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agosto 26, 2018
Renan Marcondes na Adelina, São Paulo
Individual do artista com curadoria de Josué Mattos tem proposta formativa e disseca a linguagem, bem como explora suas contradições. Além da exposição, artista organiza uma série de conversas para falar sobre performance e suas nuances
O que é performance? Essa é uma pergunta que muitos vem tentando responder - tanto público, quanto artistas. Bem como uma série de reflexões que essa linguagem ainda muito nova desperta. Achar as respostas não é a proposta de Fundo Falso, individual de Renan Marcondes que será inaugurada em 1º de setembro, na Adelina, mas a mostra irá dissecar a performance de diversas maneiras.
Trabalhos inéditos de Renan irão o ajudar na tarefa de, junto com o público, investigar o que é a performance hoje, o papel do artista e público nessa linguagem, além de levantar uma série de outras questões sugeridas pelo tema. Para isso, o artista irá se apropriar de materiais (livros e imagens) que o ajudarão também a recontar um pouco da história da performancea, com algumas diferenças que questionam o modo como ela foi contada até então.
Em Fundo Falso, o público poderá ver alguns dos nomes que ajudaram (e ainda ajudam) a constituir o termo performance, como Marina Abramovic, Whoopi Goldberg, Lygia Clark, Pope.L, Yvonne Rainer, Guillermo Gómez-Peña, Divine, Joseph Beuys, dentre tantas outras e outros. Mas também cavalos de corrida, computadores, empresários e esportistas que ajudam a definir o termo para fora do circuito das artes. Os visitantes também terão a oportunidade de ler diversas frases - ditas por pessoas em comentários de notícias ligadas a performance ou por teóricos e pesquisadores do tema - e, munidos de óculos com lixa, irão raspar a palavra da parede do espaço expositivo. “A ideia é que o ato represente um dos objetivos da mostra, que é jogar a palavra no chão para desconstruir ou construir novamente o seu conceito”, explica Renan.
“Essa é uma exposição que tem um caráter quase que formativo. Performance ainda é uma dúvida para muitos. E não só para o público: nós artistas também ainda temos dúvidas sobre ela”, afirma o artista.
O nome da mostra de Renan Marcondes na Adelina vem de uma ferramenta de tecnologia que utiliza inteligência artificial e redes neurais para mapear o rosto de uma pessoa e sincronizá-lo com o de outra, inserindo de forma bastante convincente um indivíduo em um vídeo em tempo real em situações irreais. O resultado são vídeos convincentes, que abrem discussões sobre veracidade de materiais divulgados e ética - pontos também levantados em época de fake news.
Além da exposição de obras inéditas, a exposição ainda compreende uma série de ações educativas sobre corpo e performance, como falas e debates mediados pelo artista e que irão acontecer no mesmo espaço da exposição.
Artista visual, performer e pesquisador, Renan Marcondes (São Paulo, 1991) possui um trabalho que articula intersecções entre performance, coreografia, escultura e pesquisa teórica. Usando esse campo como ponto de partida, Renan produz, sozinho ou em parceria com outros artistas, situações e objetos que alteram a movimentação do corpo, impedem gestos e representam condições bizarras ou patéticas da existência do homem, criando futuro hipotético em que o ser humano não será mais o centro de universo. Dessa fora, o artista busca noções menos afirmativas de corpo, presença e performance, que abrem espaço para as contradições e problemas atuais desses termos e práticas.
Ciclo de Conversas Fundo Falso
Durante a sua individual Fundo Falso, Renan Marcondes recebe artistas e curadores para um ciclo de conversas sobre performance
Local: Adelina, Rua Cardoso de Almeida, 1285, Perdizes, São Paulo
Representação e performance
Renan Marcondes recebe Elisa Band e Élle de Bernardini para pensar a “representação”, que ao mesmo tempo em que é renegada historicamente pela performance, também pode ser entendida como um meio de visibilidade para grupos e indivíduos excluídos de práticas hegemônicas de representação e validação.
Participantes: Elisa Band, Élle de Bernardini e Renan Marcondes.
Quando: 22 de setembro, sábado, às 15h
Políticas da performance: estética e modos de produção
Qual a relação entre modos de produção no Brasil e seus resultados estéticos. Como as leis de fomento, curadorias de espaços institucionais, editais públicos e academia ajudaram e ajudam a desenhar um cenário de performance? Como isso se desenha não apenas nas artistas, grupos e práticas aceitas por esses espaços, mas também nas marginalizações que essas estruturas institucionais perpetuam? Ferdinando Martins e Hugo Cabral Carneiro se juntam ao artista Renan Marcondes para discutir essas questões.
Participantes: Ferdinando Martins, Hugo Cabral Carneiro e Renan Marcondes.
Quando: 29 de setembro, sábado, às 15h
Arte da performance, história e morte: o corpo é tudo que importa?
A proposta dessa conversa é pensar sobre o papel da morte e do fim do corpo na história da performance, que é geralmente contada pela perspectiva da presença e sua afirmação. Como a finitude influencia a performance suas práticas e como isso apareceu e aparece na produção de artistas?
Participantes: Ruy Luduvice e Renan Marcondes.
Quando: 6 de outubro, sábado, às 15h