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novembro 9, 2018

Via Aérea no Sesc Belenzinho, São Paulo

No dia 31 de agosto, o Sesc Belenzinho abre para o público a da exposição coletiva Via Aérea. Com curadoria de Marcio Harum, a mostra reúne trabalhos de 12 artistas visuais da cena contemporânea nacional e internacional. A temporada de visitação segue até o dia 2 de dezembro, com entrada franca. Abertura para convidados: dia 30/08, às 20h.

A exposição traz um conjunto de obras, entre esculturas, instalação, filme, fotografias e vídeos em disposição aérea, que se relacionam com a arquitetura da unidade ao explorar o aspecto de leveza e as transparências. As criações se apresentam suspensas, flutuantes, içadas.

Algumas obras são inéditas, comissionadas especialmente para a exposição. Os artistas participantes são: Adrià Julià (espanhol, radicado na Noruega), Daniel Lie & Centro da Morte para xs VIVXS (São Paulo, SP), Distruktur (duo de brasileiros, radicados na Alemanha), Ernesto Neto (do Rio de Janeiro, RJ), Geraldo Zamproni (de Curitiba, PR), Isabel Caccia (de Córdoba, Argentina), Jarbas Lopes (de Nova Iguaçu, RJ), Letícia Ramos (gaúcha, radicada em São Paulo), Lucía Madriz (da Costa Rica, radicada na Alemanha), Merce Cunningham (EUA), Fancy Violence (personagem/alter ego do paulistano Rodolpho Parigi) e Sérgio Bonilha & Luciana Ohira (São Paulo, SP).

Entre os destaques da exposição, está RainForest (filme transferido para vídeo, de 1968), obra histórica do coreógrafo Cunningham que, segundo o curador Marcio Harum, apontou as várias direções e indagações presentes na origem dessa curadoria. “De uma maneira ou outra, esta é a obra gênese da seleção de trabalhos”, comenta. Destaque também para a instalação de Daniel Lie, artista que reverencia a zona leste de São Paulo nesta exposição; jovem que vem despontando com forte projeção internacional no campo das artes visuais.

Segundo Marcio Harum, Via Aérea propõe uma reflexão sobre temas atuais que estão em pauta na sociedade mundial. “Diversos assuntos prementes da vida contemporânea, e que mais parecem suspensos no ar sem a força de um debate público mais profundo, são abordados em seu espectro temático central. Entre eles, preconceito socioeconômico e racial, conhecimento ancestral na educação, escambos entre civis, esclarecimentos sobre o papel das ciclovias no urbanismo das grandes cidades, ambientalismo, conscientização alimentar e monopólio de sementes transgênicas, histórias de corpos livres e em movimento, memórias coletivas, afinidades afetivas das redes de micropoder e questões de gênero”, explica o curador.

Para a temporada, estão também programadas ações performáticas e atividades para crianças, jovens e adultos. As mesmas são voltadas para inclusão e acessibilidade, baseadas em práticas cidadãs, dialógicas e comunitárias. Estas atividades têm o apoio do programa educativo que foi desenvolvido para a mostra pelo Sesc Belenzinho.

ARTISTAS / OBRAS

Adrià Julià

Captura do Real – Fotografias / negativos (2018) - Em estúdio fotográfico o artista produziu uma série de fotografias analógicas em diferentes formatos. Utilizou papel fotográfico vencido das marcas Kodak e Fuji. O papel fotográfico destas empresas – ambas diminuíram drasticamente a industrialização desse papel devido a atual digitalização da imagem – remetem à época em que a cédula de R$1,00 era válida e ainda circulava em território nacional. Esse material, que existia até há pouco tempo em caixas de 10 negativos, não é mais produzido, e o fato de haver passado do prazo de validade oferece resultados inesperados. Basicamente, o que é representada é a queda do real num espaço abstrato. A experiência é exibida a partir de uma caixa de negativos Fuji emoldurados e suspensos na captura da imagem da cédula monetário de R$1,00, que se encontra pairando no ar.

