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dezembro 5, 2018
Matias Mesquita + Grupo Em Branco na Referência, Brasília
Referência Galeria de Arte celebra 23 anos de arte com as mostras inéditas de Matias Mesquita e grupo Em Branco
Para comemorar os 23 anos de fundação, a Referência Galeria de Arte inaugura no próximo sábado, 8 de dezembro, às 17h, as mostras Intempéries permanentes, de Matias Mesquita com curadoria de Cinara Barbosa, e Ultramar, do grupo paulistano Em Branco. As duas exposições trazem ao público obras inéditas dos artistas, que apresentam novos processos construtivos e de produção. No dia da abertura das mostras, às 17h, o grupo Em Branco - formado pelos artistas Adriana Rocha, Ana Michaelis, Celso Orsini, Cris Ioschpe, Patricia Furlong e Reynaldo Candia - participa de uma conversa aberta ao público.
Em “Intempéries permanentes”, Matias Mesquita dá continuidade à sua pesquisa com materiais de construção, estruturais e arquitetônicos, ampliando o leque de suportes possíveis para receber sua pintura. Para a mostra que apresenta na Referência Galeria de Arte, o artista agrega à sua produção novos materiais como: chapas de alumínio, caixas de ferro, placas de concreto e de terra vermelha do Cerrado, blocos de concreto, de tijolos e de alvenaria. A matéria prima opera como indício de nossa realidade urbana, destrinchando sua condição social, massificada e industrial.
É na imersão contemplativa dentro do cotidiano corriqueiro que Matias Mesquita encontra a primeira força motriz para o desenvolvimento de seus trabalhos. A livre associação de situações do dia a dia gera imagens e reflexões que começam a dar contorno às ideias e ao conceito das obras. No contraste entre as delicadas pinceladas e a brutalidade dos suportes, justaposição que ora funciona como complemento simbólico, ora como jogo de opostos, transmuta-se a poética essencial do trabalho do artista. Rompem-se, portanto, os limites que delimitam a fronteira entre a instalação, a escultura e a pintura para percebermos a vertente de um trabalho híbrido.
A curadora Cinara Barbosa acompanha a produção de Matias Mesquita desde 2016. Ela afirma que o processo de construção desta mostra partiu do interesse e da expertise do artista em pintura sobre materiais diversos. Segundo a curadora, existe a preocupação em apresentar pelo menos a trajetória de um processo que já se encontra em outras etapas, mas em que se podem conferir as nuances dessa origem e dos novos apontamentos da pesquisa. “Ao longo de dois anos, desenvolvemos uma serie de interlocuções pensando em projetos de exposição. Muitas questões foram discutidas durante o processo que partiam do interesse do Matias e de sua expertise da pintura sobre materiais diversos”, afirma.
Sobre Matias Mesquita
Graduado em Desenho Industrial /Comunicação Visual pela PUC-Rio em 1998, Matias Mesquita inicia sua carreira profissional na produção de video-clipes de animação, alguns deles premiados pela MTV Video Music Awards Brasil, e trabalhou em animações do Estúdio 2D Lab. Em 2009 começa a frequentar o curso “ARTE HOJE: Atitudes contemporâneas”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, e inicia sua carreira como artista plástico. Segundo a curadora Cinara Barbosa, Matias Mesquita carrega consigo uma consciência dos limites e do alcance da pintura fruto de uma história familiar da mãe, a pintora e restauradora Maria Ines Alvarez, e do pai, pintor e membro do grupo de arte geométrica Arte Nuevo.
Desde que começou a trabalhar como artista plástico, Matias Mesquita participa de exposições coletivas no Rio de Janeiro, nas galerias A Gentil Carioca, Luciana Caravelo e AmareloNegro. Em São Paulo, nas galerias Emma Thomas e Oscar Cruz. E, em Phoenix, Arizona (EUA), na phICA. Em 2011, foi agraciado com o terceiro lugar no Prêmio 20º Encontro de Artes de Atibaia/ São Paulo e com o Prêmio IBRAM Feira ArtRIO. A partir de então decidiu dedicar-se exclusivamente às artes plásticas. No ano seguinte, em 2012, fez sua primeira exposição individual, “Incontáveis”, em A Gentil Carioca, Rio de Janeiro. Seguindo em 2013 com a exposição “O que pesa mais”, também em A Gentil Carioca. Em 2014, fez “Impermanência”, no Elefante Centro Cultural, Brasília. Em 2015, abre a individual “Traços de Impermanência”, na Zipper Galeria, São Paulo. Desde 2013 mora e trabalha em Brasília, onde fundou junto com a gestora cultural Flavia Gimenes o Elefante Centro Cultural.
Ultramar - grupo Em Branco
Formado pelos artistas visuais Adriana Rocha, Ana Michaelis, Celso Orsini, Cris Ioschpe, Patricia Furlong e Reynaldo Candia, o grupo Em Branco apresenta a mostra “Ultramar”. Em exibição até o dia 26 de janeiro na Sala Acervo, a exposição traz obras dos artistas em óleo e acrílica sobre tela e colagens. O título da mostra é emprestado da cor azul ultramar. “Ainda que não exista a interferência de um artista sobre a obra de outro, esta é uma linha que costura a organização da exposição. É uma cor recorrente em nossas obras, mesmo quando estão sob camadas de veladuras ou são apenas fios”, afirma Adriana Rocha.
