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abril 12, 2018
Conversa com Cabelo, Davi Kopenawa Yanomami e Lisette Lagnado no BNDES, Rio de Janeiro
Exposição Luz com Trevas recebe xamã Davi Kopenawa
Na quinta-feira (19/4), o Espaço Cultural BNDES e a Rosa Melo Produções Artísticas convidam o público carioca a participar de uma conversa aberta com o xamã Davi Kopenawa Yanomami. A diálogo acontece das 15h às 18h e integra a programação da exposição do artista visual, poeta e músico Cabelo, Luz com Trevas, com curadoria da crítica de arte Lisette Lagnado.
Porta-voz dos índios Yanomami do Brasil, Kopenawa nasceu por volta de 1956, em Marakana, extremo norte do Amazonas, e testemunhou a invasão do território Yanomami por garimpeiros em busca de ouro. Para impedir a extinção do seu povo, engajou-se em uma luta que percorreu o mundo, sendo reconhecido como um dos maiores defensores da Amazônia e de seus primeiros habitantes. É coautor do livro “A Queda do Céu, Palavras de um Xamã Yanomami” (Companhia das letras, 2015) e fundador da Associação Hutukara, que representa a maioria dos Yanomami no Brasil.
No encontro, Kopenawa, Cabelo e Lagnado conversam com o público sobre “xapiri, entidades e espíritos; entendendo que a floresta é o mundo, e a interrelação incontornável entre natureza e cidade, contextualizando a energia poética que Cabelo traz na exposição, e a transversalidade com a imanência dos xapiri”, explica a curadora. Na cultura indígena, xapiris são xamãs ou “pessoas-espírito”.
Xapiri, entidades e espíritos – conversa aberta ao público com Davi Kopenawa Yanomami, Cabelo e Lisette Lagnado
Quando: quinta 19/4, das 15h às 18h
Onde: Espaço Cultural BNDES (av. Chile, 100, Centro, Rio de Janeiro. Próximo ao metrô Carioca)
Classificação etária: livre
A EXPOSIÇÃO
“Luz com Trevas” é um rap de Cabelo, produzido por Kassin e Nave, e integra o disco Cabelo Cobra Coral, já em fase de gravação. O universo poético da música deflagrou propostas de ações coletivas e a produção de pequenos filmes e objetos como “ovos-bomba”. Segundo Lagnado, “o ovo-bomba retoma a teoria do não-objeto de Ferreira Gullar. Quando manipulado por artista e participantes, funciona como um coquetel Molotov, um bólide que atravessa a atmosfera de um espaço qualquer e instaura um ritmo novo, um compromisso com a potência da poesia. Luz com Trevas pode ser definida como uma anti-exposição.”
Durante a abertura da mostra foi lançada uma publicação bilíngue e ilustrada, contendo um pequeno ensaio de Lagnado e um glossário dos termos recorrentes que vêm acompanhando Cabelo ao longo de duas décadas. A curadora, responsável pelo convite feito a Cabelo em 1996 para participar da antológica mostra “Antarctica Artes com a Folha” (Pavilhão Manoel da Nóbrega, Parque Ibirapuera), traça linhas de discussão com suas referências e homenagens: David Medalla, Hélio Oiticica, Rogério Sganzerla, Tarsila do Amaral e Tunga, entre outros.
O ARTISTA
Em 1997, Cabelo foi um dos artistas brasileiros na Documenta X (com curadoria de Catherine David), prestigiada exposição internacional organizada a cada cinco anos na cidade de Kassel (Alemanha). Entre outras coletivas, destacam-se a Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2009), a Bienal de São Paulo (2004) e “How Latitudes Become Forms: Art in a Global Age” (Walker Art Center, Minneapolis, EUA, 2003).
Em muitas de suas obras, Cabelo utiliza a música, seja ela improvisada com um microfone ou com uma banda no palco de um teatro, transformando em raps poemas de Baudelaire ou Gerardo Melo Mourão. Também faz trilhas sonoras que integram instalações, como em Caixa Preta, com Paulo Vivacqua, misturando funks proibidões com as vozes de Glauber Rocha e Hélio Oiticica. Como compositor, tem músicas gravadas por Cidade Negra, Monobloco, Osvaldo Pereira, Ney Matogrosso e Pedro Luis e a Parede, entre outros. “Luz com Trevas” entre outras poderão ser ouvidas no site do artista: www.cabelo.etc.br/disco/
A exposição Luz com Trevas fica aberta até o dia 11/5. Todas as atividades do Espaço Cultural BNDES têm entrada franca.