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abril 6, 2018
Maya Weishof na Zipper, São Paulo
Pensar o corpo como uma possível medida do mundo é uma das questões que permeiam a primeira individual de Maya Weishof em São Paulo, em cartaz a partir de 10 de abril no projeto Zip’Up. Após desenvolver uma série anterior utilizando mapas, em que discutia temas como a cartografia e território, a artista curitibana volta-se desta vez para os limites e deslocamentos do corpo, retratando-o por meio de seus fragmentos e extremidades.
Estruturas que se multiplicam e compartilham o mesmo espaço ou membros em dimensões protuberantes surgem em formas diluídas no conjunto de pinturas sobre módulos tridimensionais e óleos sobre tela. Complementa a mostra Há sempre um corpo que sobra o vídeo “Novo Atlas Escolar Português” (2017). Desenvolvido logo após uma residência em Portugal, o trabalho parte de uma ação quase pictórica, na qual a artista usa um pó de talco para redesenhar as fronteiras dos mapas, caminhando sobre as páginas arrancadas do atlas.
“Há uma vontade de dimensionar o plano que vivo, uma intenção de compreender o espaço inalcançável pelos nossos pés, um pouco refém da dimensão do mundo e da incapacidade de mudança”, afirma a artista.
Com curadoria de Nathalia Lavigne, a mostra fica em cartaz até 12 de maio.
Idealizado em 2011, um ano após a criação da Zipper Galeria, o programa Zip’Up é um projeto experimental voltado para receber novos artistas, nomes emergentes ainda não representados por galerias paulistanas. O objetivo é manter a abertura a variadas investigações e abordagens, além de possibilitar a troca de experiência entre artistas, curadores independentes e o público, dando visibilidade a talentos em iminência ou amadurecimento. Em um processo permanente, a Zipper recebe, seleciona, orienta e sedia projetos expositivos, que, ao longo dos últimos seis anos, somam mais de quarenta exposições e cerca de 60 artistas e 20 curadores que ocuparam a sala superior da galeria.
Sobre a artista
Maya Weishof (Curitiba, PR) é graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Paraná - UFPR. Participou do grupo de investigações práticas em pintura, sob orientação de Regina Parra e Rodolpho Parigi; e do Núcleo de Artes Visuais SESI, sob orientação de Ricardo Basbaum. Em 2016, foi selecionada para o programa de residência artística da Zaratan Arte Contemporânea em Lisboa, Portugal. Exposições individuais: “Tente ver o oceano” (Boiler Galeria, Curitiba PR. Curadoria de Ulisses Carrilho, 2016) e “Existe uma medida do mundo” (Acervo Independente, Porto Alegre - RS. Curadoria Isadora Mattiolli, 2017). Principais exposições coletivas: “A Vastidão dos Mapas” (Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, 2017), com curadoria de Agnaldo Farias; “Confluências Poéticas” (SESC Paço da Liberdade, Curitiba, PR).
Sobre a curadora
Nathalia Lavigne (Rio de Janeiro, RJ) é crítica de arte, curadora e pesquisadora. Doutoranda pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), é mestre em Teoria Crítica e Estudos Culturais pela Birkbeck, University of London e graduada em Jornalismo pela PUC-RJ. Escreve para publicações como Artforum, Select, Folha de São Paulo, entre outras. Foi uma das pesquisadoras do projeto “Observatório do Sul”, plataforma de discussões promovida em 2015 pelo Sesc São Paulo, Goethe-Institut e Associação Cultural Videobrasil. Realizou curadorias como "Imagem-Movimento" (Zipper Galeria, 2016), "Apagamento - Renato Castanhari" (Galeria Sancovsky, 2017), entre outras; e o acompanhamento crítico da mostra “Still Brazil”, de Daniel Jablonski (Paço das Artes, 2018).