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setembro 12, 2018

Raul Mourão na Lurixs, Rio de Janeiro

A Lurixs: Arte Contemporânea convida para a abertura de seta balanço janela, de Raul Mourão, com curadoria e texto de Eucanaã Ferraz, que acontecerá na quinta-feira, dia 20 de setembro a partir das 18h.

De volta ao Rio, ainda mantendo ateliê em Nova Iorque, o artista realiza sua sétima exposição individual na Lurixs, a primeira no novo endereço no Leblon. A mostra ocupa a galeria térrea com três obras, realizadas em três diferentes linguagens – fotografia, escultura e pintura:

• a fotografia Setaderua / Joaquim Selva (225x150 cm) é um registro realizado em 2017 do mural feito pelo artista em frente a seu ateliê na Rua Joaquim Silva um ano antes, quando a cidade do Rio sediava os Jogos Olímpicos em 2016.

• a escultura é um grande balanço em aço corten, e dá prosseguimento às pesquisas do artista no campo das esculturas cinéticas;

• a pintura, medindo 200 x 400 cm, retorna a série das Janelas, protagonistas na exposição Fenestra (Lurixs, 2015), em escala, ainda não experimentada pelo artista.

Segundo o curador, promoveu-se um “estranho jogo de proporções”, no qual as três obras – seta balanço janela – “parecem desproporcionais em relação ao espaço”. Em vez de um retrato realista da cidade, buscou-se antes criar uma sensação: “a de que a cidade entrou pela galeria sem fazer a concessão de se miniaturizar”.

Três outros trabalhos, também inéditos, estão expostos em espaços que gravitam em torno da sala principal. Resultados de pesquisas recentes do artista, são pequenas esculturas, baseadas no uso restrito de recursos materiais: aço, tijolo, vidro, pedra. Para Eucanaã Ferraz, a elegância expressiva dessa obras “faz lembrar a economia de um haicai; a geometria austera e serena remete a Volpi; a humildade formalmente rigorosa reporta-nos à poesia de Manuel Bandeira”.

Ao usar a parede lateral da fachada para uma pequena obra, artista e curador propõem o avesso do que ocorre na sala principal. Assim, onde haveria lugar para uma grande escultura, um trabalho diminuto deixa livre o deck de entrada, integrando a rua, a calçada e a entrada da galeria. Segundo Eucanaã Ferraz, “trata-se de uma operação urbanística, sem dúvida, singela mas plena de sugestões, em total coerência com a obra de Raul Mourão, sempre atento à cidade e à sua ocupação espacial e simbólica”.

Na noite de abertura, a fachada da galeria servirá de tela para a projeção de um vídeo realizado pelo artista, compreendendo uma colagem de outros vídeos, projetos, desenhos, esculturas, etc, uma espécie de fluxo ininterrupto das pesquisas que desembocara m na exposição.

Durante o período da mostra, a galeria, aos sábados, promoverá conversas, debates, lançamentos e outras atividades organizadas por Raul e Eucanaã.

Raul Mourão é artista plástico, nasceu no Rio de Janeiro em 24 de agosto de 1967. Estudou na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage e expõe seu trabalho desde 1991. Sua obra abrange a produção de desenhos, gravuras, pinturas, esculturas, vídeos, fotografias, textos, instalações e perfomances. Atualmente, vive e trabalha entre Nova York e Rio de Janeiro.

Construídas com diversos materiais, suas peças transitam entre dois campos opostos: o ficcional e o documental. De um lado, estão as criações puras, concebidas a partir da fantasia; do outro, estão as obras nascidas das observações do real – a cidade, o futebol, a política ou os botequins.

Nos anos 1980, Mourão faz os primeiros registros fotográficos de um elemento urbano que seria mote de sua pesquisa nas décadas seguintes: as grades usadas para proteção, segurança e isolamento em ruas do Rio de Janeiro. Dos registros, surge a série Grades, sobre a paisagem urbana, que desemboca em trabalhos até os dias atuais.

