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agosto 2, 2018
Fernando Campana na Luciana Caravello, Rio de Janeiro
Fernando Campana abre, pela primeira vez no Rio de Janeiro, seu laboratório individual na mostra Macacos Robôs Furacões. Uma imersão do designer no campo das artes, através de pinturas em aquarela, desenhos em grafite, colagens com peças automotivas, entre outras obras. A mostra conta com as séries ‘Macacos’ e ‘Robôs’ e a série ‘Furacões’ que serão apresentadas na galeria Luciana Caravello Arte Contemporânea a partir do dia 7 de agosto.
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O designer traz um método dinâmico para se expressar na arte e uma capacidade quase sistemática de coletar informações e conectar-se às histórias. Muitas vezes, ele estabelece uma conexão momentânea a episódios de sua infância para inspirar suas criações. A abordagem para sua série ‘Robôs’ está em sua mente desde pequeno. Fernando queria se tornar astronauta e este alter ego é sua máquina que está em constante produção. A expressão de sua criatividade começa a partir daqui e o caráter dualista do robô é colecionar informações, sensações e memórias. Ele se lembra e esquece, porque a memória volta e se torna uma história histórica, bem como uma sensação futurista. A série se origina a partir de desenhos em grafite, enquadrados em molduras feitas de sobreposições de EVA, e se expande a inéditas colagens com peças automotivas, nunca antes trabalhadas em seus projetos.
A série ‘Macacos’ começou a ser criada um pouco antes da verdadeira tragédia da matança, a partir de sua relação ingênua com os macacos na infância. Naquela época, ele trazia consigo a esperança de domesticá-los ou de estabelecer um relacionamento humano, o que acarretou em um aprendizado de tolerar e respeitar o comportamento irracional. Os macacos acusados de transmitir febre amarela já estavam lá no papel em seu ateliê pessoal, exatos e precisos; e os belos retratos da humanidade desses primatas foram desenvolvidos com a intenção de comunicar o conceito sem sentido da diversidade. Esta tragédia foi usada como uma metáfora para ver nos macacos uma crítica social que colocou o dedo na pequena vontade burguesa de punir a diversidade. Os desenhos são feitos em aquarela, enquadrados em um patchwork de pedaços de molduras, desconstruindo o padrão clássico de molduras e propondo um novo DNA a um objeto conhecido.
A inédita série ‘Furacões’ surge a partir de um outro processo criativo, mais intuitivo, que é maturado pelo tempo, pelas relações e por seu entorno. Os sentidos tornam-se mais apurados e buscam expressar, inconscientemente, o que está por vir, como seus primeiros desenhos que originaram essa série e que antecederam os recentes furacões que aconteceram nos Estados Unidos. “Arte não se define, mas se decifra de acordo com a evolução mental ou espiritual ou amplitude de visão do observador”, destaca Fernando.
SOBRE O ARTISTA
Em 1983, Fernando Campana (1961) em parceria com seu irmão Humberto Campana (1953) fundaram o Estudio Campana em São Paulo. O estúdio se tornou famoso pelo design de mobiliário, por criações de peças intrigantes - como as poltronas Vermelha e Favela - e, também, por ter crescido nas áreas de Design de Interiores, Arquitetura, Paisagismo, Cenografia, Moda, entre outras. O trabalho dos Campana incorpora a ideia de transformação, reinvenção e integração do artesanato na produção em massa; tornando preciosos os materiais do dia-a-dia, pobres ou comuns, que carregam não só a criatividade em seu design, mas também características bem brasileiras - as cores, as misturas, o caos criativo e o triunfo de soluções simples. Os irmãos foram homenageados com o prêmio “Designer do Ano” pela Design Miami, em 2008 e os “Designers do Ano” pela Maison & Objet, em 2012. Neste mesmo ano, eles foram selecionados para o Prêmio Comité Colbert, em Paris; homenageados pela Design Week, em Pequim; receberam a “Ordem do Mérito Cultural”, em Brasília, e foram condecorados com a “Ordem de Artes e Letras” pelo Ministério da Cultura da França. Em 2013, eles foram listados pela revista Forbes entre as 100 personalidades brasileiras mais influentes. Em 2014 e 2015 a Wallpaper* os classificou, respectivamente, entre os 100 mais importantes e 200 maiores profissionais do design. www.estudiocampana.com.br
Fernando Campana brings his private laboratory to Rio de Janeiro for the first time with his show Monkeys Robots Hurricanes. The designer immerses himself in the field of fine art, using watercolors, graphite, auto part collages and other media. The show includes the ‘Monkeys’ and “Robots’ series and a new series called ‘Hurricanes’, all which will be on display for the public at the Luciana Caravello Arte Contemporânea gallery as of 7 August of this year.
The designer brings a dynamic form of self-expression to his art, along with an almost systematic capacity for collecting information and connecting with stories. He often establishes a momentary connection with episodes from his own childhood as a way of seeking inspiration for this work. The approach adopted in the ‘Robots’ series had been in his mind since he was a small boy. Campana once wanted to be an astronaut and this alter ego is a machine that is constantly under production. Creative expression for Campana starts out from this place and the dualistic nature of the robot involves collecting information, sensations and memories. He remembers and forgets, because his memory comes back and is turned into a story about the past as well as a feel for the future. The series originated in graphite drawings, framed with layers of EVA, and expanded to include collages involving auto parts, the like of which he had never worked with before.
Campana began work on the ‘Monkeys’ series shortly prior the onset of the tragic slaughter of these animals and it was based on his innocent relationship with primates as a child. At that time, he hoped to domesticate them or establish a human bond. This taught him much about tolerance and respect for irrational behavior. The monkeys alleged to be responsible for transmission of yellow fever were already present on paper in his private studio. These beautifully exact precise portraits of the humanity of these primates were produced to communicate the meaningless concept of diversity. The tragedy was used as a metaphor in which the artist sees in the monkeys a critique of the petty desire of bourgeois society to punish diversity. The drawings are in watercolor and surrounded by a patchwork of parts of various frames, thereby deconstructing the classical model of a frame and designing a new DNA for this already familiar object.
The ‘Hurricanes’ series arose from another more intuitive creative process, which has matured over time through relations with its surrounding environment. The meanings become clearer and seek unconsciously to express that which is to come, in a manner similar to the original drawings that gave rise to this series and that predate the recent spate of hurricanes in the United States. The ‘Tornado’ vase, commissioned by the Italian company Ghidini1961, was also a product of this era and is included in the show. The pictures are more powerful than the explanations. As Campana himself puts it, “Art cannot be defined, by is deciphered in accordance with the mental or spiritual evolution or breadth of vision of the viewer.”