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março 14, 2018

Suzana Queiroga no Paço Imperial, Rio de Janeiro

Exposição ocupará três salas do Paço Imperial, com trabalhos recentes e inéditos da artista, dentre pinturas, esculturas, instalações e vídeos sobre o tempo, o infinito, a paisagem e a cartografia.

No dia 21 de março, será inaugurada a exposição Miradouro, com obras recentes e inéditas da artista plástica Suzana Queiroga, que ocuparão três salas do segundo andar do Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em uma área total de 300 m2. Com curadoria de Raphael Fonseca, serão apresentados cerca de quinze trabalhos em grandes dimensões, dentre pinturas, esculturas, instalações e vídeos, que mostram a pesquisa da artista sobre o tempo, a paisagem e a cartografia. A exposição também terá uma parte documental, com diversos estudos, mapas, pesquisas e o processo de trabalho da artista no ateliê. A mostra comemora os dez anos do projeto “Velofluxo”, em que a pesquisa de Queiroga sobre a cartografia, as cidades, os fluxos e o tempo, culminou com voos no balão Velofluxo, criado pela artista, em que a experiência do voo foi compartilhada com o público no CCBB de Brasília, em 2008. Para este ano, a artista também tem uma exposição programada na Cassia Bomeny Galeria, em Ipanema.

“A exposição traz ao público algo da variedade de mídias com as quais Suzana tem trabalhado. Há trabalhos na linguagem da pintura, área na qual seu trabalho foi inicialmente institucionalizado nos anos 1980 e o qual pesquisa sistematicamente. Há trabalhos realizados na linguagem mais próxima ao desenho e à pesquisa de diferentes materialidades de papel. E há também, por fim, trabalhos em vídeo que exploram a relação entre a documentação da paisagem e sua exploração por meio do desenho e da pintura”, conta o curador Raphael Fonseca.

As obras da exposição se relacionam entre si e o percurso da mostra foi criado de forma a aproximar o público. Logo na entrada, estará uma grande pintura redonda, de 1,5m de diâmetro, em óleo sobre tela, com veios em tons de azul, verde e laranja, que representam os fluxos. Nesta mesma sala, haverá desenhos e sketches, montados sobre a parede, sem moldura, trazendo um pouco da atmosfera do ateliê da artista para o museu.

Adentrando o grande salão principal, que tem área total de 182m2, estarão cinco pinturas em grande formato, que representam paisagens, não só urbana, mas também aérea e marítima. “No meu trabalho, penso a cartografia de forma ampla. Minha pesquisa envolve a cartografia do tempo, do infinito”, afirma. Nesta mesma sala estará a obra “Nuvem”, composta por 24 papéis vegetais, que recebem banhos de pigmentos em tons de cinza, violeta e rosados. “A obra tem uma palheta de nuvem carregada, prestes a chover, quando recebe os últimos raios de sol do dia”, explica a artista, que deu os banhos de pigmento com a intenção de “retirar a rigidez do papel, transformando-o em um campo atmosférico”. Este trabalho, de 2013, é inédito e foi criado como base para os vídeos “Mar”, em que a artista vai folheando esses papéis mesclados com imagens de nuvens, e “Cais”, em que os papéis se misturam com ondas do mar.

Também estará na exposição o vídeo “Atlas” (2015), em que um olho observa o interior de um globo terrestre em constante rotação. “Esse trabalho é uma cartografia mutante, fala do tempo e do fluxo. Em ‘Atlas’, somos observados e ao mesmo tempo observamos a este olho que oprime e inebria, como num voo ou circunavegação infinita às avessas na cartografia terrestre”, conta a artista.

A grande instalação “Topos” (2017), que ocupará o chão da última sala, é composta por diversos recortes em feltro, que representam as cartografias de várias cidades, reais e imaginárias. “O feltro bruto, feito de aparas de refugo de indústria têxtil possui uma massa corpórea espessa que se projeta no espaço e estabelece uma relação direta com a escala humana e arquitetônica. Ao mesmo tempo possui uma carga simbólica: é um tipo de manta utilizada pela indústria mas também pelo indivíduo morador de rua como cobertor, veste e abrigo”, diz a artista, que ressalta que nesta obra estão presentes elementos que atravessam o seu trabalho nos últimos anos: o fluxo, o tempo, o infinito, as cidades e as cartografias.

A exposição também terá uma grande parte documental, com pesquisas e estudos de ateliê. O espectador entrará em contato com os fragmentos deste percurso através de uma montagem pouco ortodoxa e suportes variados, que incluem desenhos, estudos, mapas, entre outros. Uma oportunidade única e rara de adentrar o ateliê da artista e seu processo de trabalho.

Suzana Queiroga (Rio de Janeiro, 1961) atua nas artes plásticas desde a década de 1980 e suas poéticas atravessam a ideia de fluxo e tempo. Traz à tona questões da expansão da pintura e do plano dialogando com diversos meios, entre os quais instalações, performances, infláveis, audiovisual e escultura. Participou de importantes exposições, no Brasil e no exterior, como “ÁguaAr”, no Centro para Assuntos de Arte e Arquitetura, em Guimarães, Portugal (2015), onde também foi artista residente e a individual “Prelúdio”, na Galeria Siniscalco, em Nápolis (2014); realizou uma individual para o Projeto Ver e Sentir do Museu Nacional de Belas Artes (2017). Acumulou cerca de 12 prêmios como o Prêmio de Aquisição na XVIII Bienal de Cerveira, em Portugal (2015); 5º Prêmio Marcantônio Vilaça/Funarte para aquisição de acervos (2012), pelo qual apresentou a individual “Olhos d’Água no Museu Nacional de Arte Contemporânea de Niterói no ano seguinte; o I Prêmio Nacional de Projéteis de Arte Contemporânea/Funarte (2005) e a bolsa RIOARTE (1999). Foi também finalista do 6º Prêmio Marcantônio Vilaça para as Artes Plásticas, cuja coletiva aconteceu no Museu Brasileiro da Escultura e da Ecologia (2017). Foi artista residente na Akademia der Bildenden der Künste Wien, na Áustria (2012), no Instituto Hilda Hilst, em São Paulo (2012), na IV Bienal del Fin del Mundo, na Argentina (2014), entre outros.

Posted by Patricia Canetti at 6:28 PM