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novembro 25, 2018
Carla Zaccagnini na Vermelho, São Paulo
Desde a década de 2000, Carla Zaccagnini vem estudando e colecionando representações simbólicas de nações, de seus hinos a suas bandeiras. Em sua sexta individual, Três análises e um presságio, na Vermelho, Zaccagnini reúne, pela primeira vez, três obras articuladas em torno dessas coleções e um vídeo finalizado em 2017.
Em Prisma, iniciada em 2010 e finalizada em 2018, Zaccagnini cria uma versão do jogo Pega
Varetas (ou Mikado), onde as varetas agigantadas carregam a distribuição cromática de todas as bandeiras nacionais do globo terrestre. A artista descobriu que todas as bandeiras nacionais, juntas, são formadas, ao todo, por 88 tons. A partir desse estudo, Carla dividiu os tons por porcentagens em relação a sua soma total e os distribuiu de maneira proporcional pelas varetas de seu jogo, como se, em único gesto (o de soltar as varetas para o início do jogo), os tons pudessem ser misturados, bem como as nações.
Em World Score, de 2018, Zaccagnini criou um hino comum a todas as nacionalidades a partir das notas coincidentes na soma dos hinos nacionais. Sobrepondo os diversos hinos, a artista destacou as notas que coincidiam por terem sido escritas iguais à mesma distância do início das músicas, por dois ou mais compositores. Zaccagnini destaca uma vontade no texto que escreveu para acompanhar a exposição: “Como soaria essa nova música feita do que é comum às nações naquilo que diferencia cada uma?”
Sobre um mesmo campo (2011) faz parte do estudo comparativo das bandeiras nacionais, ainda em desenvolvimento pela artista. Nessa parte do projeto, elementos figurativos representados em bandeiras de todos os países foram agrupados em 13 categorias: Luas, Sóis, Estrelas, Constelações, Mapas, Embarcações, Construções, Árvores, Aves, Mamíferos e Dragões, Armas, Escudos e Coroas.
Recortados em campos de papel preto, esses elementos figurativos são apresentados aqui como ausência, um vazio no hipotético espaço comum de onde eles poderiam ter sido retirados, antes de serem posicionados nas diferentes bandeiras dos diferentes países que, um a um, representam.
Ao sol do novo mundo (2016-2017) foi filmado em um palacete da Vila Itororó, um conjunto arquitetônico com mais de dez edificações construídas ao longo do século XX para fins residenciais e de lazer. Em 2006, a Vila Itororó foi decretada área de utilidade pública, tendo sido desapropriada pelo governo do Estado de São Paulo para fins culturais. Em um quarto de um palacete da vila, a artista encontrou diversos vitrais com diferentes bandeiras, incluindo a bandeira do Brasil. Ao longo do dia, a luz que entra por esse vitral específico faz a bandeira nacional “escorrer” pelo chão. Esse caminho percorrido pela projeção da bandeira foi registrado por Zaccagnini durante duas horas e meia. Ao fundo, podemos ouvir o som de obras de reformas que acontecem no complexo, contrapondo um potencial construtivo à ruína sugerida pelo percurso da bandeira que se desfaz no chão.
Em 2018, Zaccagnini teve individual no Museo Experimental El Eco, na Cidade do México, além de ter participado de coletivas na Suécia, no Brasil e no México.
Carla Zaccagnini já participou de diversas Bienais como a 8ª Bienal de Berlim, 9ª Bienal de Shangai e 28ª Bienal de São Paulo. Carla também já teve seu trabalho apresentado em individuais em diversos museus como Museu de Arte de São Paulo (MASP - Brasil), Van Abbemuseum (Holanda), Malmö Kunstmuseum (Suécia), Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León (MUSAC – Espanha), Nationalmuseum (Suécia).
Seu trabalho está presente em importantes coleções como Pinacoteca do Estado de São Paulo (Brasil), Tate Modern (Ingleterra), Kadist Art Foundation (EUA), Cisneros Fontanals Art Foundation (EUA), Solomon R. Guggenheim (EUA) e Museu de Arte de São Paulo – MASP (Brasil).