|
abril 17, 2018
Gisele Camargo na Alfinete, Brasília
A narrativa perturbadora de Franz Kafka e o inigualável jogo de luz e sombras de Caravaggio são motor da nova série de trabalhos de dois artistas que vêm se destacando no universo da arte contemporânea brasileira e que expõem, a partir do dia 21 de abril, nas duas salas da Alfinete Galeria. Gisele Camargo apresenta, na Sala Um, as obras que integram a série de pinturas Construção. Já Manoel Veiga exibe, na Sala Dois, os trabalhos de Matéria escura. Ambas as exposições poderão ser vistas até o dia 12 de maio, sempre às quintas e sexta-feiras, das 14h30 às 18h, e aos sábados, das 15h às 20h. Entrada franca.
A jovem e premiada artista carioca Gisele Camargo foi buscar nas linhas do conto ‘A Construção’, já apontado por parte da crítica como uma espécie de testamento literário de Kafka (1883-1924), o sopro de criação para suas pinturas. No livro, o grande escritor tcheco apresenta o cotidiano frenético e angustiante de uma criatura que vive sob a terra, entre túneis e esconderijos, sempre temendo invasores, demoronamentos, ataques etc. Por isso, passa a vida escavando, alargando, criando artimanhas. A paisagem sempre despertou interesse em Gisele Camargo, que busca trabalhá-la a partir de perspectivas diferentes. “A pintura é um meio inesgotável”, já afirmou a artista, indicada ao Prêmio Pipa por cinco anos: 2012, 2013, 2014, 2015 e 2018.
A série de pinturas "Construção" está sendo desenvolvida pela artista Gisele Camargo ao longo deste ano de 2018. Para a Alfinete Galeria, a artista trará o que é considerada a primeira parte, uma série de 60 pinturas dentre um total de 170 obras de pequeno formato. Com um detalhe: todo o valor arrecadado com a venda dos trabalhos será convertido para a construção da Residência Artística Serra Morena, na Serra do Cipó, MG.
Segundo informa a artista, as pinturas começam a partir de uma forma aleatória. “Assim, vai surgindo um caminho espacial por onde a pintura vai. A paleta de tons muito próximos vai mudando no ritmo das formas, como uma construção mesmo, remetendo ao conto "A Construção", de Kafka, de onde veio a idéia para o titulo pra série”, disse Gisele Camargo.
GISELE CAMARGO
Nascida no Rio de Janeiro/RJ, em 1970. Vive e trabalha entre a Serra do Cipó, em Minas Gerias, e o Rio de Janeiro. É graduada em pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Recebeu diversos prêmios, tais como: Prêmio Arte Patrimônio pelo Iphan (2013), Prêmio Ibram de Arte Contemporânea (2011) e Prêmio Sim de Artes Visuais (2008).
Das exposições individuais recentes, destacam-se: “Noite americana ou Luas invisíveis”, Galeria Luciana Caravello (Rio de Janeiro, RJ, 2014), “Cápsulas e Luas”, Paço Imperial (Rio de Janeiro, RJ, 2014), “Falsa Espera”, Galeria Oscar Cruz (são Paulo, SP, 2012), “Metrópole”, Galeria Mercedes Viegas (Rio de Janeiro, RJ, 2011), “A Capital” e Galeria IBEU (Rio de Janeiro, RJ, 2011).
E das coletivas recentes: “Cruzamentos”, Wexner Center for theArts (Columbus, EUA, 2014), “Duplo Olhar”, Paço das Artes (São Paulo, SP, 2014), “Paisagens Artificiais”, Galeria Pilar (São Paulo, SP, 2012), “Dez anos do instituto TomieOhtake”, Instituto TomieOhtake (são Paulo, SP, 2011), “Coletiva 11”, Galeria Mercedes Viegas (Rio de Janeiro, RJ, 2011), “O Lugar da linha”, MAC (Niterói, RJ, 2010).