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novembro 11, 2018
Pierre Verger e Rubem Valentim na Berenice Arvani, São Paulo
Galeria Berenice Arvani reúne obras históricas de Pierre Verger e Rubem Valentim
A Galeria Berenice Arvani tem o prazer de apresentar, a partir de 13 de novembro, às 19h, Mãe África: Pierre Verger e Rubem Valentim, exposição que contempla a produção de dois grandes nomes da arte nacional. Com curadoria de Celso Fioravante, a mostra é composta por 12 fotografias do parisiense radicado em Salvador Pierre Verger (1902-1996), realizadas nas décadas de 40 e 50; e 14 obras do soteropolitano nômade Rubem Valentim (1922-1991), entre pinturas, relevos e colagens produzidos nas décadas de 60, 70 e 80.
Verger e Valentim são estudiosos iluminados, que tratam com um conhecimento atávico, mas também conquistado, de questões de religiosidade, dos fluxos e refluxos da diáspora africana, de um sincretismo cordial e violento e de toda a riqueza e complexidade da cultura afro-brasileira. Ambos se entregam de corpo e alma às suas pesquisas e vão fundo nas discussões sobre a inserção mítica e cotidiana do negro nos terreiros de São Salvador da Bahia de Todos os Santos do Brasil e sobre as influências do continente africano na construção da espiritualidade, do imaginário, do cotidiano e da cultura do povo brasileiro.
Antropólogo e Pesquisador, Pierre Verger encontrou na Bahia um cotidiano marcado pela cultura da África Ocidental. Seu fascínio por este povo e por esta terra vai além da imagem, mostrando interesse pelos contextos, pelas histórias e pelas tradições. Para Verger, a fotografia tinha funções estéticas, documentais, afetivas e políticas, e cumpria um importante papel enquanto discurso sobre fotografo e fotografado.
Aliando matriz construtiva, apuro cromático e seu intenso sincretismo religioso, Rubem Valentim buscou na cultura afro-brasileira e na cultura popular africana as características que norteariam sua produção até o final da vida. Ele sintetizou os elementos presentes nos cultos de candomblé, como os oxês de Xangô em objetos geométricos, uma espécie de escrita para esses elementos, uma arte semiótica que promove uma leitura profunda, sintética e habilidosamente cromatizada da identidade afro-brasileira.