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outubro 31, 2018
50ª Anual de Arte FAAP no MAB FAAP, São Paulo
Exposição chega à 50.ª edição com o objetivo de apresentar o processo de reflexão em artes visuais de futuros artistas, a partir de investigações e experimentações pioneiras em arte contemporânea, com diversas abordagens sobre questões da atualidade
A tradicional exposição coletiva de artes visuais, dos alunos da Faculdade Armando Alvares Penteado, a Anual de Arte FAAP, abre as portas ao público no próximo dia 7 de novembro. Serão apresentadas nesta edição 33 obras selecionadas, entre 115 inscrições. Performance, pinturas, vídeos, desenhos, gravuras, colagens, objetos, publicações e instalações são alguns dos meios e linguagens presentes na mostra, que comemora 50 edições, em 2018.
A Anual de Arte é uma das mais duradouras mostras de arte contemporânea do País e configura-se como um espaço que privilegia a experimentação e o potencial criador dos artistas. De acordo com o professor Marcos Moraes, coordenador dos cursos de Artes Visuais da FAAP e responsável pela exposição, também é um ambiente de reflexão sobre os possíveis rumos da produção contemporânea, de investigação e de provocação artística.
A mostra permitirá ao público entrar em contato com obras que propõem reflexão sobre várias questões, como o consumo, a política, a relação com o tempo e com o cotidiano. "O aluno, e futuro artista contemporâneo, deve ter o espaço para exercitar esse olhar crítico em relação ao tempo no qual está inserido", ressalta o professor.
Seleção
A comissão responsável pela seleção das 33 produções foi composta por Maria Carolina (Caru) Duprat, coordenadora do curso de pós-graduação em História da Arte da FAAP; Aline van Langendonck, artista e professora da FAAP; Mônica Barth, pintora, artista multimídia e professora da FAAP; e pelo curador e professor Marcos Moraes.
Para alicerçar o método de trabalho, a comissão levou em consideração a qualidade das propostas e projetos, o potencial dos processos e a possibilidade de inovação, além do domínio das linguagens utilizadas e a pertinência com os referenciais de contemporaneidade.
"O que me chamou atenção na seleção deste ano foi a participação de alunos dos semestres inicias com trabalhos que nos surpreenderam pela qualidade, além da participação de alunos formandos da licenciatura, que também foi muito expressiva", explica a professora Caru Duprat, para quem a Anual é uma excelente oportunidade, dada a sua importância e visibilidade no sistema da arte, além de fazer com que os alunos, antes de se formarem, exercitem a maneira de apresentar seus próprios trabalhos.
A professora Monica Barth compartilha da mesma opinião. Segundo ela, os trabalhos apresentam diversidade de experimentos trazendo instigantes narrativas nas várias linguagens contemporâneas. "A Anual de Artes da FAAP, em suas 50 edições, vem sendo um importante espaço de incentivo para novos artistas, além de proporcionar visibilidade para suas produções", disse.
Sala especial
Além das obras selecionadas, a Anual de Arte conta com uma sala especial onde são apresentados os trabalhos de artistas convidados, que participaram do Programa de residência artística da FAAP na Cité des Arts, em Paris, a partir do convênio entre as duas instituições. Nesta edição, o público poderá conferir os trabalhos de Karola Braga e Paula Scavazzini, além de materiais que documentam e apresentam a pesquisa que ambas desenvolveram na cidade.
Karola Braga vai apresentar a obra Sillage de la Reine, composta por 10 mil rosas de gesso, perfumadas, formando um tradicional jardim francês. Camuflado no jardim haverá um busto de gesso da rainha Maria Antonieta guilhotinada. De acordo com a artista, o slogan de uma das maiores casas de perfume da história, a Houbigant Paris, fundada por um dos perfumistas da rainha, dizia que quando o rei Luiz XVI e Maria Antonieta tentavam fugir durante a revolução francesa, a rainha foi descoberta por conta do seu perfume, levando-os à guilhotina e ao final da monarquia constitucional.
"Durante o meu processo de residência coletei o maior número de perfumes que dizem ser o cheiro um dia usado pela rainha. Portanto, será possível sentir desde o perfume de 8 até o de 8 mil euros", explica a artista que questiona em sua obra: "Afinal, qual é o cheiro real?".
Paula Scavazzini vai expor 16 trabalhos, de um total de 25 desenvolvidos a partir de sua residência em Paris. Peintures d´Intérieurs consiste na investigação de imagens de pinturas presentes nos interiores de cavernas pré-históricas francesas. Para tanto, foram utilizados diversos suportes, encontrados em Paris, como papel marmorizado, amostras de papéis de parede, tela de linho, mármores, pasta de modelagem e madeira. A pintura em tinta a óleo, técnica recorrente em seus trabalhos, também está presente em todo o conjunto de obras.
"Os trabalhos buscam discutir alguns aspectos já existentes no meu trabalho, como a própria pintura, a camuflagem, a padronagem, o trompe-l'oeil e o retrato. Também abordo a relação entre as partes e o todo e como essas partes podem criar autonomia, o registro do recorte de uma época, por meio das pinturas dos interiores de residências e as milhares de camadas de texturas e de cores encontradas nas pinturas rupestres e nas formações rochosas, entre outras questões", destaca a artista.