Adriana Rocha lida com o conceito da ruína como destruição ou apagamento da memória, sendo a própria pintura constituída por um movimento contínuo de construção e destruição. Como em uma reescrita, a imagem restante, construída, traduz essa colagem de tempos e de memórias. Ana Michaelis constrói paisagens imaginárias, desabitadas, misteriosamente guardadas atrás das diluídas camadas de tinta branca, na busca do silêncio. A série "Fractal” são pinturas que sugerem um sentindo de tempo alongado, infinito, criando um ambiente de reflexão.
Celso Orsini, cujo trabalho sempre foi bastante inspirado pela simbólico mineiro, aborda a questão temporal na pintura, compondo imagens geométricas através da sobreposição de camadas. O assunto da pintura é o espaço e a cor. Cris Ioschpe atuando na área da gravura e da pintura. Seus trabalhos mais recentes são criados a partir da fragmentação e fusão de imagens. Nas pinturas atuais, o azul do céu e da água são protagonistas. De caráter intimista, pinceladas criam uma atmosfera invernal, uma luz do amanhecer ou do anoitecer. Não se trata de preencher o vazio, é preciso evidenciá-lo.
Em 2005, o interesse da artista Patricia Furlong pela paisagem urbana cedeu espaço para a paisagem natural, principalmente a de jardins. Ela continua a pesquisa que vinha desenvolvendo ao investigar o significado simbólico dessa paisagem em procedimentos como a pintura de cavalete, a fotografia e a colagem. Com isso a reinvenção de significados característica de sua obra ganha nova dimensão. Atualmente, dedica-se a aprofundar as questões pictóricas suscitadas pela abordagem incessante de seu objeto de estudo. Reynaldo Candia desenvolve sua pesquisa artística através do desvio da bidimensionalidade e de objetos que possuem carga de memória e abandono. Colagem, construção, camada e cor são algumas de suas inquietações, além do uso de materiais diversos que atendam a sua escolha.
O grupo Em Branco começou a atuar em 2004, como resultado do encontro de um grupo de artistas com o intuito de trocar experiências e debater ideias no campo da arte contemporânea. A partir de então, parte deste grupo, cuja maior característica era justamente a heterogeneidade de seus trabalhos, passou a realizar mostras em um circuito expositivo que vem resinificando suas poéticas desde então.
Segundo Celso Orsini, o que une os integrantes é o interesse pela discussão sobre a arte, as técnicas que cada um dos membros desenvolve e a empatia. “Funcionamos muito bem nas discussões, sem interferir na produção dos outros. O contato com os colegas de grupo não afeta fisicamente nossas produções. Quando fazemos as exposições em grupo, queremos mostrar a diferença de linguagem e os caminhos que cada um toma”, afirma o artista. “Trabalhamos em separado. Cada um tem um ateliê, uma galeria diferente. Quando nos reunimos, observamos as produções uns dos outros, como forma de levarmos adiante a discussão sobre arte”, completa Orsini.
O grupo já realizou projetos em Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Atualmente, está em cartaz com a mostra “Ato contínuo”, que reúne pinturas e instalações, resultado de 45 dias de residência artística e ateliê aberto na Casa do Tatuapé / Museu da Cidade de São Paulo.
A mostra “Intempéries permanentes” fica em cartaz até o dia 23 de fevereiro de 2019 na Sala Principal da Referência Galeria de Arte. “Ultramar”, fica em exibição até o dia 26 de janeiro de 2019 na Sala Acervo. A visitação é de segunda a sexta, das 12h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. A Referência Galeria de Arte fica na 202 Norte Bloco B Loja 11 – Subsolo, Brasília-DF. Telefone (61) 3963-3501.
23 anos de Referência
A Referência Galeria de Arte é uma das mais longevas e atuantes galerias de arte do Distrito Federal. Em 23 anos, realizou importantes exposições de artistas contemporâneos brasileiros e de Brasília. Em sua trajetória, foi responsável por apresentar ao público do País e do mundo a produção de artistas jovens e consagrados que produzem há pelos menos quatro décadas.
No elenco de artistas que têm obras no acervo da Referência estão Adriana Rocha, Adriana Vignoli, Alex Cerveny, Alice Lara, André Santangelo, Carlos Vergara, Celso Orsini, Christus Nóbrega, Claudio Tozzi, Cris Ioschpe, David Almeida, Diego Santos, Elyezer Szturm, Evandro Soares, Fernando Lucchesi, Galeno, Gê Orthof, Helô Sanvoy, Henrique Detomi, Jaques Faing, João Angelini, João Teófilo, João Trevisan, José Roberto Bassul, Luiz Áquila, Luiz Galina, Luiz Mauro, Marcelo Feijó, Marcio Borsói, Patrícia Bagniewsky, Patricia Furlong, Paulo Torres, Paulo Whitaker, Pedro Gandra, Pedro Ivo Verçosa, Pitágoras Lopes, Ralph Gehre, Raquel Nava, Rodrigo de Almeida Cruz, Rodrigo Godá, Rogério Ghomes, Talles Lopes, Ursula Tautz, Valdson Ramos, Virgílio Neto, Walter Goldfarb e Zuleika de Souza.