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junho 13, 2018
Randolpho Lamonier na Zipper, São Paulo
A Zipper Galeria recebe, a partir de 21 de junho, a primeira exposição individual do artista mineiro Randolpho Lamonier em São Paulo. Abrigada no projeto Zip’Up, a mostra É tarde e chove, mas os ratos não têm medo do escuro reúne novos trabalhos que refletem sobre as relações entre os fluxos no espaço urbano e a formação da identidade, a partir do descolamento do artista entre os bairros periféricos onde cresceu, na cidade de Contagem, e o centro urbano polarizador, Belo Horizonte, ambas em Minas Gerais. Com curadoria de Raphael Fonseca, a mostra fica em cartaz até 28 de julho.
A reflexão sobre diferentes geografias urbanas e espaços de sociabilidade fundamenta a investigação do artista. “Trago um estado de deriva que prioriza a experiência ao invés da captura analítica dos fatos e me coloco em um estado de atenção onde a reflexão é fruto de uma experiência afetiva, física e quase sempre coletiva”, afirma o artista, que atualmente também está participando da coletiva “MITOMOTIM”, no Galpão Videobrasil.
A narrativa oscilante é refletida nos formatos e técnicas variados, que acompanham as ambiguidades da experiências cotidiana. Em vídeos, fotografias e pinturas em têxtil, o artista explora os temas com elementos de seu repertório visual e afetivo. “São trabalhos em que as relações entre imagem e palavra, autobiografia e ficção se misturam e convidam o público a refletir existencialmente sobre a solidão das grandes cidades e o silêncio das cidades-dormitório”, analisa o curador.
Idealizado em 2011, um ano após a criação da Zipper Galeria, o programa Zip’Up é um projeto experimental voltado para receber novos artistas, nomes emergentes ainda não representados por galerias paulistanas. O objetivo é manter a abertura a variadas investigações e abordagens, além de possibilitar a troca de experiência entre artistas, curadores independentes e o público, dando visibilidade a talentos em iminência ou amadurecimento. Em um processo permanente, a Zipper recebe, seleciona, orienta e sedia projetos expositivos, que, ao longo dos últimos seis anos, somam mais de quarenta exposições e cerca de 60 artistas e 20 curadores que ocuparam a sala superior da galeria.
Randolpho Lamonier (Contagem, MG, 1988) desenvolve sua pesquisa visual a partir de diversas mídias e processos, num acúmulo de signos e gestos que refletem sobre a urgência na construção de identidades individuais e coletivas. Indicado ao Prêmio Pipa (2018), recebeu o “Prêmio Residência” no Festival Camelo de Arte Contemporânea (2016), “Prêmio Incentivo- Bienal Naïfs do Brasil” (2016) e o “Prêmio Memória da Casa- de Dentro e de Fora” (2013). Principais exposições individuai: “Vigília”. Palácio das Artes, Belo Horizonte- 2017; “Carbono 14”. Centro Cultural Francisco Firmo de Matos. Contagem- 2016; “Diários em Combustão”, Galeria Orlando Lemos, Nova Lima- 2014. Principais exposições coletivas: “MITOMOTIM”. Galpão Videobrasil. São Paulo. 2018; “Bienal Naifs do Brasil”. Sesc Belenzinho. São Paulo- 2017; ”Bad Video Art Festival”. Moscou, Rússia- 2017; “Tudo é Tangente”. Memorial Minas Gerais Vale. Belo Horizonte- 2017; "AVI- Video Art Festival". Tel Aviv, Israel. 2016.
Raphael Fonseca é pesquisador nas áreas da curadoria, história da arte, crítica e educação. Curador do MAC-Niterói e professor do Colégio Pedro II. Doutor em Crítica e História da Arte pela UERJ. Recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça de curadoria (2015) e o prêmio de curadoria do Centro Cultural São Paulo (2017). Curador residente na Manchester School of Art (Maio-Agosto de 2016). Foi um dos autores convidados para o catálogo da 24a Bienal de São Paulo (com curadoria de Jochen Volz). Escreve regularmente para a revista ArtNexus. Entre suas exposições recentes, destaque para "The sun teaches us that history is not everything" (Osage Foundation, Hong Kong 2018); "Dorminhocos - Pierre Verger" (Caixa Cultural Rio de Janeiro, 2018); "Bestiário" (Centro Cultural São Paulo, 2017); "Dura lex sed lex" (Centro Cultural Parque de España, Rosario, Argentina, 2017).