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maio 28, 2018
Marcellvs L. na Luisa Strina, São Paulo
A Galeria Luisa Strina tem o prazer de anunciar a terceira exposição individual de Marcellvs L., Ontologia Lenta. O artista apresenta instalação homônima composta de três canais de vídeo sincronizados com quatro de áudio, além de uma nova composição sonora e gravações de campo. A instalação será apresentada a cada hora e é recomendável assisti-la desde o princípio.
A ontologia é o estudo do ser e da presença, que, desde os pré-socráticos, diferencia a esfera do Ser da esfera do Nada. “Ser e Nada, presença e ausência são categorias fundamentais da ontologia. A filosofia do século XX, na sequência de Nietzsche, articulou-se como uma filosofia crítica da metafísica, questionando a ontologia. A desconstrução que Derrida fez da metafísica logocêntrica é a desconstrução da correlata ontologia da substância e do sujeito. Ela se dá através da junção das categorias da presença e da ausência. Presença sempre é, também, ausência”, segundo Marcus Steinweg. Em outras palavras, a ausência seria a presença ausente e vice-versa. Com a derrocada da metafísica e da ontologia – que vigoraram da Grécia à modernidade – a categoria do desaparecimento torna-se central. A filosofia contemporânea aborda um espaço espectral, lugar de indecisão entre o Ser e o Nada. “É a zona fantasmagórica de uma instabilidade ontológica generalizada”, define Steinweg.
Ontologia Lenta foi gravado em canais entre Birmingham e Manchester, na Inglaterra. Durante a Revolução Industrial inglesa, os canais desempenharam papel fundamental na emergência do capitalismo moderno. Com o passar dos anos, sua função foi alterando-se e atualmente os canais funcionam como espaço recreacional. Nesse complexo e ultra codificado ambiente, o trabalho insiste numa instabilidade ontológica dessa realidade, não – pelo menos não em primeiro lugar – de uma perspectiva sócio-política, mas do ponto de vista de uma ontologia lenta.
Por que lenta? Porque o trabalho tenta precisar uma infinitesimal oscilação da realidade entre estabilidade e instabilidade, observando-a tão próxima quanto possível. Por que Ontologia? Porque o trabalho fala do estatuto do ser das coisas, da mudança enquanto ciclo repetido indefinidamente, integrando devir e permanência. Algo que muda ao longo de sua duração, algo que perdura através da mudança.
Recentemente o trabalho de Marcellvs L. pôde ser visto em exposições tais como Ensaio de Tração, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2017); Resister, reexistir, Associação Cultural Videobrasil (São Paulo, 2017); For the Love of Philosophy, BQ (Berlim, 2017); Por aqui tudo é novo…, Instituto Inhotim (Brumadinho, 2016); Zeitgeist – A arte da nova Berlim, CCBB (Brasília, 2016, Rio de Janeiro, 2016 e Belo Horizonte, 2015); Weltsichten – Landschaft in der Kunst seit dem 15. Jahrhundert, Situation Kunst (Bochum, 2016); Soft Power, Kunsthal KAdE (Amersfoort, 2016); Imagine Brazil, DHC/ART (Montreal, 2015), Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2015), Musée d’ art contemporain de Lyon (Lyon, 2014), Astrup Fearnley Museet (Oslo, 2013); Singularidades/Anotações – Rumos Artes Visuais 1988-2013, Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2015), Palácio das Artes (Belo Horizonte, 2015), Itaú Cultural (São Paulo, 2014); Here There (Huna Hunak), QM Gallery Al Riwaq (Doha, 2014); Ró Ró, Skaftfell – Center For Visual Art (Seyðisfjörður, 2014); Panoramas do Sul – 18ª edição do Videobrasil (São Paulo, 2013).
Seu trabalho é parte das seguintes coleções: Centre Georges Pompidou, França; San Francisco Museum of Modern Art (SFMOMA), EUA; Instituto Inhotim, Brasil; Situation Kunst (für Max Imdahl), Bochum, Alemanha; Museumslandschaft Hessen, Kassel, Alemanha; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil.