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abril 10, 2018

Monica Mansur no Ateliê da Imagem, Rio de Janeiro

O trabalho proposto por Monica Mansur, para essa exposição, se desdobra em remissões evolutivas, em faixas de imagens suspensas, possui um fluxo de figuras que persiste em toda a unidade espaço temporal por onde vagamos, e no qual as percepções do mundo real fixadas pelo pinhole tornam os “instantes mais longos, passado”. Um mundo de referências, simplesmente enunciadas, são os traços dessa oferta em que a vivência adquire presença e exerce a faculdade de recriar para podermos fixar, metaforicamente, o espaço em que se desloca essa realidade.
Lia do Rio / curadoria

A Galeria do Ateliê da Imagem inaugura no dia 13 de abril a exposição O instante mais longo da artista Monica Mansur com obras realizadas em filmes de pinhole (mais conhecido como o “buraco da agulha” ou ainda câmera escura) - imagens obtidas em dispositivos que não utilizam lentes. Essas imagens são registradas em material sensibilizado pela luz, como papel fotográfico ou filme. O Ateliê da Imagem fica na Avenida Pasteur 453, Urca (2541-6930). Entrada franca.

Diferente do congelar do instante fotográfico, a câmera captura o exato mais que o instante, aquele instante que é mais longo, o construído pela imagem captada e prolongado no movimento de ir e vir do fotógrafo sujeito. O pinhole captura a imagem inerte, um lampejo, o não movimento, um tipo de ”para sempre”.

Cada um dos filmes recebe aproximadamente entre 85 e 80cm x 6cm de imagem original em negativo, posteriormente ampliadas, em tamanhos variados e instaladas de formas diferentes - dispostas em sinuosas superfícies, como um labirinto, em carretéis que desenrolam no seu comprimento, material para vídeos que são QUASE cinema – se mostram ou se ocultam, da mesma maneira que a paisagem se descortina perante o olhar e a câmera da artista.

QUERO FALAR DO QUE ESTÁ E DO QUE NÃO ESTÁ...

Paisagem inventada e infinita, ela é construída pelo ir e vir, pelo passado/presente da presença da luz: resultam faixas de imagem que sugerem um horizonte não linear. O estudo da linearidade – construção deste novo horizonte, imaginário – é feito pelo movimento do olhar e do passear do fotógrafo – ecoa nele como um dos observadores da paisagem, juntamente ao espectador, o caçador das narrativas.

A imagem através do pinhole é quase a captura de um não instante, pois não congela o movimento: não há movimento capturável pelo buraco da agulha, a velocidade necessária é lenta e movimentos são impossíveis.

Monica Mansur é artista visual, nascida no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Graduada pela FAU/UFRJ em 1980, frequentou a EAV/Parque Lage por alguns anos, onde iniciou sua carreira como gravadora com o desaparecido mestre José Lima, em cujo ateliê passou a trabalhar desde final do ano de 1989 – ano em que começou a expor coletiva e individualmente – até o ano de 1992. Cursou a Pós-Graduação em História da Arte e Arquitetura no Brasil na PUC-Rio e obteve o título de Mestre pelo PPGAV/EBA/UFRJ, tese defendida em 2000. Organizou e coordenou vários coletivos e grupos de artistas, como Dialeto (com a artista Lia do Rio), Coletivo Buraco de Fotografia, Espaço Figura e Atelier Rio Comprido (ambos espaços para cursos, bate-papos e exposições). Fundou a Binóculo Produção e Editora (2007), associando-se em 2009 à artista Claudia Tavares. Editou e publicou inúmeros livros - textos teóricos e projetos de arte - inclusive livros de artista. Iniciou sua pesquisa fotográfica utilizando câmeras estenopeicas em 2007 e também pratica outros procedimentos fotográficos alternativos. Sua obra é citada em artigos, pesquisas internacionais e publicações brasileiras, exposta em mostras nacionais e internacionais, faz parte de coleções públicas e privadas.

Posted by Patricia Canetti at 12:36 PM