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maio 10, 2018
Alexandre Wagner na Bolsa de Arte, São Paulo
Em O Sol da Noite, sua primeira individual, Alexandre Wagner leva à Galeria Bolsa de Arte a atmosfera onírica de suas pinturas
Exposição traz cerca de 15 trabalhos recentes em pequenos e grandes formatos, uma nova etapa na produção do artista
Na primeira individual de sua trajetória, Alexandre Wagner traz à Galeria Bolsa de Arte uma atmosfera soturna e onírica em O Sol da Noite. A mostra exibe cerca de 15 pinturas a óleo realizadas desde o ano passado também em grandes formatos, uma novidade na produção do artista. Com abertura no dia 17 de maio (quinta-feira), a partir das 19h30, a exposição fica em cartaz até 30 de junho (sábado).
A diluição da tinta a óleo com as marcas do escorrimento pela tela imprimem um tom indefinido ao universo do pintor. À primeira vista, suas paisagens parecem aludir às cenas de Oswaldo Goeldi (1895-1961). Ao contrário deste, porém, a volatilidade das formas não definidas pelo contorno preto comum à xilogravura, caso de Goeldi, emprestam à ambientação de Wagner um caráter fugidio, fantasmal, ao contrário da crônica urbana obscura do gravurista.
Paradoxalmente, o vigor de pinceladas firmes, perceptíveis através da tinta mais rala, criam sobreposições de planos e fragmentação nas figuras mesmo onde o pigmento não escorreu. A espectralidade das transparências e junções entre camadas cromáticas sugere materialidade até onde a pintura é diluída.
Nesse sentido, a instabilidade formal das cenas retratadas, que parecem sair antes de um sonho que de algum logradouro existente de fato, expressa a impossibilidade da representação definitiva e absoluta, inserindo o trabalho de Alexandre Wagner numa linhagem extremamente atual da pintura.
Em alguns momentos, a concisão do plano pictórico leva a representação figurativa ao limite da abstração. Em outros, a economia compositiva é expressa na geometrização das peças com que se constroi a paisagem, reduzida ao mínimo de sua caracterização.
Em momento algum o aumento de espaço se traduz em excesso de formas no jogo entre plano e figura. Todos os quadros, mesmo os que trazem elementos figurativos mais detalhados, como O Pântano (2018), são cuidadosamente estruturados num equilíbrio entre plano e contraplano, entre a figura e sua cisão - ou simplesmente ausência.
No processo de conferir tanta importância ao vazio quanto ao representado, Alexandre Wagner encontra a força de sua pintura, dissolvendo a certeza do olhar na ambiência de um sonho difuso. Como um Sol obscuro que, surgido em meio à noite, fulgurasse em negativo.
Alexandre Wagner (1986, Belo Horizonte, Brasil) cursou a graduação em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais com habilitação em pintura. Ao se formar em 2011, mudou-se para São Paulo, onde passou a trabalhar como assistente de Nuno Ramos até meados de 2015, e de Paulo Pasta entre 2014 e 2016 - atividades que manteve em paralelo à sua produção autoral. Desde 2013, participa de exposições coletivas, entre elas: 11º Abre Alas, A Gentil Carioca; Oito Artistas, Mendes Wood DM (2016); Um Desassossego - 20 Pintores, curadoria de Germana Monte-Mór para a galeria Estação (2016); e Enlace, parceria da Central Galeria com a Cubik Gallery, de Portugal (2017). O Sol da Noite, na Galeria Bolsa de Arte, que o representa com exclusividade, é sua primeira individual.