Beija flor – Vídeo (2018)- Esse trabalho, comissionado também para a exposição, exibe um forte caráter escultórico que utiliza um tecido preto fixado contra a parede para a projeção de um gif acerca do voo suspenso de um beija-flor; ave que tinha sua imagem estampada na cédula de R$1,00, que não mais circula, pois foi trocada por moedas de mesmo valor. Com instalações, cinema, vídeo, fotografia e publicações,

Adrià Julià examina os significados da representação e o acontecimento de eventos históricos por meio das dimensões coletivas e individuais, e as maneiras de negociação da memória, resistência, deslocamento e sobrevivência. Nascido em Barcelona, 1974, vive e trabalha em Los Angeles e Bergen (Noruega), onde é professor, desde 2016, na Academia de Arte da Universidade de Bergen. Realizou exposições individuais na Tabakalera, San Sebastián; Fundação Miró, Barcelona; Project Art Center, Dublin; Museo Tamayo, Cidade do México; LAXART, Los Angeles; Artists Space, Nova York; Insa Art Space, Seul. Tem participado de mostras coletivas no Metropolitan Museum, Nova York; Museo Reina Sofia, Madri; Witte de With, Rotterdam; Seoul Museum of Art, Seul; Lyon Biennale, Lyon; Generali Foundation, Viena; 7ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre; Akademie der Künste, Berlim.

Daniel Lie & Centro da Morte para xs VIVXS

Leste a Leste – Instalação e performance (2018) - Inspirado em um novo sentido que o artista de São Paulo, Daniel Lie (São Paulo, 1988), e suas convidadas da mesma cidade trazem sobre a zona leste para o campo da arte, o artista revolve a memória de seus habitantes e a noção geográfica do preconceito como se esta fosse uma tecnologia social perversa, que molda os desejos e as escolhas afetivas, impedindo que uma série de relações espontâneas aconteçam. A instalação site-specific é suspensa e faz surgir palavras e frases em faixas com escritos vazados – letras recortadas ou esvaziadas sobre tecido, como um grande stencil, deixando a luz da parede externa de vidro transpassá-la. Junto a isso, imagens ampliadas de um arquivo pessoal familiar e impressas sobre tecido completam a obra, que envolve arranjos grandiosos de flores e plantas em estruturas diagonais e horizontais.

Houve duas edições anteriores deste projeto investigativo. Como pesquisa artística, o projeto está em andamento, desde julho de 2016, e teve sua primeira apresentação como desenho de ideia em fevereiro de 2017, em Teresina (PI), no Espaço Campo. Uma segunda versão foi desenvolvida em maio de 2017, em Viena, na Áustria, durante a programação do Performeum. Para este trabalho inédito, pensado especialmente para a ocasião, contou-se com colaboração e fotografias de Anerina da Costa, criação técnica de Arte Técnica, poesias por Carmen Garcia, coordenação de projeto por Daniel Lie e performance por Jup do Bairro. Esta nova criação e montagem do projeto ocorrerá apenas desta vez e não será reapresentada.

O Centro da Morte para xs VIVXS é uma estação que consiste na criação de ambientes a partir de hibridização de linguagens, como instalação, performance, arte sonora; um espaço para estar, para práticas ritualísticas e um lugar para o estudo, onde processo e pesquisa são ligados. O C.M.P.V também tem o objetivo de quebrar as fronteiras entre artista e visitante - baseado em uma metodologia libertadora em que educadxr(a) e estudante compartilham um local horizontal em que ambxs aprendem e ensinam. Como conceito ético, é buscada a criação de ambientes para o alinhamento de relações - dos corpos, gêneros, formas de vida e de não-vida.

Distruktur

Colcha de Retalhos – Objeto (2014) / Imateriais - Instalação (2010-2018) - O duo de artistas brasileiros radicados em Berlim, desde 2006, Melissa Dullius (Porto Alegre, 1981) e Gustavo Jahn (Florianópolis, 1980), apresentam uma peça costurada a mão a partir de centenas de fragmentos têxteis que constroem sua memória afetiva ao longo dos anos em que vivem na Alemanha. São pedaços de camisetas, lençóis, almofadas, panos de prato, sacolas de pano, que formam um patchwork caleidoscópico e atemporal. Em comunhão à peça, um carrossel de slides dispara imagens alternadas, selecionadas randomicamente destes momentos testemunhados e compartilhados no cotidiano de trabalho, geradas pelos dois artistas.

