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julho 5, 2018
Laura Vinci na Nara Roesler NY, EUA
Galeria Nara Roesler | New York apresenta Laura Vinci: Diurna, primeira exposição individual da artista em Nova York. Apresentando instalações escultóricas delicadas, a exposição busca refletir sobre a nossa relação em constante evolução com a natureza, mediada pelo espaço urbano.
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A produção de Laura Vinci tem como foco esculturas e instalações site-specific que tratam sobre a conexão entre corpo, espaço e efemeridade. A artista, que também atua no teatro como diretora de arte, percebe o espaço como um organismo complexo, que media o corpo e é sucetível à constante passagem do tempo. Seus projetos são pensados para investigar processos de mudança e movimento, buscando testemunhar a transitoriedade da matéria no espaço e convidando o público a reconsiderar o ambiente que o cerca.
Em Diurna, a instalação Folhas Avulsas (2018), composta por 72 esculturas douradas em formato de folhas, irá cercar as recém-abertas janelas da galeria, convidando a luz natural de verão da cidade a adentrar o espaço expositivo. As folhas de Vinci ondulam, eternalizando o movimento de uma leve brisa na folhagem, lembrando o espectador que overão é seguido do inverno. De acordo com Vinci, “Diurna cria um movimento de migração insinuando uma transferência de folhas de um outono virtual no Hemisfério Sul para dar as boas-vindas à nova estação no Norte. Essas folhas fundidas em latão e banhadas a ouro pontuam a arquitetura do espaço, como se fossem sopradas pelas janelas recém-abertas.”
Embora possa parecer contraditório que objetos destinados a simbolizar transitoriedade e movimento sejam fixados à parede, as esculturas foram cuidadosamente projetadas para permitir que se tornem um componente estrutural no espaço da galeria, enraizando-se fisicamente em sua localização geográfica. Como explica Vinci, “As folhas avulsas são fixadas diretamente à parede através de finos alfinetes, como relíquias de um futuro em que as excentricidades singulares de nossa Terra deixaram de ser notadas. A luz externa se abriga no espaço da galeria, variando em intensidade e tonalidade e estabelecendo uma coloração solar no ambiente. Diurna convida o espectador a ver-se como parte integrante deste ambiente pulsante, onde seu próprio corpo está presente no continuum.”
No entanto, a investigação de Vinci sobre processos de mudança, movimento e efemeridade está enraizada no desejo de questionar as escolhas que fazemos e fizemos em relação ao ambiente que nos rodeia. As frágeis esculturas Morro Mundo Mundo (2018) da artista apresentam um minucioso contorno dourado do mundo, contidos em globos de vidro. Enquanto isso, Morro Mundo Pin (2018) retrata o contorno do mundo, enrolado e contorcido. Como Vinci ressalta: “Em português, morro é tanto um verbo (primeira pessoa do tempo presente de morrer: eu morro) quanto um substantivo (morro). No meu título, eu usei como verbo. Mundo é mundo, como no latim mundi. A instalação é sobre esse sentimento envolvendo o mundo agora. O poeta Carlito Azevedo descreve lindamente: ‘Morro Mundo é tanto político quanto um diálogo com a hora atual…’.”
O tom político da exposição ecoa através das obras Onde Estamos? (2017) e Duas Medidas (2017). Fixadas à parede, essas esculturas de bússola e balança (respectivamente) evocam instrumentos que medem direção e peso, reiterando a questão sobre nossa atual posição no mundo. No entando, a artista também sugere a necessidade de mudança e transformação ao incluir pequenos fragmentos de granada às esculturas. A pedra granada, um símbolo de motivação e determinação, evoca um desejo por mudança. Vinci explica, “estes pequenos objetos que se configuram como ferramentas de medição podem nos ajudar a continuar a nossa jornada”. Portanto, a mensagem final da exposição não diz respeito à mudança e à permanência, mas aos elementos que nos conduziram ao presente e irão nos guiar no futuro.
Laura Vinci nasceu em São Paulo, 1962, onde vive e trabalha. Principais individuais e projetos site-specific incluem: Diurna, Farol Santander, São Paulo, Brasil (2018); Morro Mundo, Espaço Cultural Porto Seguro (ECPS), São Paulo, Brasil (2017); Untitled (from the series Papéis Avulsos), Art Center/South Florida, Miami, EUA (2014); Lux e No ar, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa, Portugal (2010); Clara-Clara, Laneway Commissions, Melbourne, Austrália (2006-07); Máquina do Mundo, Palazzo delle Papesse, Siena, Itália (2004); e Estados, Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), São Paulo, Brasil (2002). Participou da 2ª, 5ª e 7ª edições da Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil (1999, 2005 e 2009) e da 26ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo, São Paulo, Brasil (2004). Suas obras estão presentes nos acervos de: Instituto Inhotim de Arte Contemporânea, Brumadinho, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; entre outros.
Galeria Nara Roesler | New York is pleased to present Laura Vinci: Diurna, the artist’s New York solo debut. Featuring delicate sculptural installations, the exhibition reflects on our evolving relationship with nature and on the urban environment that mediates it.
In Diurna, the artist’s installation Folhas Avulsas [Loose Leaves] (2018), 72 golden leaf sculptures will surround the gallery’s newly opened windows, inviting the city’s natural summer light into the exhibition space. Vinci’s leaves curl, as if frozen mid-motion, eternalizing the movement of a light wind on foliage, and reminding the viewer that summer is followed by fall. According to Vinci, “Diurna creates a movement of migration by hinting at a transfer of leaves from a virtual autumn in the Southern Hemisphere to celebrate the new season in the North. These scattered, brass-cast, and gold-plated leaves punctuate the architecture of the space, as if blown in through the newly opened windows.”
While it might seem counter-intuitive that objects meant to symbolize transience and movement should be pinned to the wall, the sculptures were carefully designed to allow for them to become a structural component of the gallery space, physically rooting them in their geographic location. As Vinci explains, “The loose leaves are attached directly onto the walls by thin pins, like relics of a future in which the singular eccentricities of our Earth have ceased to be noticed. The external light takes shelter in the gallery space, varying in its intensity and tonality and establishing a solar coloration in the environment. Diurna invites the viewer to see themselves as an integral part of this pulsing environment, where the viewer’s own body present within the continuum.”
The political undertone of the exhibition is echoed by the pieces Onde Estamos [Where are we] (2017), and Duas Medidas [Two Measures] (2017). Pinned to the walls, these sculptures of compass and scale (respectively) evoke devices that gauge direction and weight, reiterating the question concerning our current position in the world. Yet the artist also suggests the need for change and transformation by including minute fragments of garnet in these sculptures. The garnet stone, a symbol of motivation and determination, evokes a desire for change. Vinci explains, “these small objects configured as measuring tools, can help us continue our journey.” Therefore, the exhibition’s ultimate message does not concern change or permanence, but the elements that led us to the present and will guide is into the future.