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dezembro 11, 2018
Lúcio Costa + Luiz Roque no MAC, Niteroi
Duas novas exposições serão abertas no MAC Niterói, no dia 15 de dezembro, às 10h. São elas: Riposatevi (“Relaxem” ou “Descansem”, em tradução livre), de Lúcio Costa (1902–1998), no Salão Principal, que será mostrada pela primeira vez no estado do Rio de Janeiro; e Televisão, do artista Luiz Roque, no Mezanino. A curadoria de ambas as mostras é de Pablo León de La Barra e Raphael Fonseca.
Riposatevi
Remontagem de uma instalação que o grande arquiteto e urbanista Lucio Costa abriu na Trienal de Milão de Arquitetura, em 1964, quando o Brasil participou pela primeira vez. A abertura se deu após o golpe militar do mesmo ano e quatro anos depois de Brasília ser inaugurada.
“Cada país era livre para pensar a sua participação nessa edição da Trienal. O tema era ‘Tempo livre’ e, dentro disso, cada pavilhão respondeu de maneira diferente ao desafio. Em relação ao Brasil, na época, a verba era curta e o espaço era pequeno. A ideia que o Lúcio Costa, então, foi a de ocupar o local com 14 redes de dormir – com cores diferentes e varandas brancas –, violões espalhados, plantas e o público era convidado a usufruir e participar ativamente da obra. Deitar, dormir, tocar o instrumento e contemplar o espaço”, explicou Raphael Fonseca, um dos curadores da mostra. Nas paredes, para fazer uma espécie de ilustração do Brasil, o arquiteto e urbanista colocou imagens, registradas pelo fotógrafo francês Marcel Gautherot de dois lugares: a praia de Aquiraz, no Ceará, em que as pessoas trabalhavam com barco à vela; e da construção de Brasília. “Era isso que ele queria apresentar: um Brasil moderno e concreto, por um lado, com uma nova capital; e um outro Brasil, de outra região, associado ao artesanato, à vida praiana e a um tempo diferente da capital de concreto”, exemplifica Raphael. Como dizia o próprio Lúcio Costa: “o mesmo povo que dorme na rede constrói em 3 anos uma capital no meio do deserto”.
Para o MAC, como o espaço é bem maior do que o utilizado na cidade italiana, serão dispostas mais redes (28), as fotos nas paredes, plantas e os violões. Importante ressaltar que esta é a primeira remontagem da mostra no Estado do Rio de Janeiro – só foi exposta anteriormente em Milão, em Brasília e em São Paulo e, agora, em Niterói. É válido frisar, ainda, que esta é a primeira vez, depois da Itália, que as redes serão montadas com as fotografias. “Lúcio Costa faz um grande elogio ao repouso. Trata-se de uma homenagem histórica; uma remontagem importante, dentro de uma obra arquitetônica de Oscar Niemeyer, aquele que o ajudou a projetar Brasília. A exposição fica até o 2019, então, também é uma comemoração aos 55 anos da instalação”, finaliza o curador.
Televisão
Essa é uma exposição de filmes, vídeos e um objeto-vídeo novo, do artista gaúcho Luiz Roque, representado pela galeria Mendes Wood DM. Trata-se de uma mostra antológica composta por oito trabalhos de diferentes momentos do percurso de cerca de quinze anos do artista. Os trabalhos tem curta duração e esse tamanho pequeno dialoga com outros formatos audiovisuais como aqueles vistos nas televisões desde os anos 1980, além de um ritmo mais próximo aos videoclipes.
Os suportes são diferentes: Tvs de cubo, Tvs de LCD, projeções grandes e um novo trabalho que é meio escultura, meio vídeo. Há uma série de maneiras de pensar o vídeo. “Luiz Roque trabalha muito com a ideia de distopia, de um futuro trágico, utópico, já em ruínas. Vários trabalhos dele também têm uma relação ficcional com a escultura e arquitetura modernas. Corpos orgânicos dessas esculturas são mesclados com diferentes tipos de corpos humanos. A incerteza quanto ao futuro e o desejo de continuar vivo perante as adversidades são algumas das constâncias de seus personagens”, pondera Raphael Fonseca.
Entre os trabalhos apresentados, estão: ‘Modern’ cita uma escultura de Henry Moore, ao passo que ‘Novo Monumento’ cita Amilcar de Castro; ‘Rio de Janeiro’, sobre o incêndio no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; entre outros. Temos, então, uma série de trabalhos que pensam na carga do modernismo que queria ser o futuro e que configura como o presente. Uma mostra que lida com o tempo e pergunta: como a imagem em movimento pode ficcionalizar este tempo histórico? Há desde trabalhos cujas narrativas se passam na década de 70, como o incêndio no MAM-RJ, até os de 2048, que são obras futuristas. Esta é a primeira vez que o Mezanino abre uma exposição exclusivamente de vídeos.