Movendo-se pelas fronteiras entre arte, fotografia e cinema experimental e narrativo, Melissa & Gustavo com Distruktur, exploram diferentes níveis da experiência sensorial e intelectual. Desestabilizam as noções do real e do imaginário ao mesmo tempo em que fundem as camadas de passado, presente e futuro. Desterramento e transposição são estratégias para se produzir transformações, e as narrativas instáveis a que dão vazão sugerem que há tantas outras maneiras de comunicação. Combinando ficção com conteúdos de arquivo pessoal, os filmes da dupla fazem abrir uma espécie de baú coletivo, onde são reencontrados e reorganizados símbolos de diversas eras e lugares, denotando as veias profundas que unem os indivíduos e as culturas que os formam.

Distruktur tem participado de festivais de cinema como em 2016 da 66° Berlinale, Forum Expanded, Berlim e da 40ª Mostra Internacional de Cinema, New Directors Competition, em São Paulo, do MFF Nowe Horyzonty, Films On Art International Competition, Wroclau, Polônia, Melbourne Int. Film Festival, International Panorama, Melbourne, Austrália. Em 2015, do 19º Videobrasil, São Paulo; em 2013, do 31° Torino Film Festival, Sezione Onde, Turim, Itália; em 2011; do BAFICI - Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente; e, em 2009, da 59ª Berlinale, Forum Expanded, Berlim. Entre as exposições destacam-se a de 2016, 12x12, na Berlinische Galerie, Berlim; em 2013, Ritual Room, Contemporary Art Centre, Vilnius, Lituânia; e, em 2012, Filmesperformance, no Paço das Artes, em São Paulo. Começaram a fazer filmes em Porto Alegre no ano 2000, primeiro em Super 8 e depois em 16mm. Depois de mudarem-se para Berlim e juntarem-se ao grupo fundador do coletivo LaborBerlin e.V passaram a incorporar práticas experimentais de filmagem e revelação analógicas ao seu processo criativo. Seus trabalhos são filmes, instalações, filmesperformance, fotografias, textos e materiais gráficos.

Filmografia selecionada: El Meraya, 19 min, 2018; Muito Romântico, 72 min, 2016; Máquina Do Tempo, 5 min, 2014; In The Traveler's Heart, 20 min, 2013; Don't Look Back / Labirinto, 6 min, 2012; Cat Effekt, 40 min, 2011; Triangulum, 22 min, 2008; Éternau, 21 min, 2006.

Ernesto Neto

Entre o Céu e a Terra Estamos Nós (Omaê) - Escultura (2017) - Para Ernesto Neto, a manifestação do sagrado acontece em estados meditativos através de profunda relação com a natureza. Tanto o tecido que se entrelaça para formar a trama do crochê quanto as cores usadas pelo artista evocam esta relação. Entre o Céu e a Terra Estamos Nós (Omaê) convida os visitantes a sentarem-se em um banco de madeira e colocarem a obra na cabeça, criando uma conexão com ela e, em sentido mais amplo, com o próprio sagrado.

Seu trabalho é bastante reconhecido por situar-se entre a escultura e a instalação, e pela experimentação com diversos materiais. Utiliza-se de materiais como meias de poliamida, entre outros (maleáveis e do cotidiano). Realiza esculturas de malha fina e translúcida, preenchidas com especiarias e ervas de diferentes cores e aromas. As formas se assemelham à pele e se moldam organicamente ao espaço. Ernesto Neto passou a produzir "naves", estruturas têxteis e transparentes nas quais o público penetra.

Nasceu no Rio de Janeiro, em 1964, onde vive e trabalha. Algumas de suas exposições individuais mais recentes foram: em 2018, GaiaMotherTree, em Zurique, na estação central de trens; Museu do Amanhã, Rio de Janeiro; em 2017, O Sagrado é Amor, na galeria Fortes D’Aloia & Gabriel, em São Paulo; em 2016, Yubẽ Jibóia Boa, Museum of Contemporary Art Kiasma, Helsinki; TBA21, Thyssen-Bornemisa Art Contemporary, Viena; em 2014, The Body that Carries Me, Guggenheim Bilbao, na Espanha. Entre as coletivas destacam-se: as Bienais de Veneza (2017), de Lyon (2017) e de Sharjah (2013). Sua obra está presente em diversas coleções importantes, como: Centre Georges Pompidou (Paris), Daros Latinamerica (Zurique), Inhotim (Brumadinho), Guggenheim (Nova York), MOCA (Los Angeles), MoMA (Nova York), Museo Reina Sofía (Madri), SFMOMA (San Francisco), Tate Modern (Londres), entre outras.

