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setembro 18, 2018
Talitha Rossi na Laura Alvim, Rio de Janeiro
Na maior exposição de sua trajetória, artista multimídia apresentará cerca de 40 obras recentes e inéditas sobre o amor
No dia 25 de setembro, a Casa de Cultura Laura Alvim, um espaço da Secretaria de Estado de Cultura/FUNARJ, inaugura Só de amor, só do amor, a maior exposição da trajetória da artista plástica Talitha Rossi, que ocupará todo o espaço expositivo do centro cultural, em uma área total de 120m2. Com curadoria de Isabel Sanson Portella, serão apresentados cerca de 40 trabalhos recentes e inéditos, dentre instalações, esculturas e fotografias, que falam sobre o amor, tema que sempre esteve presente nas obras da artista, mas que ganha mais intensidade nesta exposição.
“Talitha Rossi, numa coletiva de si mesma, apresenta obras que, acima de tudo, celebram o amor. Amor a flor da pele, que transborda, que rasga o corpo expondo órgãos e fluidos numa corrente continua. A intensidade é a da vida, mas a delicadeza é a marca presente em cada detalhe”, afirma a curadora Isabel Sanson Portella.
Para criar as obras, Talitha Rossi usa materiais diversos, como brinquedos, ossos de animais, bordados, retalhos, tecidos, fios exóticos, cristais brutos, peles, escamas, conchas, entre outros. Trabalha com texturas, brilhos, cores, adorna as esculturas, além de emprestar o próprio corpo para foto-performances. “São sentimentos produzidos em série que se transformaram em objetos, que comunicam sobre mim e tantas mulheres”, ressalta a artista.
A mostra falará de todo o tipo de amor, criando um circuito que passa pelas diversas fases do sentimento. Na primeira sala, estará o amor carnal, com obras em vermelho, que tratam do fetiche, do sexo, da traição, do desafeto e também da autossabotagem. “Se o vermelho do sangue escorre é para lavar, como num rito de passagem, magoas e desafetos, e assim despertar o amor. Cada objeto escolhido trás uma memória, muitas vezes de solidão, mas sempre com a coragem da busca”, afirma a curadora. Nesta sala, predomina o vermelho forte, vibrante, presente em tecidos com texturas, brilhos e pedras, como na obra "Tua omissão mentia, meu amor sentia" (2018), feita com bordado de pedraria sobre retalhos vermelhos. Ali também estarão grandes emaranhados de novelos de lã, que compõem instalações, esculturas e foto-performances. Talitha Rossi usa os fios do novelo de lã como uma metáfora dos relacionamentos atuais, muitas vezes “embolados ou soltos por um fio”.
A segunda sala será minimalista, com poucas esculturas, em tons de branco e pérola, em harmonia com o chão de mármore da Casa de Cultura Laura Alvim. “As obras deste espaço falam sobre a cura, sobre o silêncio, a busca pelo amor-próprio, a paz e a delicadeza que o autoconhecimento e a maturidade trazem com o tempo”, conta a artista. As esculturas desta sala são feitas com tecidos que remetem ao conforto, ao aconchego, como o veludo. Há também plumas e penas sintéticas, que tem a intenção de dar leveza, tratando da questão dos ciclos, de mudança de plumagem, do renascer renovado.
Na terceira e última sala, as obras em tons de rosa claro tratam do homem pós-moderno, “que quer ser leve, mas não se livra dos tantos pesos da existência”. As obras “Ovulação", “Fecundação” e "Está tudo dentro", produzidas este ano, trazem pedras preciosas misturadas a pérolas e bordados em tons rosados, que refletem sobre a feminilidade e a continuação da raça humana. Nesta mesma sala, estará a série "Extinção" (2017), que traz ossos bordados de animais mortos, questionando a exploração animal e a extinção da vida na Terra. “Talitha expõe o mais íntimo do ser. Vai fundo, até os ossos, espreme as entranhas, troca de pele e empresta o próprio corpo para falar de amor, só do amor”, ressalta a curadora.
SOBRE A ARTISTA
Talitha Rossi (Resende, 1987. Vive e trabalha no Rio de Janeiro) é uma artista plural e desenvolve sua obra a partir de uma poética própria, que questiona o posicionamento da geração Y perante questões femininas e midiáticas. Performance, fotografia, vídeo, instalações e objetos, são seus suportes de escolha, que abrigam este universo, por meio de um olhar delicado e pungente. Autodidata, a artista exerce sua prática na experimentação, e aprende a lidar com a materialidade em seu próprio fazer artístico. A artista começou no mundo das artes há 12 anos, fazendo intervenções urbanas. De lá para cá, seu trabalho amadureceu e ganhou o mundo. A artista já expôs em coletivas em Londres, na Frameless Gallery e na The Gallery, e foi destaque do ArtRua, evento paralelo à ArtRio, dedicado à arte urbana. Além disso, tem trabalhos urbanos em Berlim, NY, Paris, Londres, Amsterdãm, Lisboa e Cracóvia.
Entre seus projetos futuros, está a participação na Pinta Miami Brazilian Section, importante feira de arte latino-americana, em Miami, que será realizada de 5 a 9 de dezembro deste ano. Além disso, Talitha Rossi é uma das organizadoras – junto com as artistas Maria Antônia Souza e Paula Bohm – da primeira edição do Circuito das Artes de São Conrado, que vai acontecer no dia 22 de setembro, reunindo artistas dos bairros de São Conrado, Rocinha, Vidigal e Joá.
SOBRE A CURADORA
Isabel Sanson Portella é Doutora e Mestre em História e Critica da Arte pela Escola de Belas Artes Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ); Especialista em História e Critica da Arte do Brasil pela Pontifícia Universidade Católica/PUC-Rio. Desde 1992 atua em museus desenvolvendo projetos e ações em preservação e conservação. Trabalha no Museu da República desde 2006, onde é curadora da Galeria do Lago – espaço de Arte Contemporânea do Museu.