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outubro 24, 2018
Regina Vater na Jaqueline Martins, São Paulo
Regina Vater ganha retrospectiva na Jaqueline Martins, em outubro
A partir do dia 27 de outubro, cerca de 50 obras, entre fotografias, vídeos e instalações, estarão reunidas na galeria, que ocupa prédio na região central de São Paulo. A artista foi pioneira incontestável ao explorar as relações entre sociedade, natureza e tecnologia.
Toda a obra de Regina Vater se localiza em um espaço fronteiriço entre a ação política e a criação artística. “Na sua foto-performance Tina América, 1976, internacionalmente conhecida, ela utiliza a própria imagem para representar conjunturas sociais e éticas da América Latina”, diz Jaqueline Martins, organizadora da exposição. Segunda a própria Regina: “qualquer tipo de arte, mesmo que de forma inconsciente, é um processo de contato com as forças criativas e regenerativas do universo”.
Ao longo da pesquisa da artista sempre estiveram presentes exercícios sobre temas abrangentes, como o tempo, e sua relação com mitos indígenas, quanto questões urgentes e pontuais vistas através da lente do feminismo e a posição social da mulher. Em Tina América, realizada depois de uma viagem pela América Latina voltando ao Brasil depois dos dois anos do seu prêmio de residência nos EUA, Regina retrata em 1976, as diversas mascaras per-formadas pela mulher latino-americana. Em Mulher Mutante ou SWIMER, escultura interativa de 1969, a artista apresenta um corpo feminino sensual e colorido: um objeto atraente, porém inerte, que depende de terceiros para ser ativado. Ambos os trabalhos estarão presentes nesta que será a primeira exposição individual organizada pela Galeria Jaque-line Martins desde que começou a representar a artista em 2012. A exposição apresenta também instalações fundamentais da trajetória da artista. Organizadas por Jaqueline Martins, de acordo com uma logica poética, ao invés de formal, desde os anos setenta os materiais e assuntos de sua obra tem sido tão variados e experimentais que se torna difícil definir características que possam ser aplicadas a todas elas.
A abrangência radial da obra de Regina Vater vai desde uma visão metafisica da vida e do universo, inspirada em leituras filosóficas e antropológicas, à sua paixão por poesia, sua ética política, e seu interesse na aventura humana. Este amplo leque de sua criação, impossível de ser contido numa gaveta, acabaram causando certa negligencia de uma esfera da arte apressada e ocupada com uma produção de mais fácil catalogação. Com esta mostra a Galeria Jaqueline Martins se esforça em compartilhar segmentos pontuais com o público paulista da obra de uma artista com 55 anos de carreira.