Fancy Violence

Fancy Violence em Catwalk – Vídeoinstalação, Site-especific (2108) - Videoinstalação em que o movimento de caminhar da persona artística Fancy Violence é posto em observação pelo público, a partir de ângulos inusitados, como se a figura humana dela pudesse, por efeitos ópticos especiais, andar verticalmente sobre as paredes. A persona Fancy, quando por Rodolfo Parigi, já causou uma grande repercussão. Devido a seu apelo e impacto, e por haver sido elaborado tamanho engenho tecnológico, aparece aqui como obra comissionada especialmente para a mostra Via Aérea.

Em 2013, a personagem Fancy Violence se materializou em uma performance no Pivô, em São Paulo, e desde então vem se apresentando em algumas instituições artísticas. Além de aparições em performances, manifesta-se como uma importante presença encarnada no conjunto da obra de seu criador, o artista Rodolpho Parigi.

Rodolpho Parigi, nasceu em São Paulo, em 1977. Trabalha com desenho, pintura e performance. Participou de residências artísticas como FLORA Ars + Natura, Bogotá, 2011; Cité des Arts, Paris, 2009; Red Bull Station, São Paulo, 2011. Participou de exposições coletivas recentes que incluem: Depois do Fim, Fundação Iberê Camargo de Porto Alegre, 2017; A Mão Negativa no CAC de Vilnius, na Lituânia em 2017; Modelo_Vivo na Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2017; Supensão, no Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, 2016; Panoramas do Sul - Festival de Arte Contemporânea Vídeobrasil-SESC, 2015; A Mão Negativa, na EAV Parque Lage, Rio de Janeirol, 2015; Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, 2013; Spinerei, Leipzig, 2011. Suas obras fazem parte de coleções como: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Itaú Cultural de São Paulo, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, e Museu de Arte de Ribeirão Preto, entre outras.

Geraldo Zamproni

Modus Vivendi - Escultura (2018) - Esse trabalho de Geraldo Zamproni lida com a noção de extremos opostos aos quais estamos sujeitos a cada momento: o leve e o pesado, o caro e o barato, o prático e o inútil. Como monstros fora do abrigo, pendem do teto elementos que aparentam estruturas robustas e imponentes, mas que para nada servem. A viga de compensado não pode sustentar nada; os vergalhões são de reina, mas parecem ser de concreto e não serão engate para nenhuma construção.

Geraldo Zamproni nasceu em Floral no Paraná, e vem trabalhando exclusivamente com projetos artísticos há mais de duas décadas. Interessa-se pela qualidade estética de objetos industriais, como plástico, ferro e espuma. Em anos mais recentes, seus trabalhos têm explorado de forma bastante particular as características da área que estuda há tanto tempo, a arquitetura. Tanto na manipulação de materiais, quanto do espaço, suas instalações, esculturas e intervenções urbanas visam alterar visualmente o espaço que as rodeiam, explorando a relação entre objeto, ambiente e observador, com efeitos de estranhamento e instabilidade, propondo estabelecer um diálogo com o público que se sustenta através das referências e elementos desterritorializados de sua escala, seu uso e habitat. O processo de criação para qualquer um de seus projetos varia de acordo com as características de cada projeto. Maquetes, testes de materiais e sketches, parte da própria manipulação espontânea da matéria. O que se sobressai como residual de sentido é o feitio artesanal dos materiais escolhidos para dar vazão a sua obra.

Isabel Caccia

Projeto Can-Can - Intervenção performática + instalação (2002-2018) - Isabel Caccia, artista argentina, propõe o escambo e o reaproveitamento de meias finas femininas (que podem ser desfiadas ou rasgadas) por uma sessão de unhas pintadas. O projeto sinaliza possibilidades para mecanismos poéticos de reciclagem, mas também materializáveis. De sua larga experiência em diversos países com a ação, vem reafirmar aqui o lugar de encontro num espaço tipicamente feminino, sendo aberto a todxs. Os momentos da ação acontecem em áreas de descanso e convivência do Sesc Belezninho, convidando o público interessado a interagir com a obra e a conversar com a artista. A instalação do material em áreas externas da unidade causa uma estranha e bela sensação, uma vez que malhas iluminadas, como se fossem redes de teias de aranha, estão conectadas e esticadas por entre as árvores.

