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julho 17, 2018
6ª edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça no MHN, Rio de Janeiro
Junto com a mostra que reúne trabalhos dos cinco artistas premiados – Daniel Lannes (RJ), Fernando Lindote (SC), Jaime Lauriano (SP), Pedro Motta (MG) e Rochelle Costi (SP) – o público verá “A Intenção e o Gesto”, com obras de Sérvulo Esmeraldo (1929-2017), artista homenageado desta edição do projeto Arte e Indústria, ambas com curadoria de Marcus Lontra, e Verzuimd Braziel – Brasil Desamparado, do curador premiado Josué Mattos, com trabalhos de outros dezessete artistas, de várias gerações.
A partir do próximo dia 20 de julho, o Museu Histórico Nacional, no Centro do Rio, receberá três exposições relativas à 6ª edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas, que se consolidou como o mais relevante realizado no país, no desenvolvimento, valorização e divulgação da produção contemporânea brasileira. Criado em 2004, em suas seis edições o Prêmio, atualmente com curadoria de Marcus Lontra, já contemplou 30 artistas e três curadores com bolsas de trabalho para a produção de obras, que circularam por várias cidades em exposições itinerantes.
No Museu Histórico Nacional, o público verá três exposições, que reunirão trabalhos de 23 artistas, de várias gerações: “Artistas premiados”, com trabalhos de Daniel Lannes (RJ), Fernando Lindote (SC), Jaime Lauriano (SP), Pedro Motta (MG) e Rochelle Costi (SP); a exposição “Verzuimd Braziel – Brasil Desamparado”, do curador premiado Josué Mattos, com trabalhos de outros dezessete artistas; e “A Intenção e o Gesto”, com obras do artista cearense Sérvulo Esmeraldo (1929-2017), homenageado desta edição do projeto Arte e Indústria.
O PRÊMIO
Com curadoria geral de Marcus Lontra, a 6ª edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas (2017-2018) recebeu inscrições de 637 artistas e curadores de todas as regiões do Brasil. Deste total, um júri de seleção formado pelos curadores Cauê Alves, Jailton Moreira, Marcelo Campos, Moacir dos Anjos e Marcus Lontra, e ainda pela artista Lucia Laguna e pelo curador Divino Sobral, premiados em edições anteriores, definiu como finalistas 20 artistas e três curadores. Em agosto de 2017, na cerimônia de abertura da exposição com trabalhos dos artistas finalistas, no MuBE, em São Paulo, foram anunciados os cinco artistas e o curador premiados, escolhidos pelo júri de premiação composto por Anna Bella Geiger, Marcelo Rezende, Paulo Herkenhoff, Wagner Barja, e Marcus Lontra.
Cada um dos cinco artistas vencedores recebe uma bolsa de R$ 50 mil para a produção de seus trabalhos, e o curador uma bolsa no valor de R$ 25 mil. Além disso, cada um deles é acompanhado por um crítico de arte ou curador, estabelecendo um rico diálogo que busca aprofundar e desenvolver questões relacionadas aos seus trabalhos: Daniel Lannes – Jailton Moreira, Fernando Lindote – Paulo Miyada, Jaime Lauriano – Moacir dos Anjos, Pedro Motta – Cauê Alves, Rochelle Costi – Bernardo Mosqueira e Josué Mattos – Clarissa Diniz. Na etapa seguinte, o objetivo é fazer circular por cinco diferentes cidades os trabalhos dos premiados. As três exposições que chegam agora ao Museu Histórico Nacional, no Rio, já estiveram em Brasília, Goiânia e Fortaleza, e seguem depois para Florianópolis.
“O Prêmio é uma homenagem da indústria nacional a Marcantonio Vilaça (1962-2000), um dos principais responsáveis pela institucionalização e projeção internacional da arte contemporânea brasileira”, destaca Marcus Lontra. “Colecionador e galerista, Marcantonio foi reconhecido como a principal referência do mercado latino-americano de arte nos anos 1990. E é em coerência com essa história que o Prêmio se constitui uma ferramenta de apoio à difusão e à articulação da produção artística brasileira em toda a sua força e variedade expressiva”.
EXPOSIÇÕES
Artistas premiados da 6ª edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas
Daniel Lannes (1981, Niterói, RJ) vive e trabalha no Rio. Dele, estarão na exposição quatro pinturas em grande formato. Sua pesquisa discute história da arte, pintura figurativa, e aspectos relacionados ao Brasil e ao Rio, fazendo uma crônica visual que abrange a valorização do corpo, a sensualidade, a sexualidade, os clichês, e as relações de poder, de classe. Um exemplo é sua pintura “Cúpula” (2016), acrílica sobre lona, com 180 cm x 250 cm, em que há um encontro de dois universos: a tensão observada em uma reunião de políticos nos anos 1970, e uma projeção erótica.
