímpar e conceitual, repleto de elegância formal, entremeada por questões políticas e críticas contundentes ao sistema da arte. Na década de 1980, voltou novamente sua atenção à pintura, realizando experimentos com pigmentos metálicos e minerais como ouro, cobre, óxido de ferro e grafite, misturados a aglutinantes diversos. A maioria de suas obras desse período possuem um brilho metálico e contêm uma grande variedade de símbolos – ossos, cruzes, retângulos, falos – que remetem às suas primeiras produções.
Antonio Dias apresentou suas obras em mais de uma centena de exposições individuais e coletivas nas mais importantes instituições do mundo. Suas principais individuais mais recentes incluem: Anywhere Is My Land, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo (2010), e Daros Latinamerica, Zurique, Suíça (2009-2010); e Antonio Dias – O país inventado, que itinerou por diversas instituições brasileiras entre 2000 e 2003, como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). Entre as coletivas, pode-se destacar: Memories of Underdevelopment: Art and the Decolonial Turn in Latin America, 1960-1985, apresentada no Museum of Contemporary Art San Diego (MCASD), San Diego, EUA, como parte do II Pacific Standard Time: LA/LA (2017); Internatio nal Pop, Philadelphia Museum of Art, Philadelphia, e Walker Art Center, Minneapolis, EUA (2015-2016); The World Goes Pop, Tate Modern, London, RU (2015-2016); Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960-1980, The Museum of Modern Art (MoMA), Nova York, EUA (2015), e Made in Brasil, Casa Daros, Rio de Janeiro (2015). Participou de diversas edições de bienais, como a Bienal de São Paulo (1981, 1994, 1998 e 2010), a Bienal do Mercosul (1997, 2005) e a Bienal de Paris (1965 e 1973). Suas obras estão presentes em importantes coleções institucionais ao redor do mundo, como: Coleção Sattamini – MAC-Niterói, Rio de Janeiro, Brasil; Daros Latinamerica Collection, Zurique, Suíça; Instituto Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Museum Ludwig, Colônia, Alemanha; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA), Buenos Aires, Argentina; Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo, Brasil; The Museum of Modern Art (MoMA), Nova York, EUA; e Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil.
SOBRE PAULO SERGIO DUARTE
Paulo Sergio Duarte (n. 1946, João Pessoa, PA) é crítico, historiador e professor de arte. Estudou Filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro e Ciências S ociais na Universidade Católica do Rio de Janeiro. Em 1969, mudou-se para Paris onde morou até 1978 e estudou na Universidade de Paris VII e na École des Hautes Études en Sciences Sociales. Seu primeiro texto sobre arte contemporânea foi publicado em 1973, na Art Press, n. 6, sobre o trabalho de Antonio Dias. Além de suas atividades docentes, publicou muitos artigos e ensaios sobre a arte moderna e contemporânea, dirigiu programas educacionais e culturais para o governo federal, estadual e municipal no Rio de Janeiro e foi curador de exposições no Brasil, dentre elas a 5ª Bienal do Arte do Mercosul em 2005 e o programa Rumos Itaú Cultural 2008-2009.
Galeria Nara Roesler | New York is pleased to present for the first time in the United States, Antonio Dias’ seminal work, Ta Tze Bao (1972). From a series addressing Watergate, the fourteen-part installation takes its title from the “big character posters” which covered public spaces in China with slogans, denunciations, and satire during the concurrent Cultural Revolution. In Ta Tze Bao, the artist appropriates the form as a lens to examine media and politics in the West. The work was shown in September 2018 at Galeria Nara Roesler | São Paulo for the first time in 33 years, as part of what became a memorial exhibition just weeks after Dias’ untimely death.
ABOUT ANTONIO DIAS
Antonio Dias (1944–2018) is one of the leading figures in 20th century Brazilian art, having achieved international recognition early on in his career, during the mid-1960s. His early offerings were politically-infused drawings, paintings and assemblages permeated by elements from Brazilian Neo-Figurativism and Pop Art, which earned him the status of representative of New Brazilian Figuration and got him into the IV La Biennale de Paris (1965), whose painting prize he won. His practice, however, converses with the legacy of the concrete and neo-concrete movements, as well as the revolutionary drive of Tropicália.
The Biennale de Paris prize enabled him to travel across Europe, and following a stint in Paris he settled in Milan. There, he embraced a conceptual approach, creating paintings, films, videos, documentation and artist’s books, and tapping into each of those mediums to question the meaning of art. In approaching eroticism, sex and political oppression in a playful, subversive way, he built an unparalled, conceptual oeuvre brimming with formal elegance, interspersed with political issues and scathing critiques of the art system. In the 1980s, he turned to painting anew, experimenting with metallic and mineral pigments like gold, copper, iron oxide and graphite, mixed with various binders. Most of his works from this period boast a metallic sheen and contain a wide variety of symbols – bones, crosses, rectangles, phalluses – reminiscent of his earliest works.
Antonio Dias’ work has been featured in over a hundred solo and group shows in major venues around the world. Recent solo shows include: Anywhere Is My Land, São Paulo State Art Gallery (Pinacoteca), São Paulo (2010), and Daros Latinamerica, Zurich, Switzerland (2009-2010); and Antonio Dias – O país inventado, featured in several Brazilian venues from 2000 to 2003, including the Rio de Janeiro Museum of Modern Art (MAM-RJ) and the São Paulo Museum of Modern Art (MAM-SP). Group shows include: Memories of Underdevelopment: Art and the Decolonial Turn in Latin America, 1960-1985, at the Museum of Contemporary Art San Diego (MCASD) in San Diego, USA, as part of II Pacific Standard Time: LA/LA (2017 ); International Pop, Philadelphia Museum of Art in Philadelphia, and the Walker Art Center in Minneapolis, USA (2015-2016); The World Goes Pop, Tate Modern, London, UK (2015-2016); Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960-1980, The Museum of Modern Art (MoMA), New York, USA (2015), and Made in Brasil, Casa Daros, Rio de Janeiro (2015). His work was also featured in several biennial shows, including the São Paulo Art Biennial (1981, 1994, 1998 and 2010), the Mercosur Biennial (1997, 2005) and La Biennale de Paris (1965, 1973). Dias’ art is in major institutional collections around the world, including: Coleção Sattamini – MAC-Niterói, Rio de Janeiro, Brazil; Daros Latinamerica Collection, Zurich, Switzerland; Instituto Itaú Cultural, São Paulo, Brazil; Museum Ludwig, Cologne, Germany; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA), Buenos Aires, Argentina; São Paulo Museum of Modern Art (MAM-SP), São Paulo, Brazil; The Museum of Modern Art (MoMA), New York, USA; and São Paulo State Art Gallery (Pinacoteca), São Paulo, Brazil.
ABOUT PAULO SERGIO DUARTE
Paulo Sergio Duarte (b. 1946, João Pessoa, PA) is an art critic, historian and professor. He studied Philosophy at the Federal University of Rio de Janeiro and Social Sciences at the Catholic University of Rio de Janeiro. In 1969, he moved to Paris where he lived through 1978 and studied at the University of Paris VII and at the École des Hautes Études en Sciences Sociales. His first essay on contemporary art was published in 1973 in Art Press, n. 6, about (the) Antonio Dias’ work. In addition to his teaching activities, he published many articles and essays on modern and contemporary art, directed educational and cultural programs for Rio de Janeiro’s federal state and municipal government and curated exhibitions in Brazil, including the the 5th Art Biennial of Mercosur (5th Mercosur Biennial) in 2015 and the Rumos Itaú Cultural 2008-2009 program.