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novembro 3, 2018
Evandro Soares na Referência, Brasília
O artista visual radicado em Goiânia segue em sua investigação poética, distendendo os limites do desenho, da fotografia e da escultura
No dia 7 de novembro, quarta-feira, às 19h, a Referência Galeria de Arte inaugura a mostra Traço expandido, de Evandro Soares, com curadoria de Mario Gioia. Antes da abertura, o artista visual e o curador participam de uma conversa com o público sobre a mostra e os processos criativo e de produção e de uma visita orientada. A exposição fica em cartaz até o dia 30 de novembro, com visitação de segunda a sexta, das 12h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. A Entrada é gratuita e a classificação indicativa é livre para todos os públicos. A Referência Galeria de Arte fica na 202 Norte Bloco B Loja 11 – Subsolo, Asa Norte, Brasília-DF. Telefone: (61) 3963-3501.
Esta é a primeira mostra individual do artista em Brasília. Em “Traço expandido”, Evandro Soares apresenta suas mais novas linhas de pesquisa em linguagem e materiais. Extrapolando os limites do papel, o artista apresenta os recentes trabalhos em fotografia sobre ACM – chapa metálica de alumínio composto -, além de desenho e esculturas com linhas de ferro. Para a mostra na Referência, o artista apresenta desenhos, fotografias e site specific.
As obras de Evandro Soares dialogam com processos construtivos que envolvem matemática, geometria e serralheria, dando origem a objetos escultóricos que saem das telas para se projetar no espaço. Com técnica apurada, Evandro Soares reúne em suas obras o conhecimento popular e questões da arte contemporânea. Sua longa trajetória com a serralheria (que confere à sua produção qualidade técnica irrepreensível) se junta às questões que surgem dos códigos construtivistas, minimalistas, do design e da arquitetura.
“Evandro Soares persiste em eleger o elemento-linha como o vetor poético mais vigoroso de sua produção, mas o desenho se traveste agora de outras linguagens”, afirma o curador da mostra Mario Gioia. A produção deixa as páginas em branco e o grafite de seu caderno de artista para se materializar em objeto/instalação, site specific e fotográfico. O desenho, continua Mario, muito presente na produção contemporânea. Mario lembra que na 33ª Bienal de São Paulo, que acontece até 7 de dezembro, as obras Dibujo sin papel (1986), de Gego (1912-1994), e a linha contínua em animação de ,,Betweenness” (2018), de Oliver Laric, são exemplos mais claros de sua importância nas artes visuais.
Formal e simbólico
Na mostra que apresenta na Referência, Evandro dá continuidade a experimentos iniciados no final do ano passado, com a série em que parte de uma base fotográfica – retratando edificações contemporâneas já finalizadas ou sendo erigidas – para construir objetos escultóricos com uma linha predominante de metal que invade o espaço. Do ponto de vista formal, a série é relevante por avançar na investigação visual “nessa zona hibrida e não linear entre distintos suportes”.
Mario afirma que no campo simbólico vale ressaltar a base fotográfica das obras. Ela apresenta uma arquitetura de arranha-céus comum a todas as cidades, onde há uma congestão verticalizada de prédios indistintos entre si, ao que o arquiteto e teórico holandês Rem koolhaas chamou de “cidade genérica”. Quando apresentada em uma cidade como Brasília, “as configurações jogam com outros vetores, como o fracasso da arquitetura de traços modernistas, como índice de agrupamentos urbanos mais organizados e, por que não, de conceitos mais utópicos; as novas edificações quase a totemizar as paisagens predominantemente horizontais do cerrado e de planificações urbanas mais próximas da escala humana; a agressividade e violência advinda dessa estandardização distante de parâmetros de urbanismos mais generosos”, completa o curador.
Conversa e percurso
No dia 7 de novembro, às 17h, artista e curador participam de um encontro com o público interessando em conhecer os processos criativo e de produção de Evandro Soares. O curador acompanhará o a conversa que será seguida de uma visita orientada à mostra. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos.
Sobre o artista
De Mundo Novo (BA), Evandro Soares vive e trabalha em Goiânia (GO). Com dois livros já publicados, e obras no acervo do Museu do MAR do Rio de Janeiro, no Centro Cultural da UFG em Goiânia, e no MUnA em Uberlândia constam em seu currículo uma exposição individual internacional na Galeria Trema em Lisboa. Duas individuais institucionais no Museu de Arte e Palácio da Cultura, ambos em Goiânia, e um Solo Show na feira Art Rio. Além de participação em feiras internacionais em Londres, Madrid e Lisboa, se destacam exposições coletivas institucionais no Centro Dragão do Mar em Fortaleza, a TRIO Bienal no Rio, e o MARP em Ribeirão Preto. Entre as principais exposições e prêmios mais recentes, o artista realizou recentemente a mostra “Arquiteturas inventadas”, ArtHall, São Paulo (SP); participou da mostra coletiva “Fronteiras da pintura – Fronteiras da ilusão”, no Museu Correios Brasília (DF); realizou uma instalação a céu aberto no SESC Thermas, Presidente Prudente – SP, das mostras “Labirinto”, coletiva na Referência Galeria de Arte – DF, e da individual “Metadesenhos”, na galeria Trema, Lisboa (Portugal). Além disso, participou das exposições “Triangulações”, no Centro Cultual UFG (GO); Museu De Arte Da Bahia (Salvador); Dragão Do Mar – MAC Museu De Arte Contemporânea do Ceará – Fortaleza (CE); 6º Salão dos artistas sem galeria (SP). Em 2014, foi premiado no Situações Brasília Prêmio de Arte Contemporânea (DF); ARTIGO RIO Prêmio 2014 Solo Projects Acompanhamento Curatorial (RJ); Arte Londrina 3; 39º Salão de Arte de Ribeirão Preto (SP); LAB O Saber da Linha – exposição coletiva (SP); entre outros.
Sobre o curador
Curador independente, Mario Gioia é graduado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Integrou o grupo de críticos do Paço das Artes desde 2011, instituição na qual fez o acompanhamento crítico de Luz Vermelha (2015), de Fabio Flaks, Black Market (2012), de Paulo Almeida, e A Riscar (2011), de Daniela Seixas. Foi crítico convidado de 2013 a 2015 do Programa de Exposições do CCSP (Centro Cultural São Paulo) e fez, na mesma instituição, parte do grupo de críticos do Programa de Fotografia 2012. Em 2015, no CCSP, fez a curadoria de Ter lugar para ser, coletiva com 12 artistas sobre as relações entre arquitetura e artes visuais. Já fez a curadoria de exposições em cidades como Brasília (Decifrações, Espaço Ecco, 2014), Porto Alegre (Ao Sul, Paisagens, Bolsa de Arte, 2013), Salvador (Fragmentos de um discurso pictórico, Roberto Alban Galeria, 2017) e Rio de Janeiro (Arcádia, CGaleria, 2016), entre outras. Em 2016, a sua curadoria para a mostra Topofilias, no Margs (Museu de Arte do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre, foi contemplada com o 10º Prêmio Açorianos, categoria desenho. É colaborador de periódicos de artes como Select e foi repórter e redator de artes visuais e arquitetura da Folha de S.Paulo de 2005 a 2009. De 2011 a 2016, coordenou o projeto Zip'Up, na Zipper Galeria, destinado à exibição de novos artistas e projetos inéditos. Na feira ArtLima 2017 (Peru), assinou a curadoria da seção especial CAP Brasil, intitulada Sul-Sur, e fez o texto crítico de Territórios Forjados (Sketch Galería, 2016), em Bogotá (Colômbia).