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agosto 29, 2018
Semana de Arte realiza segunda edição em novo endereço
Evento organizado em torno de uma feira internacional, que apresenta ainda uma série de atividades culturais exclusivas, será realizado no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera, de 1 a 3 de setembro, com curadoria do mexicano Pablo León de La Barra, do Guggenheim e MAC Niterói
Depois de uma primeira edição bem-sucedida, a Semana de Arte retorna em 2018, de 1 a 3 de setembro (a abertura para a imprensa e convidados acontece no dia 31 de agosto), com novidades. Além de uma nova sede – o Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera –, o projeto recebe como curador convidado o mexicano Pablo León de la Barra, atualmente responsável pela seção de arte latino-americana do Guggenheim e pela curadoria geral do MAC Niterói.
Comandado pelos galeristas Luisa Strina e Thiago Gomide, pelo curador Ricardo Sardenberg e pelo empresário cultural Emilio Kalil, o evento se organiza em torno de uma feira de artes visuais, mas também traz sessões de filmes documentários, um ciclo de palestras e passeios arquitetônicos pela capital paulista. Enquanto no ano passado a programação cultural era espalhada por diversos endereços, neste ano todas as atividades – com exceção das excursões pela cidade – se concentram em um lugar só.
“O Pavilhão das Culturas é, possivelmente, um dos mais belos do conjunto Oscar Niemeyer, no Parque Ibirapuera, pela sua proporção e tamanho. Trazer praticamente tudo para dentro do mesmo endereço é mais prático, pois evitamos, assim, os problemas de deslocamento neste transito insano de São Paulo, oferecemos também mais conforto para os visitantes e para os galeristas e teremos um espaço, onde a seleção e qualidade das obras ficará mais evidente”, atesta Kalil.
A segunda edição do projeto aposta novamente no formato vitorioso de reunir um seleto grupo de galerias – são 43 no total – do Brasil e do mundo (lista completa), a partir de um conceito curatorial renovador. Como no ano passado, oferece um modelo em que os mercados primário e secundário não são divididos em seções distintas. Os estandes são dispostos sem hierarquia, ocupando espaços aproximadamente do mesmo tamanho, onde cada galeria apresenta projetos especiais, sejam solos, diálogos entre dois artistas ou em torno de temas específicos.
“As expectativas são positivas, porque o perfil do evento é atrativo e transmite confiança aos colecionadores ou jovens interessados em começar uma coleção. Esses são os dois principais trunfos da iniciativa: entregar credibilidade e gerar desejo”, explica Luisa Strina.
Outra vantagem, segundo os organizadores, consiste no fato de a edição atual ter sido programada – não por acaso – às vésperas da 33 a Bienal Internacional de Artes de São Paulo, cuja inauguração acontece no dia 7 de setembro.
“A Bienal de Sao Paulo é a segunda mais importante do mundo, atrás apenas de Veneza. Além de trazer um público de jornalistas, curadores, artistas, galeristas e diretores de museus, o evento vai fazer com que a Semana de Arte tenha uma característica mais excitante do que no ano passado, já que estará no epicentro de uma semana muito movimentada”, aposta Thiago Gomide. “Os grandes eventos de arte contemporânea, quando se concentram em um mesmo período, dão força uns aos outros. A cultura, para se fortalecer no Brasil, precisa unir forças e contribuir para o adensamento crítico e a formação de público para a arte”, completa Luisa.
O curador convidado elegeu como eixo central de sua proposta curatorial a herança modernista da arte nacional e estrangeira, bem como seus inconscientes reprimidos – ou menos explorados – especialmente em presenças femininas ou afrodescendentes. Desta forma, estarão expostos diversos trabalhos assinados por mulheres, como Lygia Pape (Almeida & Dale Galeria de Arte); Marina Weffort (Sim Galeria e Simões de Assis Galeria); Ana Prata (Galeria Millan); Leda Catunda (Celma Albuquerque); Fernanda Gomes (Luisa Strina); Martha Araujo com Ana Mazzei (Galeria Jaqueline Martins), além de uma série de obras com viés político de artistas como Tarsila do Amaral, Carmela Gross, Lenora de Barros, Wanda Pimentel, Rosângela Rennó e Rosana Paulino, no espaço da galeria Arte 57.
Ainda dentro do contexto enunciado pelo curador, artistas negros contemporâneos, como Arjan Martins com Maxwell Alexandre (A Gentil Carioca), Ayrson Heráclito (Portas Vilaseca) e Dalton Paula (Galeria Sé), e nomes que retrataram a cultura afro-brasileira em suas obras, casos de Pierre Verger (Galeria Marcelo Guarnieri) e Carybé (Paulo Darzé Galeria), estarão representados no evento.
“A curadoria apresenta uma série de recortes que vai além do modernismo ‘heroico’, e abre espaço para correntes que estão agora sendo reavaliadas, como o universo feminino e as influências afrodescendentes. No âmbito da Semana de Arte, será uma oportunidade de ver simultaneamente várias exposições individuais e coletivas que tratam dessas perspectivas que raramente recebem destaque”, aponta Ricardo Sardenberg. “Por ser um curador estrangeiro com grande experiência trabalhando fora do Brasil, Pablo León de La Barra trouxe um olhar fresco e dinâmico para o evento”, completa Gomide.
Entre outros artistas de destaque desta edição estão Di Cavalcanti (Pinakotheke), Oswaldo Goeldi (Galeria Bergamin & Gomide), Arthur Luiz Piza (Fólio), Alexandre Canônico com Amílcar de Castro (Galeria Marília Razuk), Julio Le Parc com José Patrício (Galeria Nara Roesler), Frans Kracjberg (Galeria Frente), Tunga (Luhring Augustine, Franco Noero e Milan) e Willie Cole (Alexander and Bonin).
MOSTRA DE ARTE POPULAR
Além das palestras, dos filmes e dos passeios arquitetônicos – cuja programação será anunciada mais adiante –, o Pavilhão das Culturas Brasileiras sediará simultaneamente uma exposição com parte do seu acervo permanente, com obras de importantes nomes da arte popular do país, como Amadeo Lorenzato, Chico da Silva, Antônio Poteiro, Chico Tabibuia, GTO, Alcides, Antonio de Dedé e Resendio. Com este pequeno mas expressivo recorte, o Departamento dos Museus Municipais pretende dar continuidade ao seu processo de abertura e difusão do acervo do Pavilhão das Culturas Brasileiras ao público – democratizando cada vez mais o acesso a estes bens culturais.
OS DIRETORES
Luisa Strina atua como galerista desde 1974. Foi considerada em 2016 a 57a pessoa mais influente no mundo das artes pela Revista ArtReview.
Emilio Kalil é empresário do meio cultural há 40 anos. Dirigiu o Grupo Corpo, foi produtor da Bienal de São Paulo, Secretário Municipal de Cultura do Rio de Janeiro e presidente da Fundação Cidade das Artes.
Thiago Gomide foi produtor no Instituto Inhotim, executivo da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro e hoje dirige a Galeria Bergamin & Gomide.
Ricardo Sardenberg é historiador pela NYU, idealizador do Instituto Inhotim, foi representante da feira Art Basel no Brasil e atua como curador e crítico independente.
O CURADOR CONVIDADO
Pablo León de la Barra ocupa atualmente o cargo de Curador no Solomon R. Guggenheim Museum para a fase latino-americana da Guggenheim UBS MAP Global Art Initiative. Curador Chefe do MAC Niteroi, dirigiu a Casa França Brasil (Rio de Janeiro, 2015-16). Organizou exposições em instituições como o Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York; MOCAD, Detroit; South London Gallery, Londres; Kunsthalle Zürich; Museo Tamayo e Museo Jumex, México; TEOR/éTica, San José, Costa Rica; Museo de Arte de Zapopan, Guadalajara; Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; e MASP, São Paulo. Foi fundador e co-curador da 1ª e da 2ª edições da Bienal Tropical de San Juan, Porto Rico (2011 e 2016), co-curador de SITE Santa Fé Biennial, Novo México (2016) e curador do Pavilhão Mexicano na Bienal de Veneza de 2017.
O PAVILHÃO DAS CULTURAS BRASILEIRAS
O Pavilhão das Culturas Brasileiras teve o início de sua construção em 1953 com a aprovação do projeto final do arquiteto Oscar Niemeyer para o complexo do Parque Ibirapuera. Inaugurado em 21 de agosto de 1954, década em que a crise econômica e política estimularam um importante movimento cultural e ideológico para a modernização do país, o Pavilhão das Culturas Brasileiras com 11 mil m² e elementos da arquitetura moderna compostos por linhas simples, iniciou suas atividades conhecido como Pavilhão dos Estados, idealizado para abrigar exposições de iniciativas culturais durante o IV Centenário de São Paulo (1954).
Na década de 1970, foi batizado como Pavilhão Engenheiro Armando de Arruda Pereira, tendo sido utilizado como repartição pública pela Prefeitura Municipal de São Paulo até 2006, quando se inicia um processo de recuperação do imóvel através de várias intervenções arquitetônicas pela Secretaria Municipal de Cultura e Departamento de Patrimônio Histórico, que decidem devolvê-lo à sua vocação original.
Pensado como Instituição voltada às culturas do povo, em 2007, além de receber o acervo do antigo Museu de Folclore Rossini Tavares de Lima, atraiu vários colaboradores e consultores que trabalharam no desenvolvimento de uma política de acervo, programa educativo, diretrizes para a arquitetura, o que permitiu em 2010 a incorporação a seu acervo da coleção denominada Etnográfica, do Departamento do Patrimônio Histórico, e novas aquisições de arte indígena de origens diversas, arte popular e design, ampliando a concepção de espaço de guarda e referência da cultura tradicional e contemporânea do povo brasileiro.
SERVIÇO
Semana de Arte 2018
Local: Pavilhão das Culturas Brasileiras (Av. Pedro Álvares Cabral s/n, Ibirapuera, São Paulo)
Data: 1 a 3 de setembro de 2018 *
Horários: 12h às 20h
Entrada: R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia) **
*A abertura para a imprensa e convidados acontece no dia 31 de agosto
**Venda de ingressos no local