Nos anos 2000, sua pesquisa toma novo caminho, o das esculturas cinéticas. Mourão passa a criar estruturas que podem ser acionadas pelo toque do espectador. As obras são exibidas nas exposições individuais: V ocê está aqui, no Museu Brasileiro de Escultura, São Paulo; Please Touch, no B ronx Museum, Nova York; Tração Animal, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; MOTO e Cuidado Quente, na Galeria Nara Roesler, São Paulo; Homenagem ao Cubo e Chão, Parede e Gente, na Lurixs Arte Contemporânea, Rio de Jane iro; Movimento Repouso, na Galeria Roberto Alban, Salvador; Processo, no Studi o X, Rio de Janeiro; Toque Devagar, na Praça Tiradentes, Rio de Janeiro. Os trabalhos também integraram as coletivas Vancouver Bienalle; Artistas comprometidos? Talvez, na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; All the best artists are my friends (Part 1), no MANA Contemporary, Nova Jersey; From the Margin to The Edge, Sommerset House, Londres; Projetos (in)Provados, na Caixa Cultural, Rio d e Janeiro; Ponto de Equilíbrio, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo; Mostra Parale la 2010, no Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo; e Travessias, no Centro de Arte Bel a Maré, Rio de Janeiro.

Como curador e produtor, Mourão organizou exposições individuais de Fernanda Gomes, Cabelo, Tatiana Grinberg, Brigida Baltar e João Modé, e as coletivas Do Clube para a Praça (Jacaranda, Rio de Janeiro), Travessias 2 (G alpão Bela Maré, Rio de Janeiro), Love’s House (Hotel Love’s House, Rio de Janeiro) e Outra Coisa (Museu da Vale, Vila Velha). Como editor participou da criação das revistas O Carioca, Item e Jacarandá. Com Eduardo Coimbra, Luiza Mello e Ricardo Basbaum, criou e dirigiu a galeria e produtora AGORA, que funcionou na Lapa, Rio de Janeiro, entre 2000 e 2002.

Lançou os livros ARTEBRA (Casa da Palavra, 2005), MOV (Automati ca, 2011) e Volume 1 (Automatica, 2015).

Eucanaã Ferraz é poeta e professor de Literatura Brasileira na UFRJ. Publicou entre outros, Sentimental, ganhador do Prêmio Portugal Telecom de Melhor livro de poesia de 2012. Seus livros de poemas, oito ao todo, foram reunidos em 2016 em um único volume pela casa da Moeda/Imprensa Nacional de Lisboa. Também escreve poesia para crianças, e seu último livro, Cada coisa, de 2016, recebeu o prêmio de Melhor Livro de Poesia pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Organizou, entre outros, dois livros de Caetano Veloso, Letra só (2003) e O mundo não é chato (2005). Entre suas curadorias, destaque para:

Fayga Ilustradora
– Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro
26 de março a 15 de maio de 2011
– Museu Lasar Segall, São Paulo
12 de novembro de 2011 a 19 de fevereiro de 2012

Poesia Marginal – Palavra e Livro
– Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro
9 de agosto de 2013 a 10 de novembro de 2013

Meus Caros Amigos – Augusto Boal – Cartas do Exílio
– Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro
4 de junho a 21 de agosto de 2016
– Museu do Aljube, Lisboa
25 de abril a 31 de outubro de 2017

Chichico Alkmim, fotógrafo
– Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro
13 de maio a 31 de outubro de 2017
– Instituto Moreira Salles, São Paulo
23 de janeiro a 15 de abril de 2018

O Pipoqueiro da Esquina
– Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro
31 de outubro de 2017 a 28 de janeiro de 2018

Monolux, Vicente de Mello
– Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
17 de março de 2018 a 30 de setembro de 2018

Posted by Patricia Canetti at 6:11 PM