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abril 11, 2018
Andressa Cantergiani e Maurício Ianês na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre
Mostra dos artistas Andressa Cantergiani e Maurício Ianês foi selecionada no Edital para Exposições Temporárias 2018 e fica em cartaz até o dia 3 de junho. A entrada é franca
O próximo fim de semana na Fundação Iberê Camargo, dias 14 e 15 de abril, será marcado pela abertura da exposição Avesso, dos artistas Andressa Cantergiani e Maurício Ianês. A mostra – selecionada pelo Edital para Exposições Temporárias 2018 – é uma ação-instalação concebida e executada pelos artistas, que pretende tornar visíveis e presentes as estruturas, trabalhadoras e trabalhadores da Fundação Iberê Camargo, assim como os seus visitantes. Avesso é uma ocupação performática e relacional com duração de um mês e meio, ocupando o 4º andar até o dia 03 de junho, com a presença dos artistas aos sábados e domingos. Durante a semana, quando acontecem as visitas mediadas para grupos, o trabalho estará aberto para visitação e participação do público.
Ao “virar do avesso” a instituição, a obra propõe um questionamento sobre como as relações são criadas dentro de um espaço institucional artístico, ampliando e revelando as possibilidades de criação de forma coletiva e transparente.
A ação se desdobra em diferentes momentos:
No primeiro momento, os artistas ocuparão o espaço expositivo e seu entorno (salas internas de trabalho da instituição, a cafeteria, o espaço externo do museu e sua vizinhança), criando diálogos com os visitantes, funcionários e pedestres da área externa. Estes diálogos levarão à construção de ações temporárias específicas, de acordo com o desejo dos participantes.
Num segundo momento, Cantergiani e Ianês irão buscar objetos não-perecíveis nas lixeiras e depósitos da instituição, da cafeteria e da área externa da Fundação. Esses objetos serão usados para construir esculturas temporárias efêmeras, com a participação dos visitantes. As esculturas e instalações produzidas irão ocupar o espaço expositivo. Além daquelas construídas com o público, Cantergiani e Ianês poderão também construir peças individualmente ou em dupla, usando os objetos para criar microperformances coletivas dentro da obra. Para a manipulação destes objetos, serão usadas luvas protetoras amarelas que ficarão à disposição do público.
O terceiro momento será a marcação com fita isolante dos corpos dos participantes e visitantes. A técnica de demarcação de silhueta é utilizada em perícias médico-legais científicas pelo Instituto Médico Legal para demarcar cadáveres ou corpos vivos em cenas de crime. A ação consiste em abordar o público e usar fita isolante preta para demarcar as posições dos corpos, em relação à arquitetura da Fundação. As relações, assim como o desenho com as fitas, vão acontecendo lentamente e se expandindo pelo espaço, criando intersecções e acumulações. O acúmulo destas marcações de corpos irá, pouco a pouco, preencher todo o piso da sala, criando uma rede labiríntica de corpos ausentes.
O quarto momento será a marcação da presença dos visitantes e funcionários da Fundação nas paredes. Será solicitado às pessoas que escrevam seus nomes nas paredes, diariamente, junto aos horários do período em que ficaram presentes, usando sempre a mesma caneta preta. Esta rede de nomes irá compor o processo de ocupação do espaço, junto das outras ações.
Espera-se que, durante o processo, a sala termine preenchida com nomes, marcações de corpos e esculturas de resíduos, criando uma grande ação-instalação em processo.
Avesso é a primeira mostra contemplada no Edital para Exposições Temporárias 2018, que também apresentará a exposição Náufragos na Correnteza do Tempo, de Denise Gadelha.
A Fundação Iberê Camargo tem o patrocínio de Itaú, Grupo GPS, IBM, Oleoplan, Agibank, BTG Pactual, Banrisul e apoio SLC Agrícola, DLL Group e Sulgás, com realização e financiamento do Ministério da Cultura / Governo Federal.
Sobre os artistas
Andressa Cantergiani (1980, Caxias do Sul, RS, Brasil) é doutoranda em Artes Visuais pelo PPGAV/UFRGS. Mestre em Comunicação e Semiótica da PUC/SP. Graduada em Arte Dramática pela UFRGS/RS. Estudou Performance art na Universidade das artes em Berlin UDK/ALEMANHA. É fundadora, artista e gestora da Galeria Península. Em sua produção recente destacam se: QUASEUMA ILHA, curadoria e vídeoperformance (Galeria Península, Porto Alegre/RS(2014). ATERRO, performance e exposição individual (Prêmio MINC-Intercâmbio Brasil/Cultura. Galeria Guillherme Cossoul. Lisboa, 2015). JOGOS DE APROXIMAÇÃO, residência artística e exposição coletiva (Galeria Península,Porto Alegre/RS, 2015). Exposição Coletiva Memórias e Identidades (Museu dos Direitos , 74Humanos, Fórum Social Mundial. Porto Alegre, 2016). Residência artistica TERRA UNA/MG(2016). Residência artística no Museu Bispo do Rosario de Arte Contemporânea, RJ (2016). Exposição individual TRANCE, Espaço Saracura, RJ (2017). PPPP-PROGRAMA PÚBLICO DE PERFORMANCE PENÍNSULA, concepção e curadoria(Porto Alegre/RS, 2016/2017). Residência artística no AGORA COLLECTIVE através do Prêmio CDEA em Berlim, Alemanha (2017).
Maurício Ianês (1973, Santos, SP, Brasil) é formado pela Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo, SP. Vive e trabalha em São Paulo, SP. Seu trabalho questiona as linguagens verbal e artística, suas possibilidades expressivas e limites, suas funções políticas e sociais, muitas vezes propondo a participação do público em suas ações para criar situações de troca onde a linguagem e os seus desdobramentos sociais entram em jogo. Ianês busca referências e influências em filosofia, poesia, crítica social, literatura e música. Ações e performances que buscam questionar a relação entre espectador e artista, tirando o espectador do papel de observador passivo e transformando-o em parte importante da criação da obra são parte importante do trabalho de Ianês. Já participou de importantes exposições nacionais e internacionais, como as 28ª e a 29ª Bienais Internacionais de São Paulo, SP; Des Choses en Moins, Des Choses en Plus (Palais de Tokyo, Paris, França); Avante Brasi” (KIT Kunst im Tunnel, Düsseldorf, Alemanha); Il Va se Passer Quelque Chose (Maison de L’Amérique Latine, Paris, França) e Chambres Sourdes (Parc Culturel de Rentilly, França).