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maio 24, 2018
Mínimo, múltiplo, comum na Pina Estação, São Paulo
Mínimo, múltiplo, comum, nova exposição da Pina Estação, coloca em pauta as definições de arte moderna, popular e contemporânea
O recorte cronológico desta coletiva abrange quase 70 anos de produção pictórica no país
A Pinacoteca de São Paulo e a Secretaria do Estado da Cultura apresentam a exposição coletiva Mínimo, múltiplo, comum a partir de 19 de maio, no segundo andar do edifício da Pina Estação. A mostra reúne mais de uma centena de obras de seis artistas de gerações e círculos culturais diferentes: Amadeo Lorenzato (1900-1995), Chen Kong Fang (1931-2012), Eleonore Koch (1926), Marina Rheingantz (1983), Patricia Leite (1955) e Vânia Mignone (1967).
A exposição tem curadoria de José Augusto Ribeiro, Curador da Pinacoteca, e apresenta trabalhos caracterizados por figurações simples, planas e sintéticas, às vezes no limite da abstração. Essas imagens reproduzem, no geral, cenas de solidão – pelo isolamento de seres e objetos, ou pelos espaços vazios, sem presença humana. Realizados a partir de 1960, os trabalhos compreendem, juntos, quase sete décadas de produção pictórica no Brasil, desde a época das primeiras mostras de Koch, Fang e Lorenzato -- cujas produções foram confundidas com variações do “primitivismo” -- até hoje, momento no qual o circuito de arte contemporânea valoriza e acolhe, sem mediações, obras de artistas antes considerados “populares” e “ingênuos”.
“Muitas dessas obras continuam a ser tachadas de ‘ingênuas’, ou de ‘populares’, por conta de suas construções espaciais estiradas, paralelas ao plano bidimensional do suporte, sem uso da perspectiva; por conta de suas figuras sumarizadas ao essencial da representação e muitas vezes assimétricas; das composições descentradas e com equilíbrios tensos; aspectos que, de resto, descrevem qualidades fundamentais da pintura moderna, desde o final do século XIX, e que estão presentes, de maneiras bastante diversas, em obras relevantes de artistas em atividade nos últimos 20 anos”, comenta José Augusto Ribeiro.
As obras que compõem a mostra pertencem a mais de 60 coleções públicas e particulares de São Paulo e Belo Horizonte. Deste conjunto, sete estão sob a guarda da Pinacoteca, sendo seis de seu acervo (quatro trabalhos de Lorenzato, uma série de pinturas sobre xilogravuras de Vânia Mignone e a inédita “Gruta”, de Patricia Leite, recém-incorporada à coleção, por meio de doação do Iguatemi São Paulo), e uma pintura que integra a Coleção Nemirovsky, empréstimo de longa duração para a instituição desde 2006.
Mínimo, múltiplo, comum reúne cerca de vinte trabalhos de cada artista que a compõe, seleção realizada com o objetivo de formar um panorama representativo e abrangente dessas trajetórias. Esta é a primeira vez que uma instituição pública de São Paulo apresenta um conjunto tão significativo de obras de Amadeo Lorenzato – um artista que, em vida, realizou exposições apenas em Belo Horizonte, possuiu admiradores como o artista mineiro Amílcar de Castro e hoje é reconhecido nacional e internacionalmente. Também é a primeira vez que grupos importantes de obras de Chen Kong Fang (datadas a partir de 1994) e de Eleonore Koch (a partir de 2009) são apresentados ao público.
Integram a mostra também trabalhos inéditos de artistas brasileiras em atividade, como Vânia Mignone, que estará na próxima 33ª Bienal de São Paulo, e outras que tem se destacado no circuito internacional, como Patricia Leite, que recentemente ganhou uma mostra em Bruxelas (Bélgica), e Marina Rheingantz, que atualmente possui exposição individual em cartaz em Nova York.