Isabel Caccia nasceu em Córdoba, Argentina, em 1975. Atualmente, vive e trabalha em Semilla Salvaje, espaço que criou mesclando arte, permacultura e maternidade, localizado na Reserva Hídrica dos Mananciais do Rio Ceballos, nas serras de Córdoba. Realizou estudos com Jaime Munárriz, Regina Galindo, Joan Fontcuberta e Enrique Marty. Recebeu os seguintes prêmios: em 2014, o prêmio de performance com Banco de Semillas Urbanas concedido pelo Mercado de arte/EGGO, Córdoba; em 1999, 2000 e 2010, a bolsa do ministério de educação da Argentina. Sua experiência com a docência começou com um convite da Cátedra de Gabriel Gutnisky na Faculdade de Artes da Universidade Nacional de Córdoba, e continua dando workshops em espaços culturais de Córdoba, General Roca, Mar del Plata, Brasília. Dirige cursos de formação e residências de arte como experiências imersivas junto à natureza de Semilla Salvaje. Realizou exposições individuais e participou de coletivas, incluindo bienais internacionais em diferentes países.

Jarbas Lopes

Trecho Experimental Móvel da Cicloviaérea – Instalação (2008-2018)– A obra projeta uma outra aventura para as possibilidades de suas prévias construções das ciclovia aéreas, estendendo à via o sentido de um grande território da natureza, e que corre risco de desaparição se não for preservada. A técnica concebe um equipamento que possibilite a construção da pista, atravessando florestas, sem derrubar sequer uma árvore. Na construção, a parte do primeiro plano elevado servirá de apoio para que a pista se alongue sobre si mesma. Será distribuído ao público um fanzine com ilustrações do próprio artista, especialmente desenvolvido para a ocasião. A vinda de um ônibus também está prevista como ação comunitária, colaborativa e participativa, pois trata-se de uma propositura produzida do próprio artista Jarbas Lopes.

Jarbas Lopes nasceu em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, em 1964. Vive e trabalha em Maricá, na região dos lagos no Rio de Janeiro. Algumas exposições individuais importantes: em 2017, no CRAC, Alsace, França; Galeria Luisa Strina, São Paulo, 2015; Galeria Baginski, Lisboa, 2013 e 2010; Jack Tilton Gallery, New York, 2013; Galería A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, 2009; Estação Cicloviaerea, Centro Cultural São Paulo, 2007; Novas Utopias, MAMAM do Recife, 2007; e Cicloviaérea, ASU Museum of Art, Phoenix, Arizona, Estados Unidos, 2007. Bienais e mostras internacionais: 11ª Bienal de Lyon, 2011; look.look.again, 2009; Gwangju Biennial, Córeia do Sul, 2008; 27ª Bienal de São Paulo, 2006; Oitava Bienal de Havana, 2003; e Panorama da Arte Brasileira, no MAM de São Paulo, 2000 e 2011. Obras em coleções: MoMA, Museum of Modern Art, Nova York; Instituto Cultural Inhotim, Brumadinho; Bronx Museum, New York; Victoria & Albert Museum, Londres; Arizona State University Museum; The Cisneros Art Foundation e Henry Moore Foundation, Londres; e Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM do Rio de Janeiro.

Letícia Ramos

Grão – Frame - Filme 16mm transferido para vídeo (2016) - O filme conta a história de uma colônia humana em um planeta incógnito onde um antigo silo de cereais foi implantado. Eventos naturais e mudanças climáticas fazem com que o silo se rompa e dê início a uma estranha plantação.

Paisagem #1 / Paisagem #2 – Microfilme impresso sobre papel de algodão (2014) - O registro em microfilme, material e técnica utilizados rotineiramente para reprodução e arquivamento de documentos, fez com que a artista apresentasse resultados fotográficos de representação de uma paisagem atemporal, como se fosse um ambiente abandonado pelo homem, e que a natureza se encarregou de reconquistar. Materializa-se na forma de polaroides de ampliações panorâmicas.

