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abril 20, 2018
Barbara Wagner & Benjamin de Burca na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
No próximo dia 24 de abril, terça-feira, às 19h, serão abertas nas galerias 1 e 2 do palacete Escola de Artes Visuais do Parque Lage, as exposições Academia, de Marcos Chaves, e Estás Vendo Coisas, da dupla Barbara Wagner e Benjamin de Burca, como parte do programa público de 2018. A curadoria é de Ulisses Carrilho.
Na paisagem social e profissional da música Brega do Recife, a indústria dos videoclipes é catalisadora de uma ideia de futuro pontuada pelo desejo de sucesso, tal qual encorajado pelo capitalismo. “Estás vendo coisas” observa esse mundo onde a autorregulação e a manipulação da imagem têm papel crucial na construção da voz, status e identidade de toda uma nova geração de artistas populares. Escrito e encenado por participantes do brega, o filme acompanha dois personagens principais – o cabeleireiro / MC Porck e a bombeira / cantora Dayana Paixão – em seus percursos entre o estúdio e o palco. Semelhante a um musical, Estás vendo coisas é filmado no interior de uma casa noturna, onde gestos são seguidos de canções sobre amor, fidelidade, sucesso e riqueza. Retirada de seu contexto mediatizado, a linguagem do Brega é desconstruída e rearranjada a fim de expor o vocabulário do espetáculo experimentado como uma nova forma de trabalho.
Brega é um termo informal usado para definir várias formas de música popular de massa produzidas no Brasil desde os anos 70 e fortemente associadas a uma noção de mau-gosto. Enraizado em contextos socio-econômicos mais amplos, hoje o Brega incorporou métodos de produção e distribuição sofisticados, dando conta da visibilidade de uma classe média que extrapola as favelas do Brasil. Diferentemente de outras abordagens que comumente satirizam o assunto e enfatizam seus aspectos carnavalescos, Estás vendo coisas adota um tom psicológico e melancólico para refletir em como uma expressão cultural responde a uma condição da economia.
“O brega do filme de Barbara Wagner e Benjamin de Burca é, antes de tudo, entendido como parte de um sistema econômico que gira em torno da estética pop e do entretenimento de uma sociedade cujo paradigma do espetáculo é fundamental. Este trabalho, assim como a Academia, de Marcos Chaves, dinamitam uma ideia perversa e elitista da arte como algo ‘para poucos’”, conclui Carrilho.