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agosto 20, 2018
Lourival Cuquinha na Funarte, Belo Horizonte
Transição de Fase dialoga com a temática da imigração, a partir do dia 24, sexta, na Funarte MG
A nova exposição do artista Lourival Cuquinha, Transição de Fase, será inaugurada na sexta (24/8), às 19h, na Funarte MG, no centro de Belo Horizonte. Exposto pela primeira vez, o conjunto dialoga com a temática da imigração; reúne dezenas de obras e uma instalação sonora, criada em parceria com Mariana Lacerda e Muep; e foi contemplado com o Prêmio Funarte Conexão Circulação Artes Visuais (2016). A entrada é franca.
No processo de criação do trabalho, durante quatro anos, em várias partes do mundo, o pernambucano Cuquinha encontrou-se com vendedores ambulantes, que vivenciavam situações de imigração. A cada um deles, propôs adquirir mercadorias que eles ofertavam, pagando o dobro do valor cobrado. Em troca, pediu um retrato de cada imigrante. Por fim, imprimiu as imagens sobre materiais como cobre, ou cédulas, com um detalhe: as superfícies tinham o mesmo valor do custo dos produtos negociados.
Assim, pode-se conhecer, na mostra, enfileirados ao lado de suas mercadorias, o ambulante jamaicano que vende bandeiras de países em Londres; a boliviana que oferece meias infantis nas ruas de São Paulo, enquanto carrega o próprio filho amarrado ao corpo; e o retirado da Costa do Marfim, que comercializa miniaturas chinesas da Torre Eiffel, em Paris (FR).
Na abertura da exposição, mercadores de diversos países serão convidados a ocupar o espaço expositivo e nele negociar sua mercadoria com o público. Cuquinha explica que “Transição de Fase” é um termo da física, que retrata a mudança do sólido ao líquido, ou do líquido ao gasoso. “Dentro da exposição, porém, abrange mais: é partir de um território familiar e conhecido para um território novo não-doméstico”, diz o artista, que viveu a condição de imigrante no Reino Unido, por cinco anos.
Já a peça sonora, concebida em parceria com os artistas Mariana Lacerda e Muep, é composta por trechos de entrevistas com alguns dos imigrantes retratados na pesquisa. “O registro sonoro foca especialmente em uma imigrante do Congo, Hortense Mbuyi Mwanza, que narra a vivência de refugiada política e cuja história também estará narrada no catálogo”, adianta Cuquinha.
Um programa educativo ligado ao projeto é coordenado por Carolina Santana, também artista visual e educadora, do núcleo criativo Malacaxeta, baseado em Belo Horizonte. Nessa atividade, ao longo do período de exibição das obras, o público será convidado a enviar cartões postais para a África, endereçados a familiares de imigrantes, hoje moradores da capital mineira. A correspondência será respondida. É possível agendar visitas mediadas através do e-mail educativomalacaxeta@gmail.com.
A exposição Transição de fase chega a Minas Gerais com produção executiva de Marcelo Calheiros. A mostra segue em exibição até o dia 7/10.
Lourival Cuquinha nasceu no Recife (PE), em 1975. Já expôs em nações como Indonésia, Alemanha, Inglaterra, Holanda, França, Estados Unidos, Cuba, Bélgica e Espanha, entre outras. Seus trabalhos integram coleções de instituições como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP), na capital paulista; a Coleção de Arte da Cidade de São Paulo (CCSP); e o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Recife). Obras suas figuram em coleções privadas em diversos países.