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julho 4, 2018
Cá entre nós na Villa Aymoré, Rio de Janeiro
Cá entre nós é uma mostra de artes com algumas obras dos anos 90 e outras atuais de nove artistas cariocas com uma obra madura e reconhecida
A mostra Cá entre nós visa reunir um grupo de artistas exemplarmente representativo da arte carioca e de uma geração dos anos 90, que retoma a arte conceitual e ao minimalismo mas com um viés mais humanitário: expressivo, político, psicológico e experimental -- em retomada aos preceitos da arte dos anos 70. Assim como os Neoconcretos estavam para os Concretos, esse grupo se contrapôs à pintura expressiva dos anos 80s com uma arte sobretudo conceitual. E no caso de Márcia Thompson com uma pintura conceitual. A curadora Paula Terra realizou junto com Glória Ferreira uma grande mostra na Casa França-Brasil, Situações: Arte Brasileira anos 70, sobre essa produção conceitual e política, que foi agraciada com o prêmio de melhor mostra do ano pela crítica e tem o objetivo de preparar uma retrospectiva sobre o Visorama, grupo em que eles todos atuaram e alguns foram membro-fundadores quando eram residentes no Rio, no final dos anos 80, início dos 90s. Cá entre nós acontece no belíssimo espaço da Villa Aymoré, uma vila de casarios antigos restaurados na Glória, (onde tem o Jacarandá); e estará aberta a todos gratuitamente no mês de julho como parte da programação da Villa Aymoré e da Terra-Arte in Rio, incluindo vídeos, instalações, esculturas, fotografias, pinturas e objetos.
Os artistas de Cá entre nós trabalham e se relacionam como amigos desde os anos 80-90, quando ainda bem jovens aprendiam sobre a produção contemporânea de arte por meio de revistas estrangeiras em que fotografavam e faziam grupos de estudos analisando os slides trazidos por todos para as reuniões formais e casuais, numa atuação que durou de uns 3 a 4 anos. Eles todos não só são produtores de artes, mas também de conhecimento sobre arte, atuando como artistas pesquisadores, professores, editores de revistas, criadores de espaços, mostras, eventos, atuando como veículos de fomentação da arte contemporânea brasileira no Rio, no Brasil e no mundo.
Cá entre nós é isso -- uma mostra que tem esse caráter de pesquisa curatorial experimental que tem fundamentos históricos muito sólidos mas também uma pulsão de vida forte; que homenageia esse campo da produção de arte que se faz permeada por laços e afetos, por trocas existenciais ricas de sentido. As situações vividas na arte, na arte no Rio, na arte contemporânea, muitas vezes com muita precariedade de meios e recursos faz surgir em oposição uma arte potente, poderosa, impregnada de um sentido crítico, e de proposições: experimentais, sensoriais e intelectuais que sobrepujam assim a todos os limites que a realidade nos impõe. Mas que também quer mudar essa condição limitadora.
A realização da mostra só foi possível com a soma do esforço e apoio de espaço, galeria, artistas, arquitetos, designers, e todos os amigos cariocas trabalhadores da arte que querem atuar em parceria com a Terra-Arte para dar nos a ver essa riqueza de vida, experiências e ideias que a arte brasileira contemporânea vem oferecendo ao mundo.
A exposição tem a curadoria criteriosa da historiadora e pesquisadora Paula Terra-Neale que está com três mostras no Rio neste momento, as outras mostras estão no Paço Imperial e na Martha Pagy Escritório de Arte. Os projetos curatoriais da sua plataforma Terra-Arte, de fins não lucrativos, tem acontecido na Inglaterra: Londres, Oxfordshire e Buckinghamshire e no Rio de Janeiro, e está expandindo esse ano para Lisboa, além das redes sociais e online. Ano passado em 2017 a Terra-Arte realizou mostras com alguns desses artistas em Londres e Buckinghamshire (The Role of Image I and II), com quem ela trabalha desde os anos 90. (Vale a pena conferir pelo Instagram @terraartegallery e Facebook na página da Terra-Arte).
Dia 9 de julho, segunda-feira, às 17hs, teremos um bate papo de artistas, críticos e curadores incluindo Marisa Flórido e outros convidados.