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abril 20, 2018
Cristina Salgado na Mul.ti.plo, Rio de Janeiro
Estruturas sintéticas que sugerem o corpo humano são a razão poética da nova exposição de Cristina Salgado, na Mul.ti.plo, de 24 de abril a 26 de maio
O corpo humano apenas sugerido, se tanto, por estruturas muito sintéticas. Exteriores Internos, nova exposição da Mul.ti.plo Espaço Arte, reúne trabalhos inéditos e recentes da artista plástica Cristina Salgado: desenhos em pastel seco e esculturas em tapete, borracha, parafusos e acrílico. A abertura será no dia 24 de abril, às 19h, e a mostra fica em cartaz até 26 de maio.
A série "Corpos furados" e as obras "Um" e "Dois" trazem alguns elementos de trabalhos anteriores, como a série "Mulheres em dobras" (2006) e "Grande nua na poltrona vermelha" (2009): as sobreposições de camadas de tapete, o uso dos parafusos produzindo pregas e as cores que remetem ao orgânico. Um procedimento novo, nesse caso, seria a compactação das camadas em "Corpos furados", no interior de cubos de acrílico. "Rostos que conheço", estabelece uma conexão com "Rostos", da série "Mulheres em dobras" (2006), mas talvez deles se distancie por um caráter mais sombrio.
Os desenhos se dividem em dois grupos: a série "Exteriores internos", com desenhos em pastel seco, aplicado de modo bastante denso, com sobreposições de camadas de cores sobre o fundo negro; e a série "Dois lugares", com desenhos meio híbridos, que trazem consigo, além do pastel seco, elementos palpáveis, presentes nas esculturas.
"A exposição revela um novo momento na trajetória da artista em que suas obras estão cada vez mais densas e enigmáticas, com um vocabulário próprio, capaz de convocar o nosso olhar”, diz o diretor da Mul.ti.plo, Maneco Muller.
Segundo Cristina, há, na realização desses trabalhos, a intenção de lidar com relações muito primárias entre os materiais, as cores e as formas:
"O desejo é de que o modo de o corpo se expor como imagem se dê menos relacionado a códigos de representação e mais a uma dimensão não verbal − talvez pré-verbal −, mas inquestionável na sua existência".
Sobre a artista
Nascida no Rio de Janeiro, em 1957, Cristina Salgado Kauffmann vive e trabalha na cidade. Estudou na EAV/Parque Lage-RJ, em 1977-78 e é Mestre em Comunicação e Cultura (ECO/UFRJ) e Doutora em Linguagens Visuais (EBA/UFRJ). Sua primeira exposição, em 1980, foi a coletiva A nova geração, na Galeria FUNARTE-Sérgio Milliet. Participou de inúmeros salões oficiais, recebendo, entre outros, o prêmio CEMIG de pintura no XVIII Salão Nacional de Belo Horizonte e o Prêmio Arte Contemporânea de Ocupação dos Espaços Funarte-BH. Tem trabalhos nas coleções Museu de Arte do Rio, Gilberto Chateaubriand (MAM-RJ); João Sattamini (MAC-Niteroi); Shell do Brasil, YSP e UECLAA/University of Essex, Inglaterra; British Council, Rio de Janeiro.
Foi artista residente no Yorkshire Sculpture Park, Inglaterra, em 1991, pelo British Council; em 1999, ganhou Bolsa RIOARTE e em 2006, Bolsa Capes de Pesquisa no Exterior, pelo Chelsea College of Arts and Design, University of the Arts London.
Suas exposições individuais mais recentes são: No interior do tempo, no Paço Imperial, 2015; A mãe contempla o mar, Galeria Laura Marsiaj, 2014; Ver para olhar, Paço Imperial, 2012; Vista, Projeto Cofre, Casa França-Brasil, 2009; e Grande nua na poltrona vermelha, Cavalariças, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, 2009. Algumas coletivas recentes: A cor do Brasil, MAR, RJ; Nós, Caixa Cultural, RJ, 2016; Espelho Refletido: o Surrealismo e a Arte Contemporânea brasileira, Centro Helio Oiticica, 2012; Entre trópicos 46º05 Cuba/Brasil, Caixa Cultural, RJ, 2011; Entre artistas – Tremores e permutações. Galeria Paradigmas Arte Contemporânea, Barcelona, 2011.
Em 2015, publicou, em coautoria com Gloria Ferreira, o livro Cristina Salgado, sobre sua produção artística, pela Editora Barléu.
Como professora, atuou no Departamento de Artes e Design da PUC-RJ de 1993 a 2013; no curso de Fundamentação da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, durante o ano de 2009; e, desde 1997, é professora adjunta no Instituto de Artes da UERJ, onde participa do Programa de Pós-Graduação em Artes, na linha de pesquisa em Processos Artísticos Contemporâneos.