Seu foco de investigação artística é a criação de aparatos fotográficos próprios para a captação e reconstrução do movimento, e sua apresentação se materializa nas mídias: vídeo, fotografia e instalação. Com especial interesse pela ciência da ficção, em suas séries como ERBF, Bitácora e Vostok, desenvolve complexos romances geográficos. O acaso, a experimentação com o fotográfico e o processo artístico são as direções de seu trabalho.

Leticia Ramos nasceu em Santo Antônio da Patrulha, RS, em1976. Vive e trabalha em São Paulo. Cursou Arquitetura e Urbanismo na UFRGS, em Porto Alegre, e Cinema na FAAP, em São Paulo. Suas obras já foram expostas nos espaços Tate Modern, Centro de Arte Pivô, Itaú Cultural, Centro Cultural São Paulo, Parque Lage, Museu Coleção Berardo, Instituto Tomie Ohtake e CAPC - Musée d’art contemporain (Bordeaux). Ganhou importantes prêmios, residências artísticas e bolsas de produção artística, entre eles o Prêmio Marc Ferréz para o desenvolvimento do projeto Bitácora (2011/2012), que resultou no livro de artista Cuaderno de Bitácora, e participou da residência The Artic Circle (2011) a bordo de um veleiro rumo ao Pólo Norte. Em 2013, desenvolveu o projeto [VOSTOK], que consistiu numa viagem ficcional a um lago pré-histórico submerso na Antártida, que resultou em uma publicação virtual, filme 35mm, livro e LP, e uma performance que foi apresentada durante a edição do 19º Festival SESC-Videobrasil (2015). Em 2014, foi contemplada pela Bolsa de Fotografia do Instituto Moreira Salles onde desenvolveu a pesquisa Microfilme e ganhou o prêmio internacional de fotografia BES Photo em Lisboa. Recentemente, recebeu a Bolsa de Artes da Fundación Botín (Espanha) para o desenvolvimento do projeto Historia Universal de Los Terremotos. Tem obras nas coleções do MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Itaú Culltural, Fundação Joaquim Nabuco, Fundação Vera Chaves Barcellos no RS, MAC – Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Instituto Moreira Salles, Associação Cultural Videobrasil e Nouveau Musée National de Monaco.

Lucía Madriz

Dinner Party – Escultura (2108) - A escultura instalada de Lucía Madriz trata criticamente do acesso a alimentos de boa qualidade que está se tornando cada vez mais um privilégio sócio-econômico. A comida orgânica é cara e, muitas vezes, é vendida como delicatessen. Enquanto isso, alimentos nutritivos tradicionais são deixados para trás, dando lugar a junkfood e fastfood que estão se tornando parte importante da dieta das pessoas em todo o mundo. A artista apresenta um enorme lustre feito com correntes de feijão preto. A artista trabalha com instalação, vídeo, pintura e desenho. Seu interesse central é descobrir como os seres humanos se conectam com a natureza; preocupa-se em como percebemos e nos afetam os assuntos ambientais. Para Lucía é importante evidenciar que a construção dessa abstração chamada de mundo se inicia com nossos próprios hábitos e atitudes.

Lucía Madriz nasceu em 1973, em San José, na Costa Rica. Vive e trabalha em Karlsruhe, Alemanha. Tem exibido individualmente em várias instituições e galerias, entre as que mais se destacam são: Museo de Arte y Diseño Contemporáneo - MADC, Fundación TEOR/éTica e Des Pacio (todos em San José, Costa Rica), Badischer Kunstverein (Karlsruhe, Alemanha), DPM (Miami), Peter Borchardt (Hamburgo) e Freijo Gallery (Madri). Seu trabalho tem sido exposto em mostras coletivas no Palais de Tokyo (Paris), COP 21 de Paris, Pratt Manhattan Gallery de Nova York, MAD - Museum of Art and Design de Nova York, na 55ª Bienal de Veneza, I BIACI - Bienal de Cartagena na Colômbia, II Bienal de Montevidéu, 8ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre), III Bienal del Fin del MUndo na Argentina, X Bienal Centroamericana em San José, 10ª Bienal de Havana, entre outros.

