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agosto 28, 2018
Letícia Ramos no Pivô, São Paulo
Como parte do Programa anual de exposições, o Pivô apresenta História Universal dos terremotos, primeira exposição institucional no Brasil da artista Letícia Ramos.
A pesquisa inicial para “História Universal dos Terremotos” foi desenvolvida com o apoio da Bolsa de Artes da Fundação Botín, Espanha, onde Ramos apresentou anteriormente uma versão menor do projeto. A exposição parte de um terremoto ,seguido de um tsumani e um incêndio, que devastou Lisboa em 1775, deixando fortes marcas no imaginário do país e consequentemente, em sua relação com o Brasil, então colônia. Ramos partiu deste evento histórico para produzir uma sequência ficcional na qual cada imagem é, por sua vez, um experimento.
Desde o começo de sua pesquisa, a artista tem alimentado um interesse específico por procedimentos e pela evolução das técnicas de fotografia analógica, criando, assim, diversos aparatos e máquinas para realizar seus projetos, desde câmeras pinhole, a aparelhos de microfilmagem e raio-x. Ramos utiliza técnicas científicas para fins ficcionais e associa sua prática com a fotografia com a história social de suas imagens.
Para “História Universal dos Terremotos”, além dos raios estroboscópicos sobre microfilme que desenvolveu para os trabalhos apresentados na Fundação Botín - e que estarão em exibição no Brasil pela primeira vez -, Ramos apresenta uma instalação que simula o funcionamento de um sismógrafo registrando as vibrações do Edifício Copan em um rolo de filme 16 mm, projetado simultaneamente no espaço. Além de um filme inédito no qual realiza um experimento descrito por Immanuel Kant em seu ensaio “Sobre as causas do terremoto na ocasião da calamidade que sucedeu os países ocidentais da Europa no ano passado”, em que o filósofo se propunha a investigar os processos naturais que desencadearam a catástrofe de Lisboa.
Nessa exposição, Leticia Ramos entrelaça o natural e o místico e toma a matéria da fotografia como base para uma "investigação ficcional" sobre os impactos que os fenômenos naturais podem vir a ter em nossos sistemas de crença e na forma como nossa sociedade é estruturada, tanto física quanto conceitualmente.
O Programa Anual de Exposições promove o trabalho de artistas de diferentes nacionalidades, oferecendo aos visitantes um extenso panorama da produção contemporânea recente, ao mesmo tempo em que estimula intercâmbios geracionais entre os agentes envolvidos em toda a programação do Pivô.
Leticia Ramos (1976, vive e trabalha em São Paulo) estudou arquitetura e cinema. Suas obras já foram expostas em instituições como Tate Modern, Pivô, Itaú Cultural, Centro Cultural São Paulo, Parque Lage, Museu Coleção Berardo, Instituto Tomie Ohtake e CAPC-Musée d’art contemporain (Bordeaux). Foi ganhadora de importantes prêmios, residências e bolsas de produção artística como o Prêmio Marc Ferréz, Bolsa de Fotografia do Insituto Moreira Salles, BES Photo e a Bolsa das Artes da Fundação Botín.