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julho 31, 2018
Iván Navarro na Luciana Brito, São Paulo
A Luciana Brito Galeria tem o prazer de anunciar a representação do artista Iván Navarro (n. 1972), que é agora reapresentado ao público brasileiro com sua primeira individual na Galeria, uma intervenção de duas semanas intitulada The Bright Sun [O Sol Brilhante]. A abertura acontece no dia 4 de agosto, e a exposição pode ser visitada até 18 de agosto.
Em The Bright Sun, Navarro apresenta esculturas de parede no contexto de uma intervenção na sala Rino Levi: as duas paredes de vidro que separam a sala dos jardins de inverno localizados no centro da casa serão cobertas por um vinil transparente, um amarelo e o outro azul – duas das cinco cores dos anéis olímpicos. Visto que a cor de cada um dos anéis representa originalmente um continente, através desta instalação, Navarro descontrói a identidade visual institucionalizada dos símbolos olímpicos ao permitir que as esculturas presentes na sala sejam percebidas como amarelas, azuis ou verdes (a soma das duas cores) dependendo da posição do espectador em relação aos vidros coloridos.
A maior parte das esculturas exibidas nesta individual pertence à série Nowhere Man [O homem de qualquer lugar], baseada em 21 pictogramas desenhados por Otl Aicher para os Jogos Olímpicos de Munique de 1972, cada um deles simbolizando um esporte específico. Criados com lâmpadas fluorescentes tubulares (facilmente encontradas em qualquer espaço funcional), os pictogramas de Navarro conferem um aspecto doméstico e ordinário ao que deveria representar o ápice de uma conquista atlética individual. Ao escolher um material cotidiano como suporte para a série, Navarro questiona a lógica representativa tanto dos pictogramas de Aicher quanto das Olimpíadas em si, onde artistas são em última instância encarados como representações de suas nações de origem, e não como indivíduos.
As duas cores olímpicas restantes – vermelho e preto – marcam as demais obras da exposição. A cor preta é representada por um vídeo inédito intitulado Bandeira Preta, que apresenta, balançando contra o vento, uma bandeira gigantesca composta por inúmeras pequenas bandeiras de diversos países. No contexto desta exposição, a obra faz uma alusão ao massacre de onze atletas israelenses e um policial da Alemanha Ocidental no ataque terrorista realizado durante a segunda semana das Olimpíadas de Munique, em 1972, por palestinos do movimento Setembro Negro. Finalmente, o vermelho é a cor dominante das demais obras, as quais pertencem a diversas séries, criando, assim, um contexto mais amplo para a apresentação da obra de Navarro como um todo na mostra que é uma reapresentação de seu trabalho ao público brasileiro.
A produção de Iván Navarro baseia-se na interação entre dois eixos principais: a história da arte e a história da política. Por um lado, sob um ponto de vista formalista, seus trabalhos são cuidadosamente construídos e estabelecem um diálogo direto com o Minimalismo, especialmente através do uso da luz como seu suporte principal. Em contraste direto com os princípios modernistas, no entanto, a produção de Navarro é imbuída de conotações fortemente políticas, que são comunicadas ao público por inúmeras estratégias, como visto nos títulos de seus trabalhos (por exemplo, sua famosa série Electric Chairs [Cadeiras Elétricas]), no cuidadoso uso da cor ou na apropriação e desconstrução de símbolos que representam ideologias e poder institucionalizado.