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maio 21, 2018
Paradoxo(s) da Arte Contemporânea no MAC USP, São Paulo
Resultado da parceria entre o Museu de Arte Contemporânea da USP e o Paço das Artes - Instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo -, a exposição Paradoxo(s) da Arte Contemporânea: diálogos entre os acervos do MAC USP e do Paço das Artes - com abertura no dia 26 de maio, a partir das 11 horas - apresenta um diálogo possível entre as instituições, com artistas que desenharam a história do Paço das Artes e que fazem parte do acervo do MAC USP. Como lembra Priscila Arantes, diretora artística e curadora do Paço das Artes, “por não possuir uma coleção de obras de arte, o acervo do Paço é constituído pela documentação e arquivo da instituição, refletindo os registros das exposições e ações culturais ali organizadas”. O trabalho de documentação, fundamental para a memória da arte contemporânea, também é uma das questões centrais para o MAC USP. “Nesse diálogo, procuramos cotejar e acompanhar artistas que fizeram a história do Paço e estão presentes no acervo do MAC USP”, diz Ana Magalhães, curadora do Museu de Arte Contemporânea.
A obra Paradoxo do santo, de Regina Silveira, é o ponto de partida para a curadoria de Ana Magalhães e Priscila Arantes. A instalação, que contrapõe a imagem popular de Santiago Apóstolo - patrono militar da Espanha e do Novo Mundo - à grande sombra distorcida e projetada do famoso monumento eqüestre dedicado a Duque de Caxias - patrono das forças armadas brasileiras - representa uma reflexão da artista sobre os conflitos de dominação da América Latina. O trabalho foi escolhido como fio condutor para a seleção dos demais artistas e para discutir as inquietações que ambas as instituições têm levantado no que diz respeito à produção contemporânea. A partir dessa instalação, do efeito da sombra e seus significados, outras obras de Regina Silveira foram selecionadas, discutindo questões como o museu, o território, o ativismo e a violência.
O museu e seu paradoxo são revisitados nas proposições de Fabiano Gonper, Felipe Cama e Antoni Muntadas, este último com a reativação da obra “Sobre a Subjetividade”, de 1978, em que o artista selecionou 50 imagens do livro “The Best of Life” (publicação de fotografias da revista norte-americana Life) e enviou por carta para diferentes pessoas solicitando uma sugestão de legenda para as mesmas. O território e seus conflitos emergem nas proposições de Gilbertto Prado, Rosângela Rennó, Alex Flemming, Nazareno Rodrigues e Giselle Beiguelman. Em “Cinema Lascado - Minhocão”, por exemplo, Giselle Beiguelman propõe ao espectador vivenciar escombros impossíveis como estar, simultaneamente, em cima e embaixo do viaduto paulistano.
O ativismo e as poéticas militantes estão presentes nos trabalhos de Eduardo Kac e Tadeu Jungle ao mesmo tempo em que a violência é inerente aos trabalhos de Thiago Honório, Fernando Piola e Hudinilson Jr. “Essas constelações não são núcleos ou temas rígidos na exposição, mas formam redes de contatos sobrepondo-se umas às outras. Não há uma disposição linear ou cronológica, mas um diálogo entre os artistas dentro desses paradoxos que a arte contemporânea propõe na atualidade”, descrevem as curadoras.
As parcerias entre o Paço das Artes e o MAC USP são de longa data, iniciadas ainda quando as instituições eram vizinhas dentro da Cidade Universitária até a saída das mesmas em 2016. Esta relação de cooperação, como ressaltada pelo diretor do MAC USP, Carlos Roberto F. Brandão, é de extrema relevância. “Assim como o Museu, o Paço é estimulador da produção contemporânea mais atual, com enorme atenção à preservação da memória dessa produção, e um enfoque especial nos debates sobre documentação, arquivamento e conservação da arte contemporânea.”, lembra.