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março 21, 2018
Camile Sproesser na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Mercedes Viegas apresenta a primeira individual de Camile Sproesser no Brasil, com 20 telas de pintura a óleo
Um mundo alegre e colorido de desenhos infantis, facões, pedaços de corpo, serpentes e outros animais, frases tiradas de algum lugar. Com pinturas em diversas escalas e formatos, a artista paulistana Camile Sproesser realiza sua primeira exposição individual no país, na Mercedes Viegas Arte Contemporânea, de 28 de março a 28 de abril. Sob o título Pantera Serpente e outros amuletos, a exposição apresenta 20 telas de pintura a óleo - e se pinturas são o que há de mais tradicional na arte, na obra de Camile elas são contraditórias, pois parecem não ter compromisso com estruturas pré-concebidas.
A artista ressalta que o título da exposição é "Pantera Serpente e outros amuletos", assim, sem vírgula, pois ela pode ser tanto uma entidade quanto uma pantera e uma serpente e outros amuletos.
"O caráter enigmático que a pintura de uma forma geral suscita me interessa muito. Gosto quando meu trabalho esbarra em elementos que nos fazem questionar o que estamos vendo. Levanta dúvidas, não é simples entrar num acordo e sair satisfeito".
As telas geralmente têm escritos, seja das poesias que Camile escreve ou de coisas que leu ou ouviu em algum lugar. Ela diz que suas pinturas parecem ser infantis, alegres, mas que não dá pra ter certeza disso:
"Elas podem ser satíricas e assustadoras ao mesmo tempo. Depende de como você olha para elas. Com isso, quero criar uma atmosfera bem humorada, trabalhando o improvável, e confiando em acidentes, criando uma certa desconfiança semiótica".
Para a artista visual Ana Prata, que assina a curadoria da mostra ao lado de Bruno Dunley, a pintura de Camile tem simultaneamente um caráter combativo, porque os trabalhos parecem ser feitos com certa urgência e ansiedade:
"Suas cores são extravagantes, sua tinta massuda é assentada de maneira sensual, uma mancha se encaixando na outra, bem pertinho, numa espécie de carência, dividindo o mesmo espaço de forma amorosa".
Ana diz ainda que o trabalho de Camile é um agregado de significados:
"Vemos manchas abstratas, gordas ou magras, junto de figuras que, muitas vezes, parecem brinquedos, doces, artigos de sex shop, coisas de plástico. Uma pintura meio gulosa, que parece dizer: pode vir que você também cabe nesse retângulo-maravilha".
Camile Sproesser nasceu em São Paulo (1985), onde vive e trabalha. Estudou artes visuais no Centro Universitário de Belas Artes de São Paulo e cursou direção cinematográfica na Academia Internacional de Cinema. Em 2016, participou de uma residência artística no Institut für Alles Mögliche, em Berlim, onde realizou uma exposição individual, e já mostrou trabalhos em exposições coletivas ao lado de artistas como Guto Lacaz, Rodrigo Bueno, Pedro Caetano e Anaísa Franco. Seu principal campo de pesquisa é a pintura a óleo. Seu trabalho se estrutura na criação de relações dinâmicas e improváveis e na diversidade na forma de pintar.