|
março 9, 2018
Claudio Tozzi na Caixa Cultural, São Paulo
Exposição traz uma retrospectiva da obra gráfica de Claudio Tozzi
Claudio Tozzi volta a fazer uma exposição individual em São Paulo. A exposição, Emblema da Cultura Brasileira – Retrospectiva da Obra Gráfica, com uma visão panorâmica da obra gráfica do artista nos últimos 50 anos, acontece na CAIXA Cultural São Paulo, com abertura em 13 de Março, terça-feira, às 19 horas, e visitação até 20 de Maio.
Com curadoria de Manuel Neves, a mostra reúne 93 obras produzidas entre 1968 e 2018 – é a mais completa exposição já realizada sobre a produção gráfica de Claudio Tozzi. Nela pode-se perceber que o artista apresenta soluções técnicas coerentes com cada fase de sua produção pictórica, com utilização de variados processos de reprodução gráfica: serigrafia, xerox, litografia, gravura em metal, zinc offset e digitografia.
Existe na produção de Tozzi uma absoluta coerência de linguagem entre sua pintura e o meio de reprodução utilizado em cada fase. Assim, as cores chapadas dos astronautas e multidões da década de 60 são reproduzidas pelo processo de serigrafia. Os parafusos, mais simbólicos e contidos, exigem técnica mais intimista, a gravura em metal.
A produção mais recente de Tozzi exige técnicas e superposições de retículas gráficas, que permitem ao espectador uma percepção mais ampla da forma e da cor através da somatória ótica de retículas com variações de seus matizes.
As imagens reunidas na exposição englobam toda a produção de Claudio Tozzi, em suas diversas fases: multidões, bandido da luz vermelha, astronautas, parafusos, cor pigmento luz, recortes e territórios – esta última, a fase mais recente.
Emblema da Cultura Brasileira é resultado de uma pesquisa do curador e historiador Manuel Neves, realizada na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, trabalho que investigou a produção da arte brasileira na segunda metade da década de 1960, na qual a obra de Claudio Tozzi ocupa destacado lugar.
A pesquisa tem o título "Image Pop: Pop art presence et négation dans l’art brésilien des années soixante". Em idioma francês, foi editada na Europa pela Éditions Universitaires Européennes, Sarrebruck. Não está ainda publicada no Brasil.
Sobre o artista
Nascido em 1944, o paulistano Claudio Tozzi estudou no Colégio de Aplicação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (1956 a 1962) e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (1964 a 1969), onde trabalha como professor.
Iniciou seu percurso de artista no começo da década de 60, através da apropriação de objetos, imagens de jornais, história em quadrinhos e fotografias associadas a conotações simbólicas de conteúdo social. Em 1967, seu painel Guevara, Vivo ou morto…, exposto no Salão Nacional de Arte Contemporânea, é destruído a machadadas por um grupo radical de extrema direita, sendo posteriormente restaurado pelo artista. Tozzi viaja a estudos para a Europa em 1969. A partir dessa data, seus trabalhos revelam uma maior preocupação com a elaboração formal.
Na década dos 70 cria em sua pintura uma sintaxe através da construção de uma trama de retículas e granulações cromáticas, que resultam em estruturas e espaços de intensos significados simbólicos. É um processo mais cerebral e perceptivo, que emocional e expressivo, do qual a essência é o conceito, a estrutura e a construção do espaço da pintura.
A partir da década de 80, até as obras mais recentes, intensifica sua preocupação formal e passa a trabalhar com elementos estruturais básicos: linhas, planos, cores, formas orgânicas, matérias; que criam analogias formais com imagens preexistentes e ampliam seu caráter construtivo.
Em seu processo metódico e objetivo, Claudio Tozzi utiliza ícones visuais – parafusos, escadas, fragmentos de objetos, símbolos tropicais, espaços urbanos etc. – e os desconstrói, captando seus aspectos essenciais, revelando-se, desta forma, artista de elevado rigor formal, cuja obra transita por vertentes construtivas e conceituais.