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fevereiro 22, 2018
Carolina Ponte na Zipper, São Paulo
A sobreposição de imagens, referências, suportes e técnicas é o pilar central da nova individual da artista Carolina Ponte na Zipper. Os trabalhos miscigenam colagem e pintura, em papel ou tela, a partir de padronagens e ornamentações emprestadas de diferentes culturas. Daí o título Balangandã, um ornamento afro-brasileiro típico da Bahia – também terra natal da artista – que, preso a outros semelhantes, forma um amuleto complexo, em que os elementos se acumulam e mantém relações mútuas. Com texto crítico assinado por Shannon Botelho, a mostra inaugura no dia 1º de março.
Fortemente ligado às práticas populares, o trabalho de Carolina Ponte combina padronizações para que, juntas, formem algo singular. “A sobreposição de etapas e técnicas são mais evidentes nos novos trabalhos. Nossa miscigenação está impregnada, como os objetos que carregamos no corpo: ornamentos, amuletos, guias e terços”, diz a artista.
O processo que resultou nos novos trabalhos teve início em duas residências artísticas realizadas pela artista durante 2017 na Europa. Algo como o ato de olhar para fora para sedimentar sua própria identidade. Na primeira, na Cité des Arts, em Paris, Carolina pesquisou sobre a arquitetura da capital francesa e a ornamentação da joalheria vitoriana. Na segunda, em Viborg, na Dinamarca, a artista tomou o caminho da xilogravura, tendo produzido as impressões que, de volta ao Brasil, deram origem às colagens acrescidas de pintura.
Além dos trabalhos em papel e tela, a artista mostra também obras em crochê. “Balangadã” fica em cartaz na Zipper até 7 de abril.
Sobre a artista
O trabalho de Carolina Ponte (Salvador, Brasil, 1981) tem como referência principal a integração de práticas populares ornamentais à produção contemporânea. O crochê e o desenho são os principais suportes utilizados pela artista, que explora também a combinação entre distintas padronagens, cores e ritmos em obras com forte inclinação instalativa. A artista vive e trabalha em Petrópolis, Rio de Janeiro. Principais exposições individuais: “Carolina Ponte” MDM Gallery, Paris (2016), “E o silêncio?”, Galeria Enrique Guerrero, Cidade do México (2016), “Dusk to dawn… Threads of infinity”, Anima Gallery, Doha (2014), “Filigranas” Zipper Galeria, São Paulo (2013). Principais exposições coletivas: “Aquilo que nos une”, Caixa Cultural Rio de Janeiro (2016), “Watercolour”, Textile Museum of Canada (2015), “Lugar Comum”, SESC Quitandinha, Petrópolis (2012), “Pontos de Encontro: Pedro Varela e Carolina Ponte”, Espaço Cultural da Caixa, Salvador, Brasil (2011).
Texto crítico: Shannon Botelho
Shannon Botelho é doutorando em História e Crítica da Arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes/UFRJ. Mestre em Artes Visuais, na linha de História e Crítica da Arte, pelo PPGAV - EBA/UFRJ, possui Bacharelado em História da Arte (EBA/UFRJ) e Licenciatura Plena em Artes Visuais (Centro Universitário Metodista Bennett). Pesquisa a Arte Brasileira e suas instituições no século XX, com ênfase na década de 1950. Atua ainda como pesquisador, curador e professor. É Professor efetivo no Departamento de Desenho e Artes Visuais do Colégio Pedro II.