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setembro 2, 2018
Patricio Farías na Bolsa de Arte, São Paulo
Através de materiais e simbologia, Patricio Farías explora a possibilidade imagética dos objetos
A galeria Bolsa de Arte tem o prazer de apresentar, a partir de 3 de setembro, às 17h, Desauras e Outras Coisas de Patricio Farías, primeira individual do artista chileno radicado no Brasil, em São Paulo. A exposição é composta por esculturas, instalações, maquetes, objetos e montagens fotográficas, abrangendo sua produção artística dos anos 1980 até a atualidade.
Na ocasião da abertura, ocorre lançamento do livro que recapitula a trajetória do artista. Organizado pelo poeta e crítico espanhol Adolfo Montejo Navas, a publicação editada pela Iluminuras tem 368 páginas e capa dura, ricamente ilustrada com imagens e textos críticos sobre sua produção.
Escultor, desenhista, gravador e professor, Patricio Farías (1940) faz parte de uma geração de artistas que, na década de 1970, incorporou novas linguagens à arte contemporânea latino-americana, ampliando os temas e suportes de sua produção. Ele mudou-se para o Brasil em 1981, fugindo da ditadura militar chilena, onde mantinha atividades ligadas ao movimento de esquerda. Morou em São Paulo mas fixou residência em Porto Alegre, onde começou a concentrar-se na produção escultural.
Nesta sua primeira individual na cidade, a curadoria selecionou um panorama bastante abrangente de sua extensa produção. Utilizando-se de técnicas artesanais administradas com maestria em um processo construtivo muito particular, o artista transforma materiais como madeira, tecido, e metais, como chumbo e ferro, em formas extremamente criativas, resultando em experiências visuais que flertam com os símbolos, com a linguagem, algumas com componentes de ironia e humor.
Destaques de sua mais recente produção, os maquinários alados são de enorme fascínio visual. Caracterizados pela robustez, leveza e flexibilidade que nos faz lembrar dos visionários artefatos de Leonardo da Vinci, estruturas híbridas com asas imponentes são criadas para fazer do desejo de voar um gesto quase possível.
Muitos de seus objetos também explicitam referências duchampianas, valorizando jogos de linguagens e humor, problematizando a representação visual e os hábitos perceptivos do espectador. Existem nesses trabalhos uma atitude crítica face aos códigos visuais da sociedade de consumo e à inserção da arte nessa lógica. Outro grande destaque da exposição é a grandiosa instalação “Grande Vidro”, obra de Duchamp revisitada pelas mãos de Farías em três dimensões. A obra já foi exibida no atrium do MARGS, em 2012, e será remontada nesta mostra.
A provocação direta e a transposição dos limites perceptivos na obra de Farías parece mediar o lúdico e o conceitual, o humor e a crítica, a fantasia e a realidade, ativando novas possibilidades conceituais e expressivas na arte contemporânea.