|
março 6, 2018
Jaildo Marinho na Multiarte, Fortaleza
A Galeria Multiarte apresenta a exposição Jaildo Marinho – Origens, a partir do próximo dia 7 de março, com curadoria de Max Perlingeiro, que reúne 24 obras, entre instalações, esculturas e pinturas do artista pernambucano nascido em 1970 e radicado há 24 anos em Paris. A exposição será acompanhada de um catálogo bilíngue – português-francês – com textos do galerista e curador da mostra, Max Perlingeiro, editado pela Pinakotheke Cultural.
A exposição revela o resgate, de forma poética, do artista em relação às suas origens nordestinas. O trabalho manual das rendeiras e labirinteiras - tema central cearense, que foi abordado nos anos 1930-1940 por Raimundo Cela – estão presentes nesta mostra de Jaildo Marinho. Duas grandes instalações em mármore e madeira representam os bilros, instrumentos de trabalho destas artistas anônimas. Complementam a exposição esculturas e pinturas com a temática “vazio e equilíbrio”.
Em suas esculturas, Jaildo Marinho utiliza mármore de Carrara com pintura em tinta acrílica, enquanto em suas pinturas usa madeira e tinta acrílica. Max Perlingeiro explica que, na infância, o pernambucano Jaildo Marinho descobriu que o mundo não era feito apenas de espessuras; nele estava o sulco, a fenda, a abertura, o rasgão. A terra se abre à passagem das chuvas. As proas dos navios abrem fendas nas águas. “Para Jaildo, o vazio existe como uma imposição do espaço. O que não está também está entre nós. O inexistente e o inabitável fazem parte da razão e da contabilidade do mundo”, explica Max.
Esses sulcos abertos na paisagem foram uma das obsessões de Rimbaud. “À direita a aurora de verão acorda as folhas e os vapores e os rumores deste recanto do parque, e os declives da esquerda abrigam em sua sombra violeta os mil rápidos sulcos da estrada úmida”, observa o poeta em “Sulcos”. E, no poema “Marinha”, alude “aos sulcos imensos das vazantes”.
Max Perlingeiro observa ainda que em “Origens” Jaildo Marinho registra, em sua arte deslumbrantemente exata, esse lugar da passagem entre o vazio e a visibilidade do mundo. “Esta sua exposição é um rimbaudiano desfile de coisas mágicas”, conclui o curador.