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março 6, 2018
Unânime Noite na Iberê Camargo, Porto Alegre
Mostra coletiva inspirada na literatura traz obras de 30 artistas contemporâneos de diversos países. Programação conta ainda com noites de cabaré, saraus literários, performances, seminário e sessões de cinema.
No próximo sábado, 10 de março, a Fundação Iberê Camargo inaugura a exposição Unânime Noite – Volume 3, que traz obras – muitas delas inéditas – de cerca de 30 artistas contemporâneos, referências nas artes visuais locais e mundiais. Inspirada nos jogos surrealistas e na literatura de Jorge Luis Borges e Julio Cortázar, a mostra questiona os limites da linguagem e a autoria, num instigante desafio narrativo.
Uma ampla programação paralela está prevista durante os fins de semana em que a exposição fica em cartaz, até o dia 6 de maio. O Cabaret Unânime Noite será uma experiência noturna pontuada por atrações que envolvem música, performance, cinema e leituras, inspiradas pela carga de excitação e mistério presentes na ficção. Ao longo da noite e das apresentações, o público poderá saborear drinks servidos no átrio e área externa. Além dos Cabarets, a Fundação promoverá uma série de atividades paralelas, como saraus e seminários para discussão de temas da exposição, e o Cine Iberê, com filmes que ampliam as reflexões sobre a proposta da mostra. O Seminário O Império dos Sonhos - Loucura, Fantasia e Surrealismo – que será realizado sempre aos sábados, às 16h – vai promover conversas, leituras e debates em torno da noite, da loucura e do absurdo, com convidados como o artista visual Daniel Jablonski, o curador Leo Felipe, a escritora e jornalista Veronica Stigger, o artista Pablo Uribe, entre outros nomes a confirmar.
No fim de semana de abertura, às 16h do sábado, 10 de março, acontece o primeiro encontro do Seminário, com o artista Daniel Jablonski, que vai abordar o tema O sono, o sonho, Freud e as noções de ócio e produtividade. Jablonski é artista visual, professor e pesquisador independente. Sua produção multifacetada, conjugando teoria e prática, investiga o lugar do sujeito na formação de novas mitologias e discursos do cotidiano. Trabalha tanto no contexto de uma exposição convencional quanto de uma publicação ou de uma palestra.
No domingo, 11, também às 16h, o Cine Iberê traz o filme Mulholland Drive: Cidade dos Sonhos, de David Lynch. A sessão será comentada pelo roteirista, diretor e produtor cinematográfico Gilson Vargas. A exibição integra o programa Noturnal - atividade cinematográfica paralela à exposição Unânime Noite, e tem curadoria de Marta Biavaschi.
Sobre Unânime Noite
A exposição Unânime Noite tem a estrutura de um romance. Ao invés de capítulos, obras de arte compõem uma narrativa de ficção, cujo desdobramento se dá nas experiências vividas ao longo do percurso realizado pelo visitante no espaço expositivo. Partindo de um texto escrito pelo artista lituano Raimundas Malašauskas, o curador Bernardo José de Souza – que cumpre o papel de “narrador” da história – convida outros artistas para dar continuidade à narrativa, criando novas obras (novos capítulos) ou elegendo obras já existentes, que derivem ou se articulem com as anteriores e, assim, sucessivamente. Neste sentido, a estrutura da exposição busca desafiar as noções convencionais de narrativa: existe uma ordem de “leitura” proposta pelo autor, mas que pode e deve ser subvertida a qualquer tempo por iniciativa do leitor/visitante.
O nome da exposição surgiu da primeira sentença de um conto de Borges, As Ruínas Circulares. A influência dos romances policiais e da ficção científica e o gosto por narrativas não lineares também está presente na Mostra. “Mediante o constante instar do passado e do futuro a partir do presente – uma das marcas da contemporaneidade -, esta exposição pretende articular obras e artistas de tempos e estaturas diversas”, afirma o curador. Dessa forma, Unânime Noite é uma exposição em constante transformação, cujos Volume 1 e Volume 2 aconteceram na Bolsa de Arte (São Paulo, 2015) e no Centro de Arte Contemporânea de Vilnius (Lituânia, 2016), respectivamente, com outras obras e outros artistas. “É um projeto on going, sem data para acabar. É uma exposição que muda sua forma através do espaço e do tempo; que existe física e mentalmente. É uma exposição em busca de um autor”, explica Bernardo.