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maio 29, 2018
Bruno Dunley na Nara Roesler, São Paulo
A Galeria Nara Roesler apresenta em seu espaço paulistano duas mostras individuais e simultâneas de artistas que têm em comum a pintura como recurso central em suas trajetórias: No Meio, de Bruno Dunley e Fragmentos do Real (Atalhos), de Fabio Miguez. Ambos pertencem a gerações marcadas pela retomada da pintura, 2000 e 80 respectivamente, e compartilham referências históricas do universo pictórico. Todos estes aspectos serão abordados em uma conversa aberta ao público entre os artistas e os críticos Rodrigo Moura e Tadeu Chiarelli, no dia 4 de agosto, sábado, às 11h.
Bruno Dunley – que no início de 2018 lançou o seu primeiro livro homônimo pela Associação para o Patronato Contemporâneo - APC e realizou a sua primeira individual no espaço da Galeria em Nova York – apresenta agora em São Paulo, No Meio, exposição que reúne cerca de 24 obras de diferentes dimensões, realizadas de 2015 a 2018, acompanhada de texto de Tadeu Chiarelli.
A partir do oceano de imagens que atinge a todos, o crítico aponta que os artistas reagem de diferentes maneiras diante desse cenário. “Há aqueles que se afogam com prazer nas águas turvas da internet, à caça de ícones passíveis de serem processados e tornados ‘obras’, e aqueles que, como Dunley, mesmo que também envoltos nessas mesmas águas e levados a nelas buscarem o alimento para suas produções, resistem a se deixarem afogar pelas correntezas do inócuo que governam as profundezas desse oceano”.
Chiarelli destaca a pintura que dá nome à mostra, No meio (2016), por ele entendida como um emblema dos artistas que resistem à naturalização desse excesso imagético. “No meio apresenta-se como um espelho que aparentemente nada reflete e onde está escrita a expressão ‘no meio’ (escrita, não refletida)”.
Para o crítico, a produção do artista nos últimos anos está repleta desses tipos de espelhos que não refletem o mundo, mas que marcam um lugar preciso no centro de muitas de suas pinturas. “Produzindo essas obras que se situam entre a afirmação do fazer pictórico e a presença de signos provenientes daquele mar de imagens tornado, em definitivo, a nossa nova primeira natureza, Dunley parece encontrar nesses espelhos cegos que produz a última fortaleza, ou a última lanterna a servi-lhe de guia para não submergir em definitivo”.
Bruno Dunley (n. 1984, Petrópolis, Brasil) vive e trabalha em São Paulo. Dunley formou-se bacharel em Artes Visuais pela Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, e bacharel em Fotografia pelo SENAC, na mesma cidade. Por seu envolvimento com o Grupo 2000e8, desenvolveu um pensamento crítico acerca da trajetória da pintura no mundo contemporâneo. Desde 2008, a principal corrente de sua prática diz respeito à pintura. Seus trabalhos partem de imagens encontradas e de uma análise da natureza da pintura na qual códigos linguísticos, como o gesto, o plano, a superfície e a representação, são compreendidos como um alfabeto, um vocabulário compartilhado. Recentemente, sua prática voltou-se à abstração gestual, sem, no entanto, deixar de lado a representação de objetos do cotidiano. Dunley afirma: “Há uma variedade visual nos trabalhos mais recentes. Há uma mudança fundamental na função da imagem, uma descrença numa forma única de representação, uma descrença na afirmação da unicidade no corpo de sua obra e da sua identidade por um estilo – uma repetição visual fortemente demarcada. Ao invés de articular o modo de fazer as coisas, os tipos de visibilidade e a reflexão sobre as relações entre eles, isso implica a construção de um efetivo que sustenta e afirma a obra”. Há sempre uma só cor predominante na superfície de suas telas, o que sugere uma linguagem visual minimalista e confere um ar meditativo a algumas de suas pinturas, ao mesmo tempo em que revela lacunas na continuidade aparente da percepção. Algumas de suas individuais mais recentes foram: (incluir expo GNR NY), Ruído (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2016), No lugar em que já estamos (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2014); e (Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo, Brasil, 2013) e Bruno Dunley (11 Bis, Paris, France, 2012). Também participou recentemente das coletivas Os primeiros 10 anos (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2011); Assim é se lhe parece (Paço das Artes, São Paulo, Brasil, 2011); e Paralela 2010 (Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo, Brasil, 2010).