Luciana Ohira e Sérgio Bonilha

Hipótese Imanente - Escultura (2014) - Hipótese Imanente consiste em um fio de cobre esmaltado, ímãs e parafusos que ligam o cimo à base, numa linha interrompida visualmente, mas que não está interrompida fisicamente pelo fenômeno. Se o alto pende do teto, o baixo levita por força invisível exatamente por estar preso ao chão.

Hipótese Volátil – Vídeo (2018) - Um drible encontrado acidentalmente no atual estágio de “desenvolvimento” capitalista, que evita deixar que se pense um pouco melhor sobre /naquilo que fazemos. Os artistas resumem o projeto a uma instalação que reúne os vestígios do lançamento de um aeromodelo F1D no local de exposição. O próprio aeromodelo, um estojo de transporte e o vídeo de registro do seu lento voo que nos traz a sensação de desaceleração do entorno. Movimento que mais parece flutuação ou slow motion é um singelo enfrentamento da constante solicitação por performance; um “preferiria não” ao modo de Bartleby, é o gesto crítico mencionado por Ohira e Bonilha.

Luciana Ohira (São Paulo, 1983) e Sergio Bonilha (São Paulo, 1976), são licenciados em Artes Visuais pela USP e mestres pelo programa Poéticas Visuais da mesma universidade. Sergio Bonilha é docente no departamento de artes da UFMS, em Campo Grande. Em conjunto, apresentaram seus experimentos em diferentes países. Atuam juntos, desde 2006, com mostras individuais como Notarium – Gabinete de Pequenas Diferenças, em Aveiro, Portugal, 2009; Temporada de Projetos 2009, Paço das Artes, São Paulo; Luciana Ohira e Sergio Bonilha, Centro Cultural São Paulo, 2008; e Expansões Contráteis, MAC‑Curitiba, 2007. Participaram de exposições coletivas no Instituto Cervantes, São Paulo, 2010; Centro Cultural São Paulo, 2009; na III Bienal de Porto Santo, Portugal, 2009; no Korea Center‑Beijing, na China, 2008; e no Centre Pompidou, Paris, 2008.

Merce Cunningham

RainForest - Filme transferido para vídeo (1968) - Esta é a obra histórica da mostra Via Aérea, e como tal, apontou a várias direções e indagações presentes no lugar de origem da curadoria. De uma maneira ou outra, esta é a obra gênese desta seleção de trabaljhos de arte. O título RainForest surgiu das memórias de infância de Merce Cunningham no noroeste da região onde fica a floresta da Península Olympica, no estado de Washington. RainForest difere de outras peças de Cunningham, pois com exceção dele mesmo, cada um dos seis dançarinos desempenhava seu papel, e depois deixavam o palco, e não mais retornavam. Andy Warhol concordou que Cunningham usasse sua instalação SilverClouds - uma série de travesseiros mylar cheios de gás hélio para que flutuassem livremente no ar. Os dançarinos usaram calças e collants cor de carne que Jasper Johns (não creditado) cortou com uma lâmina de barbear, para dar aos trajes uma aparência áspera. A música é de David Tudor e evoca o chilrear e cantarolar dos pássaros e pequenos animais da floresta.

Merce Cunningham (Centralia, Washington, 1919- Nova York, 2009) foi um dos líderes da vanguarda americana ao longo dos seus 70 anos de carreira e é considerado um dos mais importantes coreógrafos do nosso tempo. Durante grande parte de sua vida, ele também foi um dos maiores dançarinos americanos. Com a carreira marcada pela constante inovação, Cunningham expandiu as fronteiras não apenas da dança, mas também das artes visuais e da performance. Iniciou sua carreira profissional de dança moderna, aos 20 anos, com uma vaga de seis anos como solista na Martha Graham Dance Company. Em 1944, apresentou sua primeira coreografia individual e, em 1953, criou a Merce Cunningham Dance Company como um fórum para abordar suas ideias de inovação em relação a dança. A duradoura experimentação de Cunningham o transformou em um visionário na aplicação de tecnologia às artes. De todas as suas colaborações, o trabalho junto com John Cage, seu parceiro de vida, desde os anos 1940 até a morte de Cage, em 1992, teve a maior influência mútua em suas práticas artísticas no campo da dança e da música.

Posted by Patricia Canetti at 9:55 AM