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junho 14, 2018
Luzes indiscretas entre colinas cônicas na Simone Cadinelli, Rio de Janeiro
Ipanema ganha novo espaço de arte: Galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea abre com exposição sob a curadoria de Marcelo Campos
O casarão amarelo da Aníbal de Mendonça, no conhecido “quadrilátero dourado” de Ipanema, abriga a partir de 20 de junho a galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea. A proposta do espaço é ser um centro propulsor da arte, com exposições, mas também performances, workshops, visitas guiadas, numa programação diversificada.
“Queremos inovar, romper padrões e promover a arte.”, explica Simone Cadinelli. A arquiteta, colecionadora e incentivadora das artes explica que a escolha do local teve importância fundamental: “A edificação é um elemento de partida por conta da minha formação. O espaço tem tradição.”
A exposição de inauguração Luzes indiscretas entre colinas cônicas tem curadoria de Marcelo Campos e reúne obras de 13 artistas que têm em comum temas relacionados a luz, corpo e paisagem.
A ESTREIA COM MARCELO CAMPOS
Simone diz que trazer Marcelo Campos para a primeira exposição: “se conectava com nossa proposta. Sua atuação institucional e acadêmica congrega com nosso projeto de associar artistas de renome com novos nomes. Estamos muito felizes”.
Marcelo também está bastante animado com o desafio. “Recebi o convite e todo o material dos artistas e logo percebi o interesse da galeria sobre discussões atuais e sociais. A exposição inaugural vai trazer um pouco da consciência de assuntos do presente, cedendo espaço para artistas atuais.”
LUZES INDISCRETAS ENTRE COLINAS CÔNICAS
A proposta de Marcelo Campos com esta exposição é unir trabalhos que tratem de ideias relacionadas à luz, ao corpo e a paisagem. Ele se baseou no relato de viajantes que se deparavam com as cidades brasileiras e em três conceitos que se tornaram evidentes: a luz, a transbordante paisagem e o gentio.
“Mário de Andrade, em O turista aprendiz, destaca a luz das manhãs no subúrbio do Rio de Janeiro e uma ‘certa’ característica ‘indiscreta’ nas pessoas, nas ruas. George Gardner, em Viagem ao interior do Brasil, inicia seu trabalho de campo no litoral e não se furta em valorizar a transbordante beleza da natureza, a cidade por entre ‘colinas cônicas’,” conta Marcelo deixando escapar o jeito didático do professor de história da arte.
Partindo dessas constatações o curador pensa na paisagem como uma clareira de luz na mata. “Os artistas desta exposição olham a cidade como se fôssemos mergulhar de trampolim em direção ao pleno viver. Porém, há outras luzes que transcendem e atravessam esta observação, a luz da noite, das encruzilhadas, dos paraísos artificiais, dos néons, dos espelhos”, acrescenta.