Fernando Lindote (1960, Santana do Livramento, Rio Grande do Sul), que vive e trabalha em Florianópolis, mostrará na exposição seis pinturas e duas esculturas. Começou como cartunista, em que uma de suas características era que o traço, o estilo, a concepção e todo o tratamento variavam em cada desenho. Para ele, a técnica, o pensamento, a forma precisam estar intimamente ligados ao que está desenvolvendo. é fundamental estar envolvido – técnica Em seu processo de pintura, faz autorretratos com o corpo, que é parte integrante, como “regulador da ênfase” empregada. Operando constantemente trocas entre repertórios, ele diz cada vez ter menos hierarquia no olhar para a tradição da arte, e sim buscar o que lhe interessa.
Jaime Lauriano (1985, São Paulo, onde vive e trabalha). As instalações “Trabalho” e “Pedras portuguesas #4 e 5” junto ao vídeo “Justiça e Barbárie” mostram o interesse do artista pelas questões brasileiras, como os ciclos de escravidão, o que chama de “escavação topográfico-histórica”, a relação dos monumentos com as barbáries, genocídios de parcelas da população, e ainda o período militar.
Pedro Motta (1977, Belo Horizonte). O artista vive em São João Del Rey, Minas, e sua prática artística inclui um ritual diário de pedalar por quilômetros, até formatar a ideia do trabalho. Então retorna a um determinado local escolhido e fotografa, fazendo intervenções digitais, deixando para o público a escolha de ver se é real ou não. “A dúvida é uma questão crucial, uma vez que a paisagem está em constante transformação, pela ação do homem, como erosão em paisagens em escala monumental, o que me faz questionar muitas coisas”. Seis fotografias da série “Naufrágio Calado”, que integram esta pesquisa, estarão na exposição.
Rochelle Costi (1961, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul). A reconhecida artista, que vive e trabalha em São Paulo, vai mostrar fotografias das séries “Desvios (Eudoxia – Vasco)”, “Desvios (Clemencia – Noel)”, e “Desvios (Zuzu)”. Ela afirma que fotografias e objetos sempre foram importantes para ela, desde a infância.
A Intenção e o Gesto – Projeto Arte e Indústria – Curadoria de Marcus Lontra
Na terceira edição do projeto Arte e Indústria, que busca dar visibilidade à relação entre processos artísticos e industriais, o artista homenageado é o cearense Sérvulo Esmeraldo (1929-2017), um dos expoentes da arte cinética, radicado e que ganhou reconhecimento internacional, desde que viveu em Paris de 1957 a 1980.
Verzuimd Braziel – Brasil Desamparado – Curadoria de Josué Mattos – curador premiado da 6ª edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas
Artistas participantes: André Parente (1957), Anna Bella Geiger (1933), Carla Zaccagnini (1973), Cildo Meireles (1948), Clara Ianni (1987), Dalton Paula (1982), Daniel Jablonski (1985) e Camila Goulart, Daniel Santiago (1939), Ivan Grilo (1986), Lourival Cuquinha (1975), Regina Parra (1981), Regina Silveira (1939), Santarosa Barreto, Thiago Honório (1979), Thiago Martins de Melo (1981) e Vitor Cesar (1978).
O curador catarinense Josué Mattos partiu da expressão “Verzuimd Braziel” (Brasil Desamparado), cunhada pelo poeta e nobre holandês Jonkheer Willem van Haren (1710–1768), para discutir questões atuais do país. Em 1995, o artista Daniel Santiago usou esta mesma frase para nomear uma performance em que atirava tufos embebidos em tinta colorida sobre a parede onde ela está escrita. “Como chefe de bando, Santiago orquestra a artilharia: preparar, apontar, fogo. Ao final, todos assinam a parede da ação jocosa que sintetiza séculos de medidas arbitrárias, impunidades descabidas, genocídios dissimulados, extermínios omissos”.
AÇÃO EDUCATIVA
O Prêmio também se destaca pela ênfase no programa educativo realizado em paralelo às exposições, que contempla visitas mediadas, cursos, ateliês e ações poéticas direcionadas aos diversos públicos que frequentam as mostras, entre eles professores, alunos das redes públicas e particulares, estudantes universitários e famílias. As visitas podem ser agendadas pelo telefone (21) 3299-0361 ou pelo e-mail.