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novembro 5, 2018
Cristina Canale na Nara Roesler, São Paulo
Desde a sua última exposição na Galeria Nara Roesler SP, Sem palavras, em 2011, uma das mais importantes pintoras contemporâneas brasileiras, egressa da conhecida Geração 80, começou a se interessar pelo universo feminino que, aos poucos, acabou tomando conta de sua produção. Geralmente baseadas em cenas do cotidiano, suas obras resultam de um elaborado trabalho de composição com massas de cor, destacando-se por transitar entre a figuração e a abstração, abrindo possibilidades para o imaginário subjetivo do espectador.
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Nesta exposição - Cabeças/Falantes, Canale traz como eixo uma série de pinturas de cabeças femininas no formato clássico de portrait. Em torno desta narrativa, desdobram-se outras obras em que são representados fragmentos de figuras humanas, partes do corpo e gestos cotidianos. Descoladas de sua totalidade e isoladas, estas partes adquirem, uma outra dimensão.
Em contraponto ao conjunto formado por retratos e referências ao corpo
humano, a artista apresenta uma grande tela (2x3m) de uma cadeira solitária em uma paisagem abstrata. Segundo a pintora, trata-se de um objeto cotidiano que remete à feminilidade e faz lembrar as mulheres sentadas de Giacometti. “Tenho a impressão de que todas estas obras giram em torno da dicotomia entre presença e ausência", afirma Canale.
Cristina Canale, bem como os principais nomes de sua geração, surgiu no circuito de arte a partir de sua participação na emblemática coletiva Como vai você, Geração 80?, realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage), Rio de Janeiro, em 1984. Como muitos de seus colegas, sua produção inicial denota a influência da nova pintura internacional, principalmente a tendência do neoexpressionismo alemão. Carregadas de elementos visuais e volume de tinta, suas primeiras pinturas apresentam um caráter matérico, distinguindo-se pelo uso intuitivo de cores contrastantes e vivas que é notável em suas obras até hoje. No começo da década de 1990, Canale mudou-se para a Alemanha, estudando em Düsseldorf sob orientação do artista conceitual holandês Jan Dibbets. Suas composições passam a adquirir espacialidade, com a sugestão de planos e profundidades, e maior fluidez no uso das cores.
A artista nasceu no Rio de Janeiro/RJ, Brasil, 1961, vive e trabalha em Berlim, Alemanha. Estudou desenho e pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage), Rio de Janeiro, no começo da década de 1980. Seu trabalho vem sendo apresentado em diversas exposições, no que se destacam as seguintes individuais: Cristina Canale: Zwischen den Welten, Kunstforum Markert Gruppe, Hamburgo, Alemanha (2015); Entremundos, Paço Imperial, Rio de Janeiro/RJ, Brasil (2014); Protagonista e Domingo, Instituto Figueiredo Ferraz (IFF), Ribeirão Preto/SP, Brasil (2013); Arredores e Rastros, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Rio de Janeiro/RJ, Brasil (2010); e Cristina Canale, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo/SP, Brasil (2007). Participou da 6ª Bienal de Curitiba, Curitiba/PR, Brasil (2011), e da 21a Bienal Internacional de Arte de São Paulo, São Paulo/SP, Brasil (1991), na qual recebeu o Prêmio Governador do Estado. Recebeu bolsa de artes do Estado de Brandenburg, realizando projeto artístico no Künstlerhaus Schloss Wiepersdorf (Castelo Wiepersdorf), Wiepersdorf (1993), e bolsa do Deutscher Akademischer Austauch Dienst (DAAD) [Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico] para estudar na Staatliche Kunstakademie Düsseldorf, Düsseldorf (1993-1995), ambos na Alemanha. Possui obras em importantes coleções institucionais, como: Coleção Gilberto Chateaubriand – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Rio de Janeiro/RJ, Brasil; Coleção João Sattamini – Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói), Niterói/RJ, Brasil; Instituto Itaú Cultural, São Paulo/SP, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), São Paulo/SP, Brasil; e Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo/SP, Brasil.
Galeria Nara Roesler | São Paulo presents Cabeças/Falantes [Heads/Tellers], solo exhibition by Cristina Canale, structured around an axis constituted by a series of paintings of female heads in classic portrait format. Around this narrative, other artworks unfold with representations of fragments of human figures, parts of the body and everyday gestures.
Removed from their wholes and isolated, these parts acquire another dimension. In recent years, Canale, who arose with the so- called Geração 80 [80s Generation] – has become interested in the female universe, which has been gradually taking over her production. Generally based on everyday scenes, her works result from an elaborate work of composition with masses of color, shifting between figuration and abstraction, opening possibilities for the spectator’s subjective imagination.
In counterpoint to the group of artworks formed by portraits and references to the human body, the artist presents a large (2 x 3 m) canvas of a chair sitting alone amidst the landscape. According to the painter, it is an everyday object that refers to femininity and recalls the seated women by Giacometti. “I have the impression that all of these works revolve around the dichotomy between presence and absence,” Canale observes.