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junho 18, 2018
Manata Laudares encerram mostra com apresentação de ThePlace na Sé Galeria, São Paulo
Sábado, 23 de junho das 12h as 20h, acontece o encerramento da mostra After Nature, do duo Manata Laudares, e a Sé apresenta ThePlace.
Após ocuparem a galeria Sé com trabalhos históricos e alguns inéditos produzidos nos mais diversos suportes, os artistas ativam ThePlace, espaço de imersão e compartilhamento, realizado há vinte anos em vários países que, agora, tem sua primeira edição em São Paulo.
Essa edição contará com a participação de artistas, DJs e produtores parceiros de longa data do duo. Bruno Queiroz, Ju Frontin, Marcelo Mudou, Pedro Victor Brandão e Sávio de Queiroz apresentarão DJ sets e live PAs.
SOBRE O TRABALHO
ThePlace nasce da vivência dos artistas junto ao universo cultural da música eletrônica e é um convite para compartilhar experiências sonoras. Neste trabalho, o duo desenvolve uma operação simples, porém subversiva, ao propor o deslocamento da pista de dança para o espaço da arte, intensificando o trânsito característico da cultura contemporânea.
O trabalho teve início em 1998 e foi realizado em várias cidades, dentro e fora do país, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Praga (República Tcheca), Brest (França), e Berlim (Alemanha).
“ThePlace parte da crença na impotência do objeto artístico frente ao local que se propõe manifestar, ou seja, na cultura. Este espaço, considerando toda sua complexidade, possibilita vivências tão surpreendentes, que tornam esta produção plástica contemporânea atrelada à história da arte, incapaz de disputar alguma credibilidade ou interesse fora de seu círculo. O trabalho é a construção de uma pequena parte deste universo, que aqui propomos ser performado no espaço da arte", afirmam os artistas.
O trabalho se dá em dois momentos: o primeiro no campo da negociação entre artistas, instituição e comunidade local, quando o duo os instiga a participar desta rede de trocas. E o segundo acontece no campo da apropriação, sinalização* e disponibilização do espaço e equipamentos.
Para os artistas, “O som é o elemento agregador, pois não fala apenas aos especialistas. Nós o usamos como uma forma de propor uma experiência objetiva, em contraste à subjetividade largamente utilizada na arte contemporânea".
No final dos anos 1990, os artistas questionam "como viver, produzir arte, distribuí-la e transmitir seu conhecimento num contexto da economia da informação". Instigados por um aforisma de Roland Barthes publicado em “Incidentes”, em que descreve a potência de sua experiência no clube parisiense Le Palace na véspera de sua viagem ao Marrocos, o duo cria ThePlace na busca de uma experiência que tivesse "intensidade e duração".
Naquele momento, relatam os artistas, "nem sabíamos direito se estávamos fazendo arte". Mas ao compreender a potência do que faziam, começaram a pensar em questões como: qual é o papel do artista nesse novo desenho da sociedade e a relação entre arte e som, e passaram a articular noções de afeto, compartilhamento, copyleft, autoria, horizontalidade, além de problemas estéticos específicos da arte, como a noção de programa e processo, espaços de imersão etc. Questões que atravessam toda "prática" do duo.
Para Lisette Lagnado, os artistas são “pioneiros na introdução da síntese entre o espaço da arte e a pista de dança, vislumbrada na arte brasileira desde a Cosmococa CC2 ONOOBJECT (1973), de Hélio Oiticica, Manata Laudares vem mapeando a produção sonora contemporânea e nos entregam agora sua versão fria e coerente com nossa distopia”.
*O espaço é demarcado com a malha de quebra-cabeça cego para indicar o local da ação e tornar os presentes parte da experiência.
SOBRE OS ARTISTAS
O duo Manata Laudares teve início em 1996, em Belo Horizonte, a partir da observação dos artistas sobre o universo do comportamento e da cultura da música eletrônica contemporânea.
Os artistas afirmam seu interesse em atuar na “economia política da arte” criando espaços de convivência e troca de informações que podem assumir vários formatos (residências, workshops, instalações e programas em processo). A estratégia passa pela utilização de signos universais, tais como: cantos de pássaros, batidas do coração, quebra-cabeças, a forma do alto falante ou o próprio objeto, como artifícios utilizados na construção de uma rede que aguça os sentidos dos participantes.
“Atuamos na membrana do sistema e na formação de artistas, gostamos de agir como ‘catalisadores’, acelerando os processos”, ressalta Manata.
O som, no trabalho do duo, atua como “dispositivo social” e tem valor agregador e possibilitador. Ele promove um resgate da memória e o intercâmbio cultural, sem pedir especialistas, ao mesmo tempo em que é tratado como um canal de afeto.
“Nossas atividades sonoras agregam tanto iniciados quanto os que não têm acesso aos discursos acadêmicos e aos espaços específicos do sistema, como as galerias e salões”, diz Laudares. Os artistas propõem arte contemporânea na forma de "mediação e intervenção pública" ao afirmar: “Nós somos o Sistema de Som”.