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junho 22, 2018
Cristina de Pádula no Paço Imperial, Rio de Janeiro
No dia 28 de junho, será inaugurada no Paço Imperial a exposição aqui, não com obras recentes da artista visual Cristina de Pádula, que ocuparão duas salas do segundo andar do Paço Imperial. Como diz o curador da mostra Cezar Bartholomeu, “O título da instalação de Cristina de Pádula sugere uma enorme negatividade, o que é confirmado por certo esvaziamento centrípeto do lugar de exposição, mas sobretudo pelo negror do material de que faz uso para construir seus trabalhos, sejam eles desenhos, fotos, vídeos, objetos de cena, elementos construtivos do espaço ou mesmo acúmulos de seus restos quase sem forma.”
Na primeira sala o visitante irá se deparar com uma instalações com desenhos, dois vídeos e uma série com dez fotografias. A primeira obra, a instalação Desenho-círcular, o visitante poderá ver 700 desenhos amassados que demarcam um lugar de experiência errática da matéria acumulada. Como desdobramento desta obra, o vídeo Ao cabo de alguns segundos tudo recomeça, apresenta uma ação sem fim de buscar dentro dos desenhos, por algo que não sabemos o que possa ser.
Seguindo pela mesma sala série de fotografias Incidente-nichos apresenta registros de uma estante tombada com a matéria negra. Nestas fotografias dípticas há um jogo com a estrutura da estante que cria outros espaços de difícil comprreensão, senão esclarecidos pela presença, ao final da sala de exposição, do vídeo Incidente, no qual seu som invade parte da exposição junto às fotografias.
Na segunda sala da exposição o visitante encontra matéria de parafina negra, cerca de 700 quilos com a instalação aqui, não que ocupará uma área de 80 metros quadrados. Esta instalação com a parafina negra acumula restos de trabalhos que foram construídos e destruídos ao longo de mais de 20 anos de trabalho. Trata-se da mesma matéria sempre reutilizada, adquirindo distintas configurações e sentidos a cada novo trabalho.
Como diz a artista sobre sua instalação, “com a obra aqui, não, apresento um espaço difícil de estar. Deslocando-se pela sala, numa penumbra, o visitante encontrará cinzas e resíduos informes, índices de formas que outrora foram destruídas. A presença de duas escadas maciças de parafina negra não esclarece nada a respeito daqueles restos. Encontramos, ainda, placas quebradas pelo chão, na mesma escala que a das tábuas de madeira da sala expositiva, insinuando uma proximidade com o lugar onde estão, embora nos pareça difícil compreender a relação. Outras pequenas placas de parafina, em formato de tacos, remetem a um imaginário lugar, que não sabemos se existe ou existiu. Novamente, não há nenhuma narrativa que possa esclarecer a presença de tais fragmentos”.
Cristina de Pádula, Rio de Janeiro, 1972.
Artista visual. Atualmente é Doutoranda em Linguagens Visuais pelo Programa de Pós Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Desde 1995, trabalha produzindo instalações, desenhos, fotografias e vídeos a partir de uma mesma matéria de parafina negra. Participa de exposições coletivas, salões de arte e exposições individuais desde 1994. Em 2013 participou de uma residência artística em Munique na galeria Gedok. Em setembro deste ano tem ainda outra exposição individual agendada no Centro de Artes Hélio Oiticica, onde também apresentará outras obras inéditas.