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abril 10, 2018
Ayrson Heráclito no MAC, Niterói
O Museu de Arte Contemporânea de Niterói abre, no dia 14 de abril, sábado, a partir das 10h, duas novas exposições: Senhor dos caminhos, do artista Ayrson Heráclito; e Água parada, da artista Vivian Caccuri. Ambas têm a curadoria de Pablo León de la Barra e Raphael Fonseca.
Nascido e residente em Salvador, na Bahia, Ayrson leva ao museu uma série de novos trabalhos feitos na linguagem do vídeo e da fotografia. O artista segue, com sua pesquisa em torno das maneiras de trazer para a contemporaneidade elementos sagrados das religiões africanas com uma linguagem que geralmente está na fronteira entre o documental e o ficcional. Há um claro diálogo de sua pesquisa com certa perspectiva espiritual e transcendental, mas sempre a afirmar seu lugar urbano e precário. Essa exposição está baseada em dois elementos centrais. Em primeiro lugar, se trata de uma homenagem ao orixá Ogum, reconhecido nas religiões afro-brasileiras como o "senhor dos caminhos". Ferreiro, senhor das guerras e da agricultura, Ogum é transformado no sincretismo católico na figura de São Jorge e, portanto, é uma das culturas afro-brasileiras mais celebradas.
Na abertura da exposição será oferecida uma feijoada em homenagem a Ogum para os frequentadores do museu. Os elementos restantes dessa ação performática tomarão conta do centro do Salão Principal da exposição junto a duas grandes videoinstalações. Em uma, há um trem filmado em Cachoeira, na Bahia e, ao seu lado, outro vídeo em que aparece um ferreiro. Em outros dois, podem ser observados detalhes de uma feijoada sendo cozinhada, lembrando a ação da abertura. Em segundo lugar, outros três vídeos, também inéditos, partem da leitura feita pelo artista do livro ‘História do futuro’ (escrito em 1649 e publicado em 1718), do padre Antonio Vieira. A publicação, que chegou a ser acusada de heresia, devido à sua linguagem livre e cheia de teorias filosóficas, faz um elogio ao império português.
“O artista se apropria de fragmentos da escrita de Vieira e cria as suas próprias histórias do futuro, aqui representadas por três episódios: hidromancia, agromancia e aeromancia. Estas são as histórias do futuro escritas pela parceria inusitada de Ayrson e Vieira e filmadas nas viagens do artista pela África”, finaliza Pablo León de la Barra.