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fevereiro 25, 2018
Processos Abertos na Mamute, Porto Alegre
A Galeria de Arte Mamute convida para a abertura da exposição de seus artistas representados, Processos Abertos. A mostra concebida como exposição-ação traz uma série de ações, que serão realizadas pelos artistas, durante o período da mostra, para proporcionar ao público uma conexão mais próxima com seus processos criativos. O grupo que integra a exposição é formado por 21 artistas que atuam nas mais diversas linguagens e constroem sua poética a partir de pesquisas individuais centradas no desenho, pintura, fotografia, vídeo, instalação, objeto entre outros meios interligados com outras áreas do conhecimento.
Relações com a natureza, ciência, geografia e tecnologias mais contemporâneas permeiam as produções dos artistas Sandra Rey, Dione Veiga Vieira, Marília Bianchini, Hugo Fortes, Antônio Augusto Bueno e Claudia Hamerski. Nas produções de Sandra Rey, Dione Veiga Vieira e Hugo Fortes a fotografia conecta-se com a natureza e seus processos possibilitam a aproximação com o vínculo pessoal e poético que cada um estabelece com a mesma. Processos orgânicos e manuais constituem a matéria movente da qual se utilizam Claudia Hamerski, Marília Bianchini e Antônio Augusto. O suporte, o traço, o tempo e presença em ateliê, assim como os processos anteriores de observação e coleta acompanham seus percursos.
Bruno Borne procura discutir questões relativas ao espaço e à virtualidade utilizando a computação gráfica para propor a criação de ambientes virtuais através da articulação entre arquitetura, registro fotográfico e as especificidades do local.
A série Randon City da artista Letícia Lampert nos permite pensar na ideia do mundo e do artista globalizado, nas suas imagens fotográficas, com uma imensa e contínua cidade construída pela justaposição de diferentes destinos percorridos. Nas questões que concernem à pintura os cruzamentos entre técnica, apropriação, experimentação do material e do mundo estão presentes nos trabalhos de Goia Mujalli, David Magila, Frantz, Claudia Barbisan, Pablo Ferretti e Clóvis Martins Costa. Goia Mujalli utiliza o processo de lavagem da pintura para a adição e subtração de tinta a cada camada, David Magila coleta na cidade o assunto que mostrará em sua vibrante pintura, resgatando do anonimato objetos, locais e ruínas. Nas pinturas carregas de gestualidade e força de Claudia Barbisan sentimos a vibração da cor mais que podemos explicá-la. Tons mais sóbrios são utilizados por Pablo Ferretti e Clóvis Martins Costa. Ferretti utiliza camadas diluídas de tinta a óleo em contraponto ao uso mais tradicional do material. Por sua vez Clóvis inicia sua tela com a fotografia que permanecerá no histórico da imagem, coleta camadas da natureza e a estas sobrepõe a tinta. Frantz leva a pintura ao extremo ao utilizar a própria tinta como pintura. Suas telas trazem o resíduo e as marcas de processos de outros artistas e experimentadores e sugerem uma atmosfera de ação e movimento ora frenética ora serena.
O equilíbrio entre opostos é um dos fios condutores da produção do duo Ìo e o que mantém suas obras em tensão. Tanto nas obras da Ìo como nas proposições do artista Sandro Ka existe a presença do jogo ora de modo lúdico, ora com um sentido mais antagônico.
De modos distintos, Patrícia Francisco e Emanuel Monteiro têm sua poética voltada para questões de memória, através das diversas camadas que constituem a pintura, o desenho, a fotografia e o vídeo, além de performance e outros meios. Percorrem caminhos que conectam o fazer artístico e a experimentação na construção de obras atuais carregadas de lembranças e vestígios. Material muito presente também nas obras da artista Mariza Carpes que produz suas obras a partir da coleta de materiais como madeira, metal, vidro, plásticos e objetos de afeto de outras pessoas adicionando-os as camadas de sua pintura.
Utilizando-se das ações de apropriação e apagamento, Fernanda Gassen produz na série Vulto, uma paisagem manipulada pelo ocultamento da figura humana que a artista subtrai da imagem fotográfica.
A produção do artista Hélio Fervenza é marcada pela noção de apresentação, seja dentro do espaço de exposição, seja através de outras formas. Em suas obras, desenvolve conceitos como vazio/cheio e continente/contido. Inserindo-as no espaço de exibição como uma espécie de pontuação do mesmo, conseguindo com esse balizamento uma fusão entre obra e espaço.
A exposição Processos Abertos permite revelar e identificar os processos criativos e os procedimentos que movimentam os artistas, possibilitando o contato com essa etapa mais íntima da obra de arte, tanto como observadores, quanto pela interação nas propostas